O processo mais importante da
justiça brasileira está chegando ao seu final, e muitas pessoas que achavam que
tudo ia acabar em pizza, já estão de opinião modificada. O processo chama a
atenção, não por ser um processo somente, mas por se tratar de uma história de
impunidade que já havia tomado conta da consciência geral do brasileiro. Ninguém
em são consciência diria que José Dirceu pudesse ser preso em presídio de
segurança máxima, como parece que vai acontecer, depois de ter sido condenado a
10 anos e 10 meses de reclusão, por formação de quadrilha e corrupção passiva. Afirmam
os senhores ministros, que o condenaram, que ele merecia pena mais forte por
conta de ter utilizado o gabinete da ante-sala do presidente da república, para
comprar votos de apoio dos parlamentares às ações de interesse do governo
federal no congresso.
Não vamos tripudiar sobre o
vencido, no caso o José Dirceu, que é dono de uma história importante na política
brasileira, além de ser o grande mentor intelectual da ascensão do PT ao
governo do Brasil, o que resultou em um formato melhor de governabilidade, onde
a transparência é maior e os poderes mais legítimos do que nos tempos dos governos
nomeados. Todo mundo sabia, inclusive o Zé Dirceu, que governar no Brasil
significa ter que transigir, e aturar
Sarney, Collor, Temer, e muitas outras dificuldades. Sabiam que teriam que “pagar
pau” para conseguirem avançar na luta democrática. Sabiam que nas cidades e nos
estados é tudo a mesma coisa, com vereadores e deputados recebendo propinas
para não serem oposição, com raras exceções. Um absurdo a
gente ver que vereadores e deputados que são eleitos para serem independentes, e
praticarem o controle externo do poder executivo, se comprometam tanto com o este
poder em troca de benesses, que vão resultar em novos votos no próximo pleito.
O poder é isso mesmo, mas eles não
contavam com o Joaquim Barbosa, aquele afro-descendente que está se transformando
em um novo marco da moralidade pública brasileira. Precisava mesmo de um negro, pobre, e
inteligente, tal qual aconteceu com o Lula, um nordestino, pobre e inteligente
pra se tentar tirar o Brasil das mãos dos históricos detentores do “podre poder”
que o Caetano registrava anos atrás. A gente sabia que para o Lula governar ele
teria que transigir em pontos importantes, e o risco era inerente ao exercício
do cargo. Não se admirem se o Lula for também sacrificado um dia desses. Ou ele
convivia com a safadeza histórica, ou não governava o país.
A Dilma, parece que não está “pagando
pau” com dinheiro do BMG, mas está loteando o seu governo com nomeações de
ministros desonestos, indicados pelos partidos da base, e os escândalos
ocorrem.
O Zé Dirceu foi preso em 64 por
lutar pela democracia no Brasil e posicionar-se contra o poder. Agora pode
estar sendo de novo preso por ter feito o jogo do próprio poder.
Uma vez foi preso por estar
contra o poder e agora vai preso por estar dentro do poder. Não dá pra aceitar
que o Caetano estava certo? Claro, isso é o que se chama de “podre poder”. A
seguir o rumo que se desenha agora, muitos bandidos e ladrões, porventura
alojados no poder terão o mesmo destino dos réus do “mensalão”, e aqueles que
acham confortável pagar propina para governar, irão pro mesmo caminho, e o
Brasil será uma nação de respeito como já foi tempos atrás.
Se o “mensalão” ocorresse no Japão,
por certo o Zé Dirceu cometeria o suicídio. Tudo por ser parte do “sistema”.
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