domingo, 13 de janeiro de 2013

A HISTÓRIA SE REPETE

Quem vivenciou a política brasileira nos anos que sucederam o final do imperialismo  dolarizado no Brasil, consegue enxergar com clareza a sequência  de sucessos e quedas das forças partidárias que ascendem o poder e em seguida se desmoronam.
A ARENA – Aliança Renovadora Nacional, era o partido gerado nos gabinetes militares para ocupar o poder assim que os militares se enjoassem dele. Dominou por alguns anos até que foi sucedida pelo MDB- Movimento Democrático Brasileiro, em cujas fileiras desfilavam figuras importantes como Montoro, Ulisses, Dom Paulo Evaristo Arns, Covas, Almino Afonso,  Luiza Erundina, Conceição Tavares, Brizola, e muitos mais.  Todos tinham ódio da ditadura, e se organizaram numa grande frente que se chamava MDB.  Esse partido foi o grande detentor da esperança até que conseguiu governar por um tempo e foi dividido em vários, dando origem ao PSDB e PSB. Os mais radicais foram para o PSB, os menos radicais como o Montoro foram para o PSDB, tendo permanecido no PMDB, nova denominação do MDB, figuras como Quercia e Ulisses.
O PSDB foi o que mais cresceu até ocupar, por cerca de oito anos, o poder central do Brasil, tudo em nome da social-democracia e da moralidade pública. Exauriu-se no poder depois de compor com algumas lideranças do nordeste agasalhadas no PFL, Partido da Frente Liberal, liderado por Marco Maciel e Antônio Carlos Magalhães, um grupo de muita influência que dominava o centro do poder.
Claro que se desgastou porque o modelo de governo brasileiro do tal “é dando que se recebe”, desgasta qualquer força que se disponha a “jogar o jogo”.  Esse jogo do mensalão, dos mensalinhos,  onde vereadores e deputados recebem favores e às vezes dinheiro para não fiscalizarem o poder executivo, acaba por desgastar  os detentores do poder que não conseguem agradar a todos por muito tempo.
Caiu o PSDB do mesmo jeito que cai uma fruta madura e se desintegra na queda. Falam que o Serra vai pro PPS do Roberto Freire, partido surrado pela própria indefinição. Era esquerda radical e agora está aliado ao PSDB que é na atual conjuntura, uma espécie de direita travestida.
O poder está com o PT que parece estar firme no propósito de governar por mais alguns anos. São oito do Lula e provavelmente mais oito da Dilma, uma façanha até muito mais generosa do que a que conseguiu o PSDB.
Qual será o futuro do PT nessa era da história política brasileira?
Os petistas acham que poderão governar por mais algumas décadas, e os mais fanáticos até admiram o Hugo Chaves.
Quem olha bem de perto, com olhar menos perfunctório, verá que o PT já não tem a mesma têmpera do seu início e pode estar se aproximando da zona de desgaste quando negocia cargos e postos como se o poder pelo poder fosse suficiente. Está perdendo a essência e nem a estrelinha faz mais parte do cenário petista. Aquela estrelinha vermelha que brilhava na TV naqueles programas maravilhosos ou na lapela dos paletós de todos os seus membros .  Alguns petistas já estão se desgastando defendendo o Genoíno ou o Dirceu o mesmo o João Paulo, figuras que a própria conduta, em outros tempos, lógico era suficiente para estimular respeito e admiração.
Agora, até vereadores do PT já estão recebendo orientação superior para se aproximarem do PSDB ou de quaisquer outras agremiações, antes  excomungadas, se for para manter ou conseguir novos espaços no poder. O poder pelo poder, numa degradação total de tudo o que um dia se chamou de ideal.
Que ideal é esse que troca voto por cargo, por financiamento ou troca prestígios entre  prefeitos e deputados em busca de dominações estratégicas?
Posso falar porque eu sempre elogio  a competência e utilidade do Lula para a história do Brasil com o “fora FMI” , “fora FHC” e “fora militares do poder” e agora bem recentemente com o enfrentamento que a Dilma vem fazendo contra o poderio dos bancos.
Isso a gente elogia, mas não dá pra fechar os olhos para as negociatas de gabinetes bem na frente dos olhos da gente, em toca de postos e cargos, o que nunca passava pela cabeça de qualquer militante de verdade.
Se não se refizer da “overdose” de poder, o PT vai desintegrar-se assim como o MDB, PMDB e PSDB. É só questão de tempo e não de muito tempo.
Claro que ainda existem àqueles petistas que defendem a ética partidária e esses, talvez sejam aqueles que formarão as novas forças politicamente corretas que seguirão defendendo os interesses do povo. Outros poderão até enriquecer seu patrimônio, mas seguirão inexoravelmente  rumo ao ostracismo político.
Não escrevo com ódio porque eu gosto e admiro a história do Partido dos Trabalhadores e gostaria que a sigla fosse preservada para o bem do brasileiro, até porque não há nada de bom, por ora, para substituir o PT se ele perder a confiança do povo.

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