A convivência humana tem os seus caprichos e quem pretender
entender a cabeça das pessoas terá que ser extremamente humilde como os
psicoterapeutas, se colocar na posição de mero observador e ouvir, ouvir e
ouvir.
O ambiente dos debates sobre política é um excelente
observatório pela biodiversidade de fatores que nele atuam em função não se
sabe de que. Uns querem mudanças profundas, outros nem tanto, alguns não querem
mudanças porque assim está bom pra eles, outros são revoltados e alguns se omitem
sem sequer desejar opinar sobre o tema.
Ouvi nestes dias um cidadão que não é brasileiro, é oriundo
de um país vizinho, nada contra a sua nacionalidade não brasileira, com
formação superior e bem empregado. Ao comentar os movimentos sociais que usam
camisas vermelhas, ele desenrolou um discurso extremamente reacionário e
repleto de preconceitos. Dizia que o movimento denominado “Sem Terra”, se trata
de baderneiros, malandros, comunistas que devem ser severamente reprimidos pelo
governo, e cita o nome do ministro da segurança institucional um general do
exército nomeado pelo Temer, como solução para os problemas dos “sem terra”. Desenvolve
um raciocínio do tipo, ofensivo sugerindo que os defensores dos governos populares
deveriam morar no esgoto juntamente com os ratos, uma coisa terrível e quem
ouvia não gostou. Talvez, por ser estrangeiro de alguma cultura diferente da
nossa, não conheça suficientemente a realidade brasileira que é composta de uma
enorme quantidade de gente pobre, de pouquíssimo aceso à cultura e educação, ou
à saúde ou mesmo ao emprego justo. O povo brasileiro não precisa de castigo,
mas de carinho, de afago, de esperança e acima de tudo de solidariedade ou quem
sabe compaixão, e de oportunidade para estudar e aprender alguma profissão.
Eu ouvi e resolvei registrar por escrito, porque as coisas
que se publicam hoje podem mostrar em algum futuro distante como era o Brasil
em 2016, e os sentimentos que compunham esta população que sofre nas mãos de um
domínio historicamente covarde do poder elitista que quer financiar empresários
mesmo sem competência e, se possível, exterminar os pobres.
É verdade que a nossa tentativa de estabelecer governos de
trabalhadores teve problemas, mas, por isso achar que todos os que querem
governos que protejam a pobreza, sejam indignos, é pesar demais a mão.
Essas pessoas que estão falando tantas intempéries são as
mesmas que ajudaram a tirar uma presidente popular por corrupção que ela mesma
não participou, e puseram um presidente que está sendo investigado, e
comprometido com políticos cheios de defeitos sociais.
Ai o contrassenso da elite mal resolvida. Quer colocar os
vermelhos no esgoto junto com os ratos e manterem os ladrões de casaca no
palácio. Durmam com um barulho desses. Eu não consigo.
João Lúcio Teixeira- Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário
IDENTIFIQUE-SE