As fábricas e os equipamentos de produção de modo geral, se
instalavam em galpões que durante o século XX, especialmente por volta de 1970,
eram a cada vez maiores para acomodar mais empregados, nas empresas que
cresciam rapidamente. Era o que chamavam de milagre brasileiro, que fazia do
Brasil um país em desenvolvimento rumo ao primeiro mundo. Essa forma de
desenvolvimento exigia mais vias de acesso e mais meios de transporte, para
facilitar a locomoção dos trabalhadores nos grandes centros, o que foi gradativamente
gerando os constantes congestionamentos e reclamações frequentes em relação aos
desconfortos resultantes da impossibilidade de que todos pudessem se sentir
satisfeitos nos seus anseios. Os custos do transporte também pesam no bolso dos
trabalhadores e dos empregadores. A qualidade de vida foi prejudicada, pelas horas
de duração das viagens entre a residência e o trabalho. A par de tudo isso surgem
as necessidades de os trabalhadores conseguirem melhores rendimentos para compensar
o desconforto. Os sindicatos de trabalhadores foram fortalecidos e o custo da mão
de obra passou a ter peso significativo na produção industrial ou na produção
de serviços. Novos direitos foram concedidos aos trabalhadores, como vale
transporte, vale refeição, e outros, além do risco que foi transferido aos
patrões e à previdência social, de serem responsabilizados pelos danos sofridos
por trabalhadores nos casos de acidentes ocorridos no percurso de casa para o
trabalho. O mundo globalizou-se, as fronteiras comerciais foram praticamente
eliminadas e as relações entre os países ficaram mais abertas, o que provoca
dificuldades aos países que tenham custos mais altos na sua produção de bens
destinados à exportação.
Charles Chaplin previa as dificuldades do processo de produção seriada. |
Há analistas de renome defendendo a ideia de que os grandes
galpões industriais devam ser reduzidos de tamanho, o que vai resultar numa
redução na quantidade de empregos formais, hipótese derivada do uso da
tecnologia dos computadores e da eletrônica. Muitos profissionais que hoje
trabalham em regime de jornada diária em alguma unidade de produção do tipo
tradicional, vai trabalhar em regime de terceirização de mão de obra e quem
sabe ganhar mais do que se tivessem que se deslocar diariamente às grandes
distâncias, onerando o sistema viário das cidades e possivelmente irão ganhar
melhor e gastar menos para trabalhar.
O mundo segue rumo à redução de custos e quem sabe a relação
de trabalho tradicional seja substituída por uma nova relação que será contada
não por horas de trabalho, mas por tarefas realizadas.
As soluções urbanísticas deixam de ser apenas técnicas e
passam a ser acima de tudo humanísticas de forma a considerar o ser humano
tanto pelo lado profissional como pelo seu conteúdo emocional. Essa máquina de fazer
coisas, em que foi transformado o homem, deverá ser revertida em seres emocionais que
além do trabalho possam ter tempo de serem felizes e de fazerem felizes as pessoas que
os cercam. O chefe de família, seja ele homem ou mulher, deixará de ser mero provedor, ou pagador de contas, para ser um membro efetivo do núcleo familiar, e assim estreitar os laços de afetividade.
O novo mundo do trabalho vai remunerar a eficiência, e quem
conseguir resolver as suas tarefas mais rapidamente
poderá utilizar o tempo restante em atividades que lhes possam aprimorar os
conhecimentos ou em atividades que lhes aumentem o prazer de viver.
O atual nível de desemprego pode não ser apenas uma crise, mas um indicador de que o mundo do trabalho está mudando e quem sabe para melhor.
O atual nível de desemprego pode não ser apenas uma crise, mas um indicador de que o mundo do trabalho está mudando e quem sabe para melhor.
João Lúcio Teixeira
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