O valor de uma pessoa depende da cultura do grupo a que
esteja submetida, à sua convivência social ou ao seu nível cultural acumulado ao
longo da vida. Perante os antropófagos, uma pessoa pode valer segundo o seu
peso e a quantidade de carne do seu corpo que poderá sustentar mais ou menos pessoas.
No ambiente circense o anão tem grande valor, fazendo crer que o valor de cada
indivíduo depende da situação vigente no meio em que vive.
Em um ambiente em que as pessoas sejam evoluídas ao ponto de
pensarem nos valores coletivos de suas comunidades, o significado de cada
indivíduo vai decorrer da sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento
social coletivo, de forma que os indivíduos deixam de lado o seu interesse
pessoal e projetam a sua visão em direção ao melhoramento das instituições,
como escolas públicas, saúde pública, cultura pública, segurança e tudo o que seja
realmente de interesse geral em detrimento do individual. Nesta linha de pensamento
o que importa é o todo do conjunto estrutural do grupo social sem distinção de
classe, raça, e credo.
As coletividades são formadas pelo rico, pelo pobre, pelos pós
doutorados, os analfabetos, negros, brancos, baixos, altos, magros e gordos e
assim vai sendo composta a diversidade de indivíduos que perfaz o todo. O valor
de um indivíduo deveria ser considerado segundo a sua capacidade de contribuir
para com o desenvolvimento do todo, de forma a emprestar o seu diploma, o seu
conhecimento, e o seu trabalho não somente em favor da sua evolução pessoal ou
de seus familiares, mas que parte do seu poder de realizar coisas boas fosse
destinado ao que se chama de filantropia, um termo de origem Grega que
significa: “amor à humanidade”. Se cada
indivíduo que se destaca decidisse emprestar parte do seu sucesso ao
desenvolvimento do conjunto social, certamente o mundo seria mais humano,
solidário e acima de tudo menos miserável. Ocorre que alguns “idiotas” (no bom
sentido) acham que quanto mais rico melhor e quanto mais longe da pobreza menos
contaminado estará, assim como há também os que usam da riqueza, do poder ou do
seu conhecimento para humilhar os menos afortunados e submetê-los aos seus
caprichos, como se alguém ajoelhado aos seus pés fosse acentuar a sua pretensa
nobreza. Puro “ego” distorcido por neuroses bem comuns nos tempos atuais.
O valor de uma pessoa se expressa na sua capacidade de melhorar
o mundo em que vive, e é medido acima de tudo pela sua simplicidade que não lhe
proibirá de sentar ao lado de um pobre, de um negro, nordestino, sulista, novo
ou velho, bonito ou feio, e que vai sensibilizar-lhe a alma até que consiga sentir
que as diferenças entre pessoas são a causa de todas as doenças sociais urbanas.
Quanto maior a cidade e mais pessoas acumuladas, maior a problemática da convivência
e maior o índice de violência que apavora as famílias.
Que mundo é esse em que estamos vivendo, se a desordem social
que impera no poder público já atingiu até os presídios onde presos de uma
facção matam e cortam as cabeças dos seus adversários no mundo do crime?
Não estamos conseguindo controlar as populações carcerárias
cuja prisão teria por finalidade a reeducação de pessoas que deveriam estar
submetidas a processos disciplinares de altíssima rigidez, a permitir que os
homens que erraram um dia pudessem ser cidadãos do bem assim que libertados.
Os governantes afirmam não terem condições de resolver a
situação, a força bruta não tem recomendação depois do Carandiru em São Paulo
onde morreram 111 presos durante a invasão do presídio para conter motins.
Diante de tudo isso, cabe perfeitamente a indagação que visa
saber onde estaria a possibilidade do reequilíbrio dessa anarquia social. Quem
deve ser responsável por tudo isso se não for a sociedade como um todo, que
permite que uns tenham bilhões e outros não consigam sequer ter acesso ao
conhecimento que lhe permitiria oportunidade de trabalho digno e salário
suficiente. Estamos produzindo alguns milionários que nem sempre realizam as suas
atividades de maneiras séria e socialmente responsável, obtendo lucros através de
sonegação de tributos, de exploração e mão de obra escrava, da falsificação de
produtos, da participação em concorrências públicas fraudadas, de compra de
voto e de corrupção no poder público, e na outra ponta estamos produzindo
miseráveis do ponto de vista econômico e miseráveis de conhecimento e de
educação. Culpar os pobres e miseráveis pelo desconforto dos ricos virou moda,
e há quem torça para que eles se matem nas cadeias como forma de se livrarem
dos monstros que a própria sociedade gerou com essa maldita mania de proteger o
patrimônio de quem tem contra o desejo de quem não tem e que gostaria de ter. A
luta deixa de ser entre pessoas e passa a ser entre classes sociais. Roubar é
crime, mas se não há proteção e direcionamento correto das crianças, os adultos
serão sempre problemáticos. A questão não é só de investimento de dinheiro
público em setores onde há necessidade, mas de profunda investigação permanente
na aplicação desses recursos para que se evitem os desvios e as safadezas de
agentes públicos políticos ou não, que fazem qualquer orçamento ser insuficiente.
Depois de muito meditar eu pensei de forma radical que nem os
ricos pensam quando desejam pena de morte para criminosos comuns e conclui que
o ideal seria se instituir pena de morte para certos criminosos e pena de morte
para certos políticos e agentes públicos desonestos, porque a bandidagem que
está rebelada nos presídios é a mesma bandidagem que está confortavelmente
instalada nos palácios. O resto da população, aliás a sua maioria é apenas vítima
de ambas as facções.
João LúcioTeixeira
MTb 83.284
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