LITERATURA
Paulicéia Desvairada

Primeira obra de vanguarda no modernismo brasileiro, o livro de Mário de Andrade canta a urbanização de São Paulo
01/08/2008 16:31TextoDaniel Schneider e Thiago Minani
Foto: Benedito junqueira Duarte
Mario de Andrade, autor da primeira obra verdadeiramente modernista no Brasil
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O início do século 20 foi de transformações aceleradas na cidade de São Paulo. O começo da industrialização impulsionou a mudança da paisagem urbana e a explosão demográfica. Nesse contexto surge a coletânea de poemas Paulicéia Desvairada (1922), de Mário de Andrade (1893-1945), a primeira obra verdadeiramente de vanguarda do Modernismo brasileiro. Ode ao Burguês, que se tornou o poema mais famoso do livro, foi lido durante a Semana de Arte Moderna de 22 - para o espanto da platéia, alvo evidente dos versos: “Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,/ o burguês-burguês!/ A digestão bem-feita de São Paulo!/ O homem-curva! O homem-nádegas!/ O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,/ é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!".
Enquanto Manuel Bandeira, Menotti del Picchia e outros ainda guardavam fortes ligações com as escolas precedentes, o autor de Macunaíma optou pelo rompimento integral. Tal marca já fica caracterizada no famigerado Prefácio Interessantíssimo, em que, num tom entre o jocoso e o sarcástico, estão listados alguns dos parâmetros sobre os quais a obra se ergue: “(...)
Bilac representa uma fase destrutiva da poesia; porque toda perfeição em arte significa destruição. Imagino o seu susto, leitor, lendo isto. Não tenho tempo para explicar: estude, se quiser (...)".
Um comentário:
Viver - Luiz Fernando Veríssimo
"Acho a maior graça.
Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz
mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é
nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...
Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.
Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.
Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco
anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de
idéias.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder
toda a fé no ser humano.
E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão
está pegando fogo, faz muito bem; você exercita o autocontrole e ainda
acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é
prejudicial à saúde. E passar o resto do dia sem coragem para pedir
desculpas, pior ainda.
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela
que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter
ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser
espetacular, uau!
Cinema é melhor para saúde do que pipoca. Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia. Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que nada"
(Luís Fernando Veríssimo)
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