sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

ENTÃO FICA O DITO PELO NÃO DITO

Eleição para a presidência da Câmara não é coisa para mané. Foi o tempo em que se votava no colega por achar que ele melhor conduziria os destinos da Casa de Leis, que era o mais bem preparado, competente.

Hoje as regras são outras.

O que funciona são "conversas" de bastidores, onde um promete ao outro, para ser eleito, o que não pode e o que não pode e o que não é dele (é do povo), além de, jurando em cruz, prometer criar mais cargos para garantir dinheiro a amigos, parentes e cabos eleitores (dinheiro, porque sequer os protegidos aparecem para trabalhar), e sei lá mais o quê aos seus fiéis eleitores-colegas.

Além, é claro, de prometer contratar certos fonecedores que superfaturam nos preços para garantir a festança com o dinheiro público. Os comentários são de que até corre dinheiro nessa lambança toda em busca do voto, coisa que não se provará nunca, já que não se emite recibo.

A pressão sobre o vereador votante são muitas e surgem de lugares diferentes, inclusive de outro poder. A sedução também, sob as mais variadas formas. Todos os argumentos de convencimento, publicáveis ou não, dizíveis ou não por pessoas que tiveram berço, são utilizados. É por isso que a política tem sido o que é.

Quanto às pressões, muitos agüentam firme, sofrem ameaças, perseguições, mas no "fim de tudo", fica tudo no dito pelo não dito e a paz volta a reinar no jardim florido das inocentes margaridas, num entendimento fraternal de dar inveja, unindo-se novamente "os de cá cos de lá" para novas e futuras investidas no seu “sagrado” mister de defender os interesses do nosso pobre povo, idiota, votante e faminto. Ai! dos cofres públicos!

A política é isso mesmo, ou é assim mesmo. É assim que nós, mortais miseráveis, financiadores de toda a badernalha, nos conformamos e, acovardados, recolhemo-nos na nossa insignificância de embrulhar o estômago.

Só que desta vez parece que não foi assim. Como resultado da votação de presidente de Câmara em Ubatuba parece - porque ainda não foi confirmado - que houve vereadores que chegaram a ser afastados, mas retornaram a seus cargos em seguida por determinação judicial. Dizem que o pano de fundo foi a eleição da Mesa.

Em Ilhabela, o vereador Timbada não agüentou a pressão por conta da eleição da Mesa e acabou sofrendo um infarto e foi preciso ser transferido para São José dos Campos. Em São Sebastião, a vereadora Solange Ramos, que não tem papas na língua (nem bispos, menos ainda coroinhas) acabou também com um princípio de infarto.

Ela, que sempre peitou tudo e a todos, sempre bem disposta, sucumbiu...

Tudo isso ocorre em razão daquilo que se passa nos bastidores, a título de pressão ou de convencimento, que ninguém tem coragem de declarar em público. Chamam "forças ocultas" o que qualquer idiota do povo sabe bem o que é, o que significa e principalmente o quanto custa para ganhar.

Sabe-o até mesmo aquele mísero catador de papelão, que nunca sentou num banco escolar, que perambula por nossas vias públicas em busca do pão. 

Em suma, todo mundo sabe o que ninguém sabe.

Ass.- Dô Esmeril

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