Fabiana Uchinaka
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Recentes casos de atropelamentos de ciclistas, como o dos integrantes do Massa Crítica, em Porto Alegre, o do jovem que teria sido morto e abandonado por um deputado no Paraná, e o das ciclistas de São José dos Campos (SP) que foram atingidas por um carro em alta velocidade, chamam a atenção para problemas cada vez mais comuns nas grandes cidades brasileiras: violência, imprudência e descontrole emocional no trânsito. Acessos de raiva quase tão intensos como aquele ficou famoso no filme Um Dia de Fúria, estrelado por Michael Douglas, saíram das telas do cinema e foram parar nas ruas das capitais.
Falta de transporte público adequado, ruas que não comportam o número de carros, pessoas cada vez mais sobrecarregadas com compromissos e maior necessidade de deslocamento, pressão social por velocidade... Os fatores que levam a quadros críticos de ansiedade, estresse, frustração, agressividade em motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres são muitos e, na maioria das vezes, atuam em conjunto. Segundo os especialistas ouvidos pelo UOL Notícias, o trânsito nas grandes cidades piorou muito nas últimas décadas e tornou-se ainda mais urgente aprender a lidar com ele, dentro e fora do carro.
O primeiro passo, ressalta o especialista em segurança no trânsito Eduardo Biavatti, autor do livro Rota de Colisão, é entender que o espaço é público, ou seja, é de todos. Quando alguém perde completamente o controle emocional ao volante ou sai em disparada atravessando a pé uma avenida, confrontando os carros e ônibus, esse ato é o ápice de muitas causas. A disputa por cada metro pode desencadear o ódio de condutores e pedestres, mas isso se dá, por outro lado, porque nenhum deles foi capaz de compreender que o espaço não lhes pertence. Acredito que seria um avanço disseminar essa noção básica de cidadania: o carro é seu, mas o espaço é de todos, diz.
DICAS DOS ESPECIALISTAS
* Respeitar o espaço dos outros
* Respeitar as regras de trânsito
* Diminuir a impunidade
* Educar sobre o trânsito
* Adotar técnicas de meditação e relaxamento para combater o estresse e a ansiedade
* Acionar a racionalidade
Além disso, defende ele, o brasileiro é um sabotador de regras e isso tem grande reflexo no trânsito das cidades. Fazemos isso de modo tão generalizado e tão intencional que o Estado torna-se absolutamente incapaz de punir.
O psicólogo Luís Riogi Miura, que há mais de duas décadas lida com políticas de trânsito, concorda. Segundo ele, quanto mais permissiva é a sociedade e quanto maior o sentimento de impunidade, mais graves serão as reações. Nós temos uma grande quantidade de infrações, acidentes e crimes porque nossas regras, apesar de serem boas, são falhas e as pessoas abusam, principalmente aqueles que se acham mais fortes. Na guerra entre motoristas, ciclistas e pedestres, o mais fraco e vulnerável é sempre a vítima. E o que muda essa lei do mais forte é a civilidade, e respeito às regras, explica.
Miura, que foi responsável por implantar com sucesso campanhas educativas em Brasília (DF), Maringá (PR) e Boa Vista (RR), como a do respeito à faixa de pedestres e ao uso do cinto de segurança, acredita que educar o motorista para respeitar o mais fraco é uma solução, mas de muito longo prazo. Quem sabe com mensagens educativas nossos netos já comecem a mudar alguma coisa. Mas acho que a educação não corrige uma falha que vem dos pais. Isso só os agentes públicos com punições personalizadas, defende. "A educação poderia levar a maioria dos cidadãos a aderir às regras voluntariamente, mas ela pode muito, mas não pode tudo", completa Biavatti.
Sem duvida nada apontado aqui ira ajudar de fato. Enquanto manter este aumento de frota de carros com a construções desfreada de prédios em ruas que eram só residência de casas e assim criando um aumento de moradores desfreada. O caos será inevitável e recebido com fervor pelas grandes construtoras que serão contratadas para criar soluções .
Nenhum comentário:
Postar um comentário