Vamos tentar e quem sabe poderemos pelo menos entender o mecanismo que move a filosofia do lixo urbano.
São três pontos a serem observados. De um lado o cidadão que paga impostos e vê seu dinheiro sendo gasto com transporte de lixo em valores fabulosos, além dos danos ao meio ambiente. Do outro lado está o município que contrata empresas particulares a peso de ouro para coletar e transportar os resíduos para outras cidades onde haja aterro sanitário. Na outra ponta está o cidadão que produz o lixo e paga impostos para a cidade pagar o transporte do lixo. São três os agentes envolvidos e cada qual com funções específicas, destacando-se que o cidadão não tem condições de estabelecer coleta seletiva porque individualmente ele não tem a força de ver seu lixo direcionado para os locais adequados, incluindo os centros de reciclagem que não há. A empresa coletora quer que fique como está porque quanto mais toneladas de lixo ela coletar e transportar maiores serão os seus lucros. Pode-se afirmar com segurança absoluta que o município é que teria o poder de modificar as condições dessa relação entre os agentes da produção, coleta e destinação dos resíduos. Por que será que as coisas não acontecem como deveria acontecer?
Dizem à boca-pequena que a relação entre as empresas coletoras de lixo e o poder público das cidades não é em muitos casos, uma relação séria porque essas empresas investem muito alto em contribuições de campanhas eleitorais em troca da permanência das coisas como elas estão e isso implica dizer que, sem generalizar e nem particularizar, trata-se de relação promíscua de negócios altamente rentáveis, sem contar que em alguns municípios essas empresas pagam mensalidades a políticos inescrupulosos para não serem sequer fiscalizadas nas quantidades de lixo realmente coletadas. Há quem diga ter ouvido dizer que em certas cidades as empresas coletoras chegam a contabilizar toneladas a maior e com isso recebem valores relativos a serviços não prestados. Assim é também no transporte coletivo que não sendo fiscalizado na quantidade de passageiros transportados acabam sonegando fábulas e “contribuindo” com os cofres sujos do agentes públicos sem escrúpulos que ganham salários públicos para gerirem os interesses do povo, mas acabam recebendo, “por fora” valores muito mais significativos.
Caraguá começa a fazer a coleta seletiva dando a impressão de que estaria disposta a intervir no processo de limpeza pública o que em termos é importante. Segundo informações surgidas de dentro da administração pública em Caraguá, a implantação da coleta seletiva está acontecendo porque uma significativa parte da população que estava acostumada a colaborar com a cooperativa dos catadores desativada nos últimos tempos, estava pressionando a prefeitura para que voltasse a estabelecer a coleta seletiva nesses pontos já acostumados. Foi pressão de parte da população.
Daí pode-se abstrair a certeza de que parte da população já está preparada para selecionar o seu lixo, e o município é que precisa começar a desempenhar com eficácia o seu papel de órgão gestor da coisa pública e abrir o tema para audiências públicas, que envolva a câmara de vereadores, as sociedades amigos de bairro, as associações organizadas, as ONGs e assim transformar o sonho em realidade. Quem sabe começar com projetos localizados em planos pilotos monitorados e com a participação de biólogos, assistentes sociais, e agentes de saúde, população, até que o povo consiga ver seu lixo reduzido em volume e o transporte menos custoso, em favor, não só do custo financeiro, mas acima de tudo do custo ambiental.
Afinal, questões como o lixo, a erradicação das sacolas plásticas, arborização urbana, proteção das encostas e mananciais, defesa das praias e florestas, são pontos que precisam de políticas eficazes para a garantia de que as populações futuras sobrevivam com saúde e conforto. Isso é dever de todos e a iniciativa tem que vir do poder público, que tem dinheiro, quadro de funcionários, prédios, máquinas e equipamentos, e só precisa da vontade política. O nosso comentário não tem o fim de direcionar a nenhuma cidade especificamente porque essa espécie desídia ocorre em quase todo o Brasil.
Um comentário:
Acredito que a população deva ter consciência da importancia de sua participação ativa em manter uma cidade limpa. Cada um deve cuidar do lixo da sua casa, da sua rua, apresentando para a coleta de forma adequada, não simplesmente JOGANDO na rua, concluindo que a responsabilidade seja apenas do orgão publico administrativo.
POVO EDUCADO É POVO LIMPO!
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