QUEM MANDOU FOI O DR. AILTON

Caro Dr. João Lúcio,


Gradativamente você foi conquistando a minha simpatia por estampar em bem produzido blog coisas que nem os próprios procuradores da Prefeitura sabiam. Isso é uma grande proeza. O seu blog, como recorrentemente destacado, é muito bem acessado e desejo mais sucesso ainda. Não obstante, de minha parte já sofri algumas injustas alfinetadas, mas adotei os alfinetes para a minha acunpuntura espiritual. Sei de outros casos, porém, que as alfinetadas resultaram em condenação por danos morais. Logo, é preciso muito bem mensurar as informações.
Não concordo com muita coisa que o respeitável blogueiro diz, seja por inconsistência, seja por tendência ideológica, seja pela fragilidade de algumas matérias. Mas o todo compensa esses pequenos equívocos. Apelidei-o carinhosamente lá na prefeitura como 'oráculo'.
Não obstante o leve e descontraído intróito, segue matéria que não possui nada de descontraido e que eu peço que seja publicada na íntegra. O teor do texto a seguir, com pequenas alterações entre um e outro, permaceram com a mesma essência e já foram encaminhados para todos os Procuradores Jurídicos da Prefeitura, para o Senador Aloysio Alves, para o Deputado Samuel Moreira, para o ex-presidente da república Fernando Henrique Cardoso, para a OAB/CARAGUATATUBA, para a Associação dos Lojistas de Caraguatatuba, e outros tantos mais que ora não lembro.

Obrigado pela atenção e segue o texto:

"Meu caro e eterno Presidente da República FERNANDO HENRIQUE CARDOSO,


Fui perseguido pelo prefeito Antonio Carlos (Caraguatatuba/SP) quando chamou-me em seu gabinete em 19/07/2011 para dizer que perdera sua confiança em mim e por causa disso iria tirar a gratificação que eu tinha como chefe de patrim�?nio da procuradoria do município diminuindo, pois, minha remuneração como procurador de carreira (em tese, perseguição política).
Aventou também mandar-me trabalhar longe do Paço Municipal (trabalho lá há 20 anos - em tese, assédio moral) !
A confiança que ele disse que perdeu foi porque eu "andei dizendo" que não mais votaria nele para prefeito e sobre alguns pontos administrativos de somenos importância sobre os quais não concordei juridicamente.
Sim, é verdade, em ambas as situações. Na primeira, disse e continuo dizendo, que por ora, não voto mais nele, e na segunda situação, eu discordo de algumas posições administrativas, mas a discordância é meramente jurídico/administrativa.
Posso até, quem sabe, rever quanto ao aspecto político, porque afinal, política é arte do convencimento, conforme se aprende lendo o seu extraordinário livro "ARTE DA POLITICA, A HISTORIA QUE VIVI" (CARDOSO, FERNANDO HENRIQUE) Logo, não se surpreendam se no dia de amanhã todos me virem de braços dados novamente com o Antonio Carlos. Também aprendi com o saudoso Ulisses Guimarães que em política devemos pelo menos manter uma porta aberta para o diálogo. De minha parte, a porta está aberta, para todos.
Bem, a chefia de patrim�?nio da procuradoria não é um cargo daqueles tipicamente em comissão, que exigem a estrita confiança do prefeito, pois trata-se de um cargo eminentemente técnico, de rotina administrativa da procuradoria (como se fosse ato interna corporis da procuradoria), que não cuida de políticas públicas, mas somente do patrim�?nio público, ligado, portanto, ao Estado e às suas carreiras típicas, embora eu entenda perfeitamente que, por força da legislação ainda arcaica de nossa querida Caraguatatuba, a nomeação para o cargo de chefe de patrim�?nio ainda é um ato do prefeito (com os efeitos da admissão e exoneração 'ad nutum'), porém, na prática, a nomeação recaí sobre o indicado pelos seus pares.
Não obstante, a questão de fundo que remanesce é a forma como o fato ocorreu, desnudando, data maxima venia, a face de um DÉSPOSTA, o prefeito e não de um democrata!
Aí entra um poema de Maiakovski, evidentemente adaptado ao tema: porque disse eu que não votaria nele, mandou tirar as flores do meu jardim e eu não disse nada; e porque insisti em dizer que não votaria nele, mandou entrar na minha casa e tirar os meus pertences e eu não disse nada; e vendo, pois, que eu nunca reagia mas insistia em não votar nele, mandou-me cortar a língua e aí eu já não poderia dizer mais nada! (Vladimir Maiakovski, transcrito e adaptado ao meu modo para o caso em questão).
Então, como tenho profunda admiração por Vossa Excelência FERNANDO HENRIQUE CARDOSO e porque sei que é um democrata nato, solicito a sua intervenção para repassar esse e-mail a todos os seus amigos.
Solicito também o auxílio para restabelecer o 'status quo' anterior, até mesmo em homenagem aos 20 anos de carreira deste Procurador na Prefeitura de Caraguatatuba.
E, indo mais adiante, indico que a preservação da dignidade deste procurador e de todos os servidores públicos de carreira de Caraguatatuba servirá até mesmo para redimir o prefeito Antonio Carlos da pecha de tirano, porque quando lá atrás (hoje tenho 56 anos de idade) empunhei a bandeira do PSDB foi por causa de maravilhosas pessoas como Vossa Excelência ou como os saudosos e inesquecíveis Mario Covas, Franco Montoro e tantos outros que pregavam (e alguns lamentavelmente morreram nessa caminhada, outros tantos foram torturados como a nossa atual Presidente DILMA ROUSSEF) e mesmo a contribuição inestimável do nosso querido ex-sindicalista e ex-presidente LUIZ IGNÁCIO LULA DA SILVA (também um democrata nato), que a tirania tinha de ser derrubada em nosso País e que o exercício da DEMOCRACIA era e é um direito fundamental do ser humano, em qualquer parte do mundo.
Contando com Vossa Excelência, despeço-me atenciosamente e com profundo apreço.

Ailton de Carvalho Junior
Procurador Jurídico da Prefeitura de Caraguatatuba
OAB/SP 54.467-B"