sexta-feira, 22 de julho de 2011

UMA CONVERSA LACÔNICA

Sou idosa, com quase 70 anos de idade e hoje fui a um órgão público para resolver uma situação particular. Pedi uma senha de idoso para fazer jus ao atendimento preferencial a que temos direito por lei. Deram-me a senha número 6 e na minha frente estavam outros 5 cidadãos, também preferenciais. Sentei-me ao lado de um senhor que trajava bermuda e camiseta bem surradas, e um chinelo de dedos que vestiam uns pés mal cuidados e até meio sujinhos. Não tinha aspecto de pobre, mas parecia pessoa descuidada. Ao lado dele uma senhora de uns 60 e ambos passaram a conversar como se tratasse de gente que se conhece há anos e o assunto era a família. Dizia ele que estava cansado de sua mãe, supostamente bem mais idosa que segundo ele estava muito manhosa, não quer mais andar por preguiça e dá um trabalho danado. Falou que o fisioterapeuta até lhe pedia para não entrar na sala de tratamento de sua mãe porque se entrasse ela não fazia os exercícios. Reclamou que suas duas filhas com mais de 30 anos não gostam de trabalhar, já têm filhos e estão ambas grávidas mas não têm maridos, e ainda exigem que a velha mãe leve seus filhos na escola e vá buscá-los mais tarde. Disse ele que está de saco cheio com essa situação e que vida está uma tristeza. Seguiu esse papo por uns 20 minutos e eu que não tinha nada com isso ouvindo a história de um velho mal sucedido, mau resolvido, provavelmente mau amado e com uma vida absolutamente decepcionante.

A mulher que estava ao lado dele, logo foi chamada para o atendimento e ele ameaçou se virar para o meu lado, mas eu me levantei e fui ao banheiro para depois voltar e sentar em outra cadeira longe daquela infelicidade concentrada.
Ah a última frase que ele disse àquela senhora foi: O mundo está perdido porque a juventude não quer responsabilidades e só vive para explorar os pais.
Pensei em mim e vi que eu estou muito feliz com a minha família que é uma delícia, mas que fora formada e educada com muita eficiência para que todos fossem bons cidadãos, bons profissionais e bons chefes de família que não me preocupam em nada.
Conclusão: cada um constrói a sua felicidade e se não conseguir terá mesmo que suportar com dignidade os dissabores do fracasso. Hoje eu vi um velho fracassado de perto e me senti uma vitoriosa.
Você que está lendo agora pode saber que a sua velhice dependerá somente de você e de mais ninguém.

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, eu acredito que a educação, o respeito e o amor estão acima de tudo e isso faz uma transformação na vida do cidadão. Nós pais e mães de família precisamos nos conscientizar que somos exemplo e o que plantarmos iremos colher certamente.
Um abraço a essa senhora!!!

tatiane disse...

Quem planta Amor,colhe Amor eternamente,quem planta discordia colhe odio,rancor,insatisfação.....

Anônimo disse...

Quem pega senha preferencial fica pouco tempo na fila... sorte ou não caberiam as postagens dos assuntos que ela iria escutar na fila, temos que cuidar da nossa vida que ja esta bom demais