segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DOIS HOMENS E DOIS SUSTOS

Às vezes nos é cobrado pelo universo o dever que cada ser humano tem de cuidar de si, do seu corpo, da sua mente na busca do melhor viver. Um amigo me encontrou na rua e ao ouvir aquela pergunta habitual: “Como vai?” fui colhido de surpresa ao saber que ele teve um infarto gravíssimo a poucos dias, passou algum tempo na UTI e por sorte, saiu bem. O rosto nem parece o de alguém que tenha deixado a UTI a menos de uma semana, mas parece o rosto de alguém muito tranqüilo e feliz. Narrou seu drama e ao final nos fez uma declaração altamente gratificante. Disse que sempre me ouvia no rádio e que eu teria sido responsável por parte de sua saúde ainda que precária, porque um conselho meu lhe servira de motivação para ter a coragem de negociar com os bancos, há algum tempo e se livrar das dívidas. Disse que o detalhe mais importante foi quando eu disse que o banco não era nenhum Deus e, portanto, poderia ser enfrentando sem medo. Foi lá negociou sem aceitar aquelas imposições unilaterais e acabou conseguindo pagar as dívidas. Porém, só agora depois do infarto é que conseguiu aprender mais uma lição, a de que cada pessoa deve cuidar da sua vida e se possível nem falar a respeito de outras pessoas. Aprendeu que a outra parte do seu Stress vem da preocupação com o comportamento das pessoas que o cercam. Ora, cada um que viva do jeito que quiser, e eu vou viver a minha vida ainda que tenha que abrir mão de algumas convivências por importantes que pareçam.
Outro amigo que visitei teve uma crise enorme de próstata e me disse que se achava muito macho até ouvir do médico o seu diagnóstico. Entre o diagnóstico e o resultado do exame foi um pedaço triste de sua vida, e chegou a chorar escondido, principalmente à noite quando perdia o sono. “Descobri que era macho, mas nem tanto”. “Quando veio o resultado da biópsia, e o médico me disse que não era maligno, eu respirei fundo e chorei de novo”. Disse ele que depois desse evento descobriu que a vida e somente a vida significam. O resto é perfumaria. "Se eu tivesse um câncer maligno eu daria tudo o que eu tenho para ser curado".
Se é assim, será que vale a pena as pessoas correrem tanto atrás de riquezas se depois se dispõem a dar tudo pela cura? Pois é, os dois  mostraram que viver é muito mais do que ter.  Por isso é que algumas pessoas entendem que as políticas públicas de saúde deveriam ser as grandes preocupações de qualquer governo, já que garantir a vida humana é garantir a perpetuação da espécie.
Depois da saúde a cultura que permita aos homens o conhecimento capaz de transformar cada ser humano em um pedaço do todo, sem que ninguém seja mais nem menos do que ninguém. Sonhar, nós ainda podemos.

2 comentários:

luiz a camargo disse...

A maior riquesa de um ser humano e o seu legado, e ser lenbrado com carinho, e saudade, e quando seu nome e falado da um aperto no coraçao.

joao.roc disse...

Bela mensagem ! Chama a gente à uma reflexão.
Quebra o rítimo das nuanças da política, predominante no Blog.
Muito Bom!