FELIZ DOIS MIL E 12

NAS ESQUINAS DA VIDA

Um sujeito bacana nos encontrou numa das esquinas da vida e ao ser indagado por que anda sumido, respondeu prontamente que estava trabalhando fora da cidade, mas está de volta. O ar era de decepção com a vida política de Caraguá, que segundo explícito desabafo se disse traído e magoado depois de ter vestido camisa de certo grupo político, em um relacionamento que parecia leal, ter sido descartado de forma grosseira. Disse que tudo o que foi combinado não foi cumprido, e que por isso sua vida financeira e familiar sofreram enormes abalos.

Em princípio disse que política nunca mais, e nunca mais mesmo para não sofrer novas decepções.

Fez questão de me afirmar olhando fundo nos meus olhos que não entendia por que razão eu que não preciso de emprego e nem de dinheiro público estaria me envolvendo em eleições. Dizia delicadamente:  “O senhor vai se envolver com esse povo e vai acabar contaminado por conta do poder desses vírus nojentos que sobrevivem incrustados nas bem urdidas teias do mal. Dr. Todo mundo que se mete nisso quer dinheiro e depois que tem bastante dinheiro quer mais dinheiro e assim a doença só se agrava e não sara nunca. O sujeito vai até o limite das convulsões provocadas por congestões financeiras chegam a tossir nos engasgos do excesso de moedas. São imundos, nojentos, são porcos e quem se meter lá ou vai virar porco ou vai ser assassinado politicamente, porque os piratas do poder querem usurpar tudo e depois que tudo estiver acabado e nada mais sobrar para o povo, fazem como aquela novela que terminou com o principal ator o Francisco Cuouco fugindo de avião e dando uma banana pra todo mundo que votava nele. Escreva isso e saia o quanto antes.”

Ouvi atentamente o desabafo e ao final eu lhe refresquei a memória. “Lembra o que eu te dizia antes das eleições, mas você cego de amores não acreditava?  Pois é. Eu sabia que isso poderia ocorrer como sei que outras decepções virão, mas a gente precisa saber que algumas pessoas dignas passaram e passam pela política e não se contaminam. Vide o Senador Pedro Simon, o falecido Jefferson Peres,  senador pelo amazonas, a Luiza Erundina, a Madalena Fachine, o Dadinho, Ilso Vitório, e por fim o Roberto Commans, esses últimos, vereadores em Caraguatatuba. Todos saíram da vida política ou nela continuam, com seus valores morais preservados. São alguns exemplos que nos fazem aceitar a possibilidade de que as pessoas bem intencionadas precisam reagir e ocupar os espaços que vêm sendo invadidos pela bandidagem oficial que se lambuza nos polpudos orçamentos públicos. Nunca viram tanto dinheiro à sua disposição, e a gente acaba ficando com as migalhas da saúde ineficiente, sem emprego, sem educação, vendo famílias inteiras de descarados aproveitadores levando a grana que irão usar para ganharem mais votos. O único jeito é nós ocuparmos os espaços e afasta-los de lá se não eles acabam convencendo a justiça e a polícia de que os bandidos somos nós.”

Finalizei: “Calma meu amigo, o mundo não acabou só porque você foi traído, mas a sua consciência é que deve estar te castigando por não ter escolhido melhor as suas companhias. Na política tem gente séria. São poucos, mas existem.  Ainda há tempo.  Feliz dois mil e 12.”    
João Lúcio