sábado, 22 de outubro de 2011

VAMOS BRINCAR COM A MATEMÁTICA

Dois mais dois somam quatro, cinco vezes três igual a quinze. Exercício de primeiras séries do ensino fundamental que não é tão fundamental assim.
No mundo da política nada disso tem valor porque existem as margens de erros, que são muitos, e três vezes cinco pode somar uns vinte ou trinta porque em quase todos os cálculos existe o tal do aditamento. Ai, três vezes cinco pode resultar  os mesmos quinze que depois dos aditamentos que quase sempre viram propina e corrupção acabam gerando números diferentes da matemática comum. Foi o caso do poupatempo em Caraguá que só na reforma do prédio que pertence a particulares gastou-se mais de cinco milhões de reais contando com os aditamentos.
Se para reformar o prédio do poupatempo que é do Silva, mas outro Silva e não aquele mesmo Silva já bem conhecido gastou-se tudo isso, imagine o quanto se gastará para construir e equipar um hospital regional começando do zero. Desde as estacas do alicerce até os equipamentos, quantos aditamentos e propinas rolarão para os bolsos sem fundos dos piratas do poder?
A Santa Casa de Caraguá pode perfeitamente ser transformada em um excelente hospital regional com investimentos talvez menores do que  gastou-se para reformar e instalar o poupatempo.
Acontece que a máfia da saúde quer trazer hospital de fora para administrar a saúde aqui e assim favorecer os mesmos grupos que estão faturando com o transporte de pacientes em grande escala daqui para fora do litoral.
Isso mesmo. Antes do advento do AME- Ambulatório Médico de Especialidades, instalado em Caraguá pelo Governo Serra, as cirurgias eletivas, aquelas mais simples que não são de urgência eram realizadas na Santa Casa local. Com o advento do AME, elas são todas encaminhadas para o hospital regional de Taubaté ou outros nosocômios de fora do litoral porque fazem parte da rede terceirizada pelo governo do estado ao Hospital Bandeirante de São Paulo, Capital. Ou seja, houve uma perda enorme de clientes que antes eram atendidos pela Santa Casa e agora vão para fora da cidade, tudo pago pelo mesmo SUS que pagaria aqui.
Agora o prefeito da cidade que é quem administra o SUS está falando em retirar o pronto socorro da Santa Casa e passar todo o serviço para o novo prédio que está sendo construído ao lado da delegacia de polícia. Seria ótimo se o novo serviço fosse complementar o sistema de pronto atendimento na cidade, porque em certos momentos a pronto socorro da Santa Casa não dá conta da demanda de atendimento de urgência por conta da falta de pronto atendimento nos postos de saúde que suprissem a demanda que se faz excessiva por falta de atendimento de rotina, para os casos de dor de barriga, tontura, e afins que acabam indo pra o pronto socorro quando deveriam ser atendidos pelos médicos da rede municipal de saúde  cujos profissionais não cumprem jornada completa e não atendem a não ser por agendamentos antecipados o que não serve às pessoas que sentem algum mal e precisam de atendimento imediato.
A idéia do prefeito de fechar o pronto socorro da Santa Casa e transferir todo o atendimento para o novo prédio é de extrema temeridade porque nos casos, por exemplo, de pacientes acidentados removidos pelo SAMU eles seriam encaminhados para o novo pronto socorro que segundo se comenta deve ser terceirizado para o hospital Bandeirantes, o mesmo do AME e de lá seriam levados para os hospitais da rede fora do litoral. Isso pode trazer um esvaziamento  da Santa Casa local que não sobreviverá somente das migalhas do SUS, dos particulares e convênios.
Para se ter uma idéia, o Stela Maris atende atualmente cerca de 15% de convênios, 3% aproximadamente de particulares e o restante é tudo SUS. Se houver mais um esvaziamento da forma que está sendo planejado, o hospital não conseguirá manter a estrutura atual, com mais de 140 leitos, UTIs e UTI neo-natal, maternidade recém inaugurada.
O diálogo entre a Santa Casa local e o poder público municipal não tem sido levado em bom tom, e as diferenças de entendimentos poderão levar a cidade a exportar quase todos os seus pacientes para hospitais da rede de interesses políticos de fora da região.
Nossas informações são de boa fonte, e a sociedade Caraguatatubense precisa se mobilizar para proteger o único hospital da cidade que está funcionando a sessenta anos e não pode sofrer golpes políticos porque com saúde não se brinca.
Verdade que a Santa Casa tem sido alvo de inúmeras reclamações, mas o melhor que se pode fazer é melhorar o que temos em mãos e  não destruir o que existe e mandar todo mundo pra fora da cidade.
A nova obra que está sendo construída pela prefeitura não tem características de pronto-socorro, mas de UPA2, que é uma Unidade de Pronto Atendimento o que não se confunde com Pronto Socorro.
Assim, o correto é que continue funcionando regularmente o pronto socorro na Santa Casa e que a UPA2 atenda as dores de barriga que nunca deveriam estar sendo encaminhadas para o pronto socorro como ocorre atualmente. Isso talvez não interesse porque as grandes cirurgias normais nos casos de acidentes em estradas, por exemplo, é que são as maiores remunerações do SUS, com uso de UTI e demais equipamentos de maiores complexidades, não poderiam ser direcionadas para as redes politicamente protegidas.
Há na saúde local gente que não vai gostar do que está sendo publicado aqui, mas são pessoas que estão a serviço das estruturas viciadas do desrespeito ao cidadão que na hora da dor não precisa de política, mas de atendimento rápido e de qualidade. Com saúde não se brinca.
Investir na reforma e estruturação da Santa Casa, pode sair muito mais em conta do que construir um hospital que talvez seja projeto para mais adiante, depois de aproveitarmos com eficiência a realidade que já existe. Não dá é pra criar algo novo  destruindo o que já existe.
Só para fechar o argumento, a Santa Casa recebe mensalmente, cerca de 800 mil reais de verbas da prefeitura, cerca de 600 mil do governo federal e 130 mil do governo estadual que é o que menos contribui.
O governo paulista acha melhor ter serviços estaduais de saúde como o AME, do que participar de parcerias com o governo federal talvez por diferenças de ordem puramente políticas. Por isso os hospitais e laboratórios distantes do litoral são utilizados com habitualidade excessiva.
É bom ficarmos de olho vivo, porque vão querer desativar o pronto socorro da Santa Casa em favor da exportação de pacientes.
Se for feito somente o necessário para desafogar o pronto socorro da sobrecarga provocada pelos atendimentos ambulatoriais que deveriam ser feitos na rede municipal, gastaremos menos e o pronto socorro vai atender somente emergências como deveria ser.
Ai, dois mais dois poderão somar quatro.

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