quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

COLABORAÇÃO DE HELOISA HELENA CATANIO - HIPERATIVIDADE INFANTIL


De
:
Eloisa Helena Catanio



A criança precocemente vivaz, que gasta todo o seu repertório de gracinhas a
cada novo adulto que se apresenta a ela, é a mesma de quem se queixam poucos
meses depois de que é "hiperativa". Esse é o diagnóstico psiquiátrico da
criança que não sabe ficar sozinha, não pára de chamar a atenção sobre si
mesma a qualquer custo, chora e se desespera quando não é atendida
prontamente e se mostra incapaz de se concentrar em qualquer pequena
atividade, em casa ou na escola. São crianças acossadas pela demanda, cujo
tempo psíquico foi atropelado pelo excesso de investimento dos adultos à sua
volta.

É notável a ansiedade que se manifesta no excesso de atividade desses
pequenos, expropriados da experiência de vazio temporal que inaugura o
trabalho psíquico, estimula a fantasia e a criatividade e promove tanto a
autoconfiança quanto a confiança no mundo (...)

O uso de medicamentos para conter tanto os excessos de atividades de
crianças pequenas quanto suas crises supostamente depressivas vem crescendo
em proporções alarmantes. Em novembro de 2006, o jornal Folha de São Paulo
reproduziu uma reportagem do The New York Times sob o título: 
Hipermedicação de crianças alarma os EUA", relatando o abuso de medicamentos
psiquiátricos utilizados por pais de crianças supostamente hiperativas ou
depressivas; trata-se de crianças medicadas com "coquetéis de drogas" por
pais desorientados ou mal-orientados por médicos e psiquiatras, sem
atentarem para os efeitos colaterais de tais excessos.

Maria Rita Kehl
O Tempo e o Cão (Prêmio Jabuti 2010 / categoria Livro do Ano de Não-Ficção)

Um comentário:

munícipe preocupado disse...

Hiperatividade não é o mesmo que ansiedade.
Uma criança com hiperatividade precisa de medicamentos, mas esse diagnóstico só poderá ser confirmado por uma equipe multiprofissional e com acompanahmento médico.
A seguir, uma breve descrição da hiperatividade, ou melhor, do TDAH:
Quais são os sintomas de TDAH?
O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas:

1) Desatenção

2) Hiperatividade-impulsividade
O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande freqüência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.
Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
A) Hereditariedade:
Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais freqüente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial).
B) Substâncias ingeridas na gravidez:
álcool e drogas;
C) Sofrimento fetal;
D) Exposição a chumbo;
E) Problemas Familiares:
Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.
Portanto, uma criança inquieta não pode ser taxada de hiperativa, muito menos deve tomar remédios. Em geral, elas apenas refletem uma família desestruturada.