domingo, 4 de dezembro de 2011

PASSEATA DA INCLUSÃO SOCIAL

Ontem à tarde ocorreu no centro de Caraguá uma passeata que incluía pessoas especiais e a finalidade era valorizar a inclusão social. Essa espécie de valorização momentânea da ideia deve-se ao chamado modismo que sempre ocorre quando falta assunto. Pode ser feita uma certa comparação com os movimentos gays e movimentos negros, que têm discursos muito parecidos, mas com conteúdos próprios. É nobre dizer-se a favor das minorias e isso pode levar pessoas a se tornarem famosas por conta de defesas de políticas favoráveis ao que se chamaria de minoria excluída, mesmo que depois de cumprimentá-los se lavem as mãos. Não foi o que fez o Lula, uma das poucas exceções na história do país em que os políticos se elegem pobres e acabam ricos e famosos e até com nojo de pobreza.
Virou mania, nos últimos tempos fazer propaganda das tentativas de inclusão das pessoas especiais nos sistemas tidos como normais como as escolas públicas regulares e há até quem se intitule especialista em defesa dessa vocação. Evidente que a postura de defensor do excepcional, dos animais, do meio ambiente, dos negros, dos gays, e de outras classes sociais ou ambientais gera dividendos políticos  aos que se posicionam ou até se aproveitam dos movimentos às vezes autênticos para se tornarem famosos  para  merecerem votos em eleições.
A discussão que se trava atualmente é se essa afeição pelo menos favorecido não poderia ser uma espécie de especulação de pouco escrúpulo com fins eleitorais, porque a assistência aos excepcionais não precisa ser motivo de festejos e nem de demonstração pública, bastando que as ações sejam praticadas por mera liberalidade e despidas de propagandas que acabam expondo as dificuldades alheias. Melhor seria festejar os resultados ao final.
A indagação que se faz agora é se  a APAE que sempre foi pioneira no trato dessas pessoas não devesse ser o principal organizador dessas atividades e eventos. Na passeata de ontem, tinha prefeito, secretários, caminhão de som alugado, camisetas promocionais, mas não se viu nenhum sinal da APAE ou de outras instituições ligadas ao problema da assistência  aos excepcionais. Estranho, muito estranho. Levando-se em conta que a justiça vem de suspender as eleições da APAE que se realizaria em novembro último, por haver tentativa de intervenção de pessoas da administração pública na instituição, isso é no mínimo estranho.
Enquanto se tapa o sol com a peneira fazendo passeata com excepcionais, a cidade de Caraguá segue sendo detentora de recordes tristes como campeã regional em ocorrências de AIDS, 73ª do país, campeã do Estado de São Paulo em Homicídios e nos últimos meses, a cidade que mais desempregou no Brasil. 
Isso induz a certeza de que investimentos sociais por aqui não são suficientes para salvar da marginalidade social pessoas ditas normais, mas há demonstrações de solidariedade aos deficientes que acabam servido de cortina de fumaça numa sociedade que investe tudo o que ganha em obras de cimento.
Olham pelo turista como se ele é que fosse o cidadão de Caraguá e agora tentam mostrar que há preocupação com o social. Assim, o que fazemos aqui, não é política partidária de situação ou oposição, mas defesa da causa social e do meio ambiente. Para cada centavo investido em obras de concreto deveria haver a obrigatoriedade de se investir um outro tanto nas pessoas, em forma de trabalho, emprego, profissão, e inclusive investimentos na defesa das minorias e do meio ambiente sem demagogia e nem espalhafatos. Instituições como, SENAI (industria), SENAC (Comércio), SENAT (transportes), SESC, SESI, e todas as demais instituições voltadas à defesa das minorias já citadas e especialmente a APAE, deveriam receber estímulos fabulosos na busca da inclusão social não só do deficiente, mas de todas as pessoas inclusive as mais pobres que precisam galgar degraus que nunca serão alcançados se não forem ajudadas que são os chamados deficientes de oportunidade. Cesta básica é muito pouco, porque o que se espera é oportunidade de vida digna. Parabéns ao movimento pela inclusão dos deficientes, mas isso pode ser muito pouco numa cidade de periferia tão excluída como a nossa cuja pobreza é cristalizada pela falta de trabalho e de políticas públicas destinadas aos pobres. Contudo, é um bom começo.

3 comentários:

Deonice disse...

O povo mal informado... afinal a APAE participou ativamente todos os dias com funcionários e alunos no evento!!!Ah... desculpa aí, tem gnt q fala o que não sabe e escreve o que ouviu falar! Q ABSURDO!!!

cris disse...

será??

DRIKA disse...

~Quem falou esse absurdo mentiu pois a APAE participou sim , e não foi só um dia e sim todos , até apresentação de dança fizemos na sexta-feira. Pode ter certeza que a pessoa que falou esse absurdo é bem mau informada. Adriana M. Monteiro