segunda-feira, 23 de abril de 2012

DIFÍCIL É DIVULGAR UM LIVRO NO BRASIL

Escrever livro no Brasil, tem sido tarefa de muita resignação, tendo em vista que o nosso povo foi doutrinado a se ocupar dos programas de TV, que premidos pela necessidade dos anúncios comerciais, e espremidos pela patrulha ideológica dos anos de chumbo, acabou por preferir o Chacrinha, Silvio Santos, Faustão, e companhia, levados ao ar sem conteúdo imaginatório, ou preocupação com a filosofia de conjuntura. Nesses anos todos, ficamos mais burrinhos do que éramos nas décadas de 50 e 60, onde autores como Josué de Castro, autor de "Homens e Caranguejos", ou mesmo José Mauro de Vasconcelos, com "Rosinha Minha Canoa", ou "Meu pé de laranja lima", e ainda mais atrás, Fernando Sabino com o "O grande mentecapto" ,  faziam as pessoas pensar e pensar muito sobre o que é vida melhor. Depois de sessenta, as manifestações culturais ficaram por conta de alguns artistas da música que passaram a publicar nas entrelinhas de suas músicas às vezes de difícil entendimento, algumas idéias sérias que conseguiam burlar a tal da "censura" oficial. A verdade é que o povo perdeu o hábito de ler livros e está menos preparado para o raciocínio coletivo.
Alguns autores brasileiros estão de novo lutando para restabelecer a grandeza do livro de cabeceira, ou do livro de banheiro. 
Recentemente, perguntaram ao Niemeyer, por ocasião dos seus cem anos de idade, porque ele colocara em seu escritório de arquitetura um professor de filosofia para dar aulas aos funcionários. 
Ele respondeu que achava absurdo que o engenheiro só soubesse calcular as obras de concreto e não soubesse pensar sobre o ser humano.  Disse que os projetos poderiam ser mais humanizados se outros valores fossem agregados aos seus colaboradores. Afirmava que o homem não tem que ser somente uma máquina de fazer serviços e receber salários, mas tem que saber imaginar a sua origem e a evolução da sua espécie.
Ao deixar de ser produtivo, no sistema atual de auto-escravidão competitiva,  o que ocorre com a chegada da chamada "melhor idade", o homem se encontra com um acúmulo de experiências e conhecimentos que bem poderiam ser repassados aos mais jovens, ajudá-los a evitar a repetição de erros e queimar etapas inúteis, tornando assim a vida mais eficientemente vivida. Os livros poderiam ser a grande solução, só que os serviços oficiais de comunicação social, o rádio a televisão, por exemplo, competem com o livro em desigualdade de condição. O livro tem que ser comprado, enquanto que  televisão e rádio, basta ligar e sentar em um sofá às vezes surrado e amassado pela bunda viciada, quando não, na cama, onde migalhas de sanduíches e biscoitos repousam em companhia dos mais preguiçosos telespectadores, e dá-lhe filme de efeitos especiais, como Hulk, Rambo e muito mais.  
Eu fiz a minha parte, escrevi dois livros e estou fazendo o terceiro. O primeiro tem um título muito forte, "Não há deus nem diabo", numa edição de mil exemplares que está se esgotando depois de quatro anos.  A venda foi demorada, mas felizmente temos notícias de sabê-lo circulando em vários estados brasileiros e agora deverá ser traduzido para o idioma inglês e poderá circular noutras terras. Não foi sucesso, mas não decepcionou. O segundo, "Há vida após a separação", entrou no pequeno mercado possível nas últimas semanas e parece estar surpreendendo. Recebemos alguns elogios e isso implica dizer que a aceitação pode ser mais fácil do que o primeiro. Este último versa sobre dificuldades nas relações de casamento, baseado em casos verdadeiros de casais que se separaram, e tem a finalidade de ajudar as pessoas a lidarem com o problema.
Contatos foram feitos com algumas editoras e distribuidoras de livros, mas a dificuldade para se encontrar um espaço na rede nacional de distribuição são muitas e as distribuidoras são poucas. 
Ainda que alguém consiga escrever algo muito importante e interessante, as dificuldades para ver a obra circulando serão sempre o maior obstáculo.
As redes sociais poderão ser o grande elemento circulador de idéias e a única esperança do escritor nacional.  
Para o escritor, o importante pode não ser o lucro, mas o reconhecimento do seu trabalho pelo maior número possível de leitores.

    

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