O Ministério Público de São Sebastião investiga denúncias de irregularidades no concurso público da prefeitura, realizado em março. Entre as acusações, a de que candidatos fizeram a prova sabendo com antecedência as questões que caíram no exame.
16 perguntas eram idênticas às de um concurso realizado pela Universidade Federal do Paraná, em 2009. A denúncia é de que alguns candidatos tinham essa informação. A denúncia partiu de uma candidata que não quer se identificar. Ela prestou concurso para o cargo de enfermeira da prefeitura de São Sebastião. No início da prova, estranhou alguns procedimentos adotados pelos fiscais. “Normalmente as provas do concurso vêm em plástico que cortam com canivete. Essa prova veio solta e o lacre não tinha numeração”, contou.
Mas a surpresa veio quando acabou o exame. “Na hora que saí, uma amiga disse que conhecia uma outra que mostrou a prova toda e falou ‘olha, bate, bate com a prova’”, relembrou. Ela disse que encontrou pessoas que conheciam o resultado das questões. Dezesseis questões da prova de São Sebastião são exatamente iguais às de um exame aplicado pela Universidade Federal do Paraná em 2009. Elas estão disponíveis na internet, com as respostas certas assinaladas. A candidata entrou na Justiça pedindo a anulação das perguntas.
Segundo a prefeitura a empresa que aplicou a prova vendeu uma licitação por apresentar o menor preço ara realização do concurso. O edital não exigia que as questões fossem inéditas, por isso teriam sido usadas questões de um banco de dados. “Nesse momento, possibilidade zero de ser anulado o concurso”, explicou Bóris Vaz, procurador da prefeitura.
A empresa SH Dias, de Indaiatuba, é a responsável pelo concurso. A prefeitura informou que não vê irregularidade na semelhança das provas e diz que o vazamento das questões não foi comprovado.
A empresa SH Dias, responsável pela realização do concurso, alegou que os valores cobrados para a inscrição são baixos e que por isso não justificam a elaboração de questões inéditas. Disse ainda que ninguém ingressou com recurso contra o edital, ou seja, todos teriam aceitado as regras do concurso. O Ministério Público de São Sebastião informou que, durante as investigações, não vai comentar o assunto.
FONTE: VNEWS
Um comentário:
João Lúcio,
Temo que o MP não consiga provas conclusivas sobre a fraude neste concurso. Uma coisa é conseguir indícios de fraude (gabarito sem assinar, funcionários em cargo de comissão ou parentes bem colocados, empresa com histórico de atividade ilícitas, etc.), outra é conseguir provas conclusivas.
O caso notório da região, o concurso de Caraguatatuba, foi cancelado principalmente porque chegou até às mãos do MP questões da prova com ANTECEDÊNCIA, o que caracterizou fraude! Este argumento da enfermeira da reportagem prova que a empresa é "malandra", que poderá sofrer processos de plágio de outras empresas que fazem concursos, mas não que houve vazamento de prova ou gabarito. Como disse a representante da empresa, no edital estava claro que as questões não precisavam ser inéditas.
Note bem, em nenhum momento defendo que não houve fraude. Afinal de contas, o processo de contratação da empresa e de atividade das empresas de concurso são tão secretos que pode-se afirmar, sem medo de errar, que 99% dos concursos são fraudulentos. É muito fácil pro governo e pra empresa colocar pra dentro pessoas indicadas, e fazendo bem feito ninguém descobrirá. O fato da assinatura no gabarito, de sair com o caderno de questões, de serem questões inéditas, pouco interferem na fraude. Se quiserem fraudam, sem dificuldade, com todos os recursos de seguranças possíveis.
O MP descobrirá se tiver interesse e se a empresa tiver deixado provas grosseiras... veremos. Mas eu coloco uma outra questão. Se o MP descobrir provas conclusivas, vai fazer uma investigação até o final, ou vai parar pelo meio, como fez em Caraguatatuba? Afinal de contas, se houve fraude, quem foram os beneficiados, os responsáveis, (prefeito, secretário?)...
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