quarta-feira, 22 de maio de 2013

PROFESSORES ESTÃO FUGINDO DAS SALAS DE AULA

O cidadão Luís Alberto Fernandez Garcia, provocou junto ao Ministério Público Estadual de Caraguatatuba, a instauração do Inquérito Civil Público que visa a esclarecer o porquê de tantas contratações de professores temporários através de processo seletivo e não por via de concurso público o que seria obviamente mais adequado.
O Promotor Dr. Fernando Henrique de Freitas Simões instaurou o inquérito que recebeu o número 43.0233.000133/2013-1, e  em seguida solicitou informações à prefeitura por ofício para que informasse o número total de professores, o número de professores afastados e quais as razões dos afastamentos. A resposta foi encaminhada pela Prefeitura e dá conta de que 146 professores efetivos estão afastados das funções para exercerem funções gratificadas. São na realidade, desvios de função que necessitariam de melhor investigação. Outros 93 professores estão afastados das funções pelos seguintes motivos: Afastamento sem remuneração, licença médica, cargo comissionado, readaptação, processo administrativo.
Isso significa que 239 professores estão em situação de desvio de função ou de licença por razões que merecem apuração. Não há no mundo real, nenhuma outra atividade que tenha um índice tão grande de desvios. Cerca de 30% dos professores não conseguem permanecer nas salas de aula e buscam de alguma forma ocupar outras funções sem, contudo, perderem os cargos. O cargo fica preenchido pelo professor ausente, mas o município contrata professores substitutos por tempo determinado para exercerem a atividade que deveria estar sendo desenvolvida pelo titular.
Pior do que isso é o fato, também informado pela secretaria de educação dando conta de que cerca de 50% dos professores contratados como temporários desistem do trabalho antes do fim do contrato, ou seja, abandonam o posto no meio do ano letivo, causando prejuízo ainda maior aos alunos.
Os dados foram fornecidos pela secretaria de educação em ofício encaminhado ao Promotor Público e está disponível no Inquérito acima mencionado que não é segredo de justiça, portanto de livre acesso público.
Analisando tudo isso, o denunciante, solicitou ao promotor público que peça informação detalhada dos nomes e locais onde os professores estão trabalhando se não nas salas de aula. A finalidade é identificar possíveis desvios de função que possam gerar responsabilidades pessoais.
Se tantos professores não conseguem dar aulas, o sistema de ensino estaria necessitando de reformulação de modo a criar condições para que os mestres sejam mestres e consigam desenvolver a sua nobre função de ensinar.
Se o sistema sobrecarrega os professores e gera a impossibilidade de se manterem nas salas de aula, então o sistema precisa ser revisto com urgência porque não pode ser normal achar que um terço dos profissionais estejam simplesmente fingindo-se doentes. Pode ser mesmo possível que eles não suportem o método atual de gestão do ensino. Afinal lugar de professor é nas salas de aula.
Um dos pontos que chamam a atenção é o problema da disciplina nas salas de aula, item reclamado por inúmeros professores que são obrigados a conviver com alunos sem nenhuma vontade de estudar, que atrapalham a classe e ainda ameaçam professores. Este é um dos pontos cruciais dessa evasão dos mestres. Há outros, é claro.
O Promotor Público deverá investigar essas questões porque as verbas da educação são vultosas e o resultado final é muito ruim. Os alunos não aprendem, os professores não conseguem ensinar e agora para completar estão abandonando o posto.
Faz-se importante rever essa história da disciplina escolar, da progressão continuada nos moldes que está sendo praticada, assim como esses afastamentos de professores, que se não quiserem dar aula por razões que não sejam muito bem explicadas devem desocupar os cargos para que os concursados de fato assumam o posto.
O Inquérito Ministerial visa exatamente o debate amplo sobre esses vícios do processo de educação no município de Caraguatatuba onde a realidade atual é quase um caos.
Com relação aos gestores da educação, se não tiverem condições de apresentar melhores resultados que sejam convidados a desocupar os postos. A cidade merece coisa melhor do que esse sistema fragilizado de ensino público.

3 comentários:

Patricia disse...

Em Caraguatatuba ocorre um verdadeiro massacre de professores !!!
Sou mãe de aluno de inclusão e fiz o ano passado uma denuncia no Ministério Publico que virou Inquérito Civil 430/12 relatando a situação de alunos portadores de necessidades especiais e por consequência a precariedade do ensino em Caraguá.
São professores com 25 ou mais alunos, sendo que dentro de uma única sala é possível ter mais de um aluno de inclusão, sem o apoio de acompanhantes especializados previstos na lei 12764.
A inclusão é bem vinda e nos mostra a evolução de uma sociedade no entanto, tem que contar com estrutura necessária e apoio dentro da sala.Caso contrário, é isso o que pode vir a resultar : professores estressados por se encontrarem sozinhos em salas, sem apoio, deixando sua salas e seus alunos, queda na qualidade do ensino e portadores de necessidades especiais não sendo desenvolvidos como deveriam.

Patricia Pereira

Cátia Ramos disse...

Moro na cidade a 5 meses e meus filhos estão matriculados em uma escola municipal.
Sinto de perto algumas situações mencionadas no post, como por exemplo, meus filhos ficarem sem nota em uma determinada matéria pois tiveram poucas aulas com professor substituto, e esse não apareceu mais na escola para fechar o bimestre.
Pelo que eles me relataram 2 professores foram embora, um por estresse, e o outro para ir trabalhar com outra coisa.
A questão comportamental dos alunos também é destaque. Dois dos meus filhos estudam no mesmo ano, porém, em salas diferentes, um deles sempre traz lições de casa e o outro raramente, em especial, de uma matéria específica. Fui procurar saber o por que disso e fui informada que a sala do que quase não traz atividades pra casa é extremamente indisciplinada e o professor não consegue passar a matéria. O que eu tenho feito por conta própria? Eu mesmo repasso a lição de um para o outro, pois, a escola não teve uma solução pra isso. Eles implantaram um caderninho de ocorrências, e convidaram os pais pra assistirem algumas aulas na intenção de inibir o comportamento de alguns alunos, mas mesmo assim os resultados são pouco expressivos.
Resumindo, se eu "não apertar mais ainda o cinto" e guardar um dinheiro pra bancar um cursinho preparatório para os meus filhos corrigindo esse déficit no ensino de base, eles terão muitas dificuldades no futuro.

Anônimo disse...

No Brasil mistura-se alhos com bugalhos.Como não há reprovação os alunos que não estudam e que os país não tem compromisso com os filhos passam vários anos na classe onde há alunos que estudam e que os país estão sempre presentes.Reprovação é uma forma de separar o joio do trigo.