segunda-feira, 8 de julho de 2013

QUEDA DE BRAÇOS ENTRE MÉDICOS E GOVERNO

Amanhã, dia 9 de julho de 2013 o governo brasileiro deverá publicar, no Diário Oficial da União, uma medida provisória regulamentando a importação de médicos estrangeiros, que serão autorizados a trabalhar no Brasil, em regiões onde os nossos profissionais estão se negando atuar. Os médicos brasileiros afirmam que o problema do Brasil não irá ser resolvido com a importação de profissionais, porque aqui não faltam médicos, mas sim condições de trabalho, nessas regiões distantes. O fato é que há regiões no Brasil em que não há profissionais de medicina e as pessoas estão sem atendimento. Se não há condições de trabalho e por isso os nossos médicos não querem ocupar essas regiões, há que se entender que os médicos estrangeiros, se aceitarem a permanência por lá, poderão ser bem vindos, porque quem não tem nada, passa a ter algo. Os médicos brasileiros dizem que os estrangeiros são mal preparados e que poderão colocar em risco a vida dos cidadãos brasileiros. Querem obrigar os médicos estrangeiros a realizar o exame denominado de “revalida”, para validarem os diplomas dos estrangeiros. Hoje um representante da classe médica falou no rádio, em rede nacional, que o índice de reprovação dos estrangeiros no exame “revalida” é de 90% enquanto que os brasileiros são aprovados em 70%. No final do ano passado, eu fui à formatura de uma sobrinha que se formou médica pela Universidade de Itajubá, e vi o que é corporativismo. Cerca de 40% dos formandos são filhos de médicos, e todos os filhos de médicos que recebiam os diplomas seus pais eram chamados ao palco para a entrega do certificado ao filho. Os filhos de outras pessoas não gozavam da mesma consideração. Os pais que não eram médicos não eram chamados ao palco. Meu irmão que é apenas um aposentado comum, não entregou o diploma à sua filha. As clientelas dos médicos são verdadeiros patrimônios que os pais transferem aos filhos, que também conseguem prioridade nos corpos clínicos dos hospitais onde os pais atuam. O Conselho de Medicina é um órgão regido por lei federal que tem como prerrogativa fiscalizar a atividade médica no país, e conceder licença aos novos profissionais. O governo está tirando do conselho a prerrogativa de realizar exames nos médicos estrangeiros, por entender que o conselho irá dificultar a vinda desses profissionais, e resolveu estabelecer por medida provisória a obrigação do conselho de conceder licença, em caráter emergencial, aos médicos de fora. A licença será concedida, mas os médicos brasileiros querem responsabilizar o governo pelos erros que possam ser verificados na atuação dos estrangeiros. O fato é que, em um local onde não tem médico nenhum, qualquer médico, mesmo os menos qualificados, serão melhor do que nada. Se vidas forem perdidas, não serão em quantidade maior do que se perde atualmente. Um médico ruim tem que ser melhor do que uma benzedeira. Ainda assim, há que ser respeitada a posição dos conselhos que estão defendendo a categoria profissional e isso é nobre. A questão é complexa e merece cuidado no trato para que o povo consiga sair ganhando nessa queda de braços entre conselho e governo.

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