quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

SERVIDOR PÚBLICO É UM CANCRO

Ouvi de um assessor do tribunal de contas paulista uma frase que não encaixou na minha cuca. Ele disse “servidor público é um cancro que atravanca a administração”. Ouvi e tremi sobre as minhas pernas porque, essa é a doutrina predominante nas gestões públicas brasileiras. Querem na realidade terceirizar tudo e deixar o servidor carimbando e descarimbando papeis sem muito valor. A teoria deles é a de que o empregado terceirizado produz, se não é demitido, e que o servidor não pode ser demitido e por isso não produz. Ora, todo mundo sabe que quando os servidores eram empregados sem estabilidade os políticos dispensavam em bloco para colocar amigos e parentes no serviço público e por essa razão existe a proteção da estabilidade contra os desmandos. Com concurso ainda andam empregando os filhos e parentes nos cargos públicos através de mecanismos desonestos, imaginem sem concursos e sem estabilidade? Seria o caos o poder nas mãos de alguns desonestos bons de voto.
A verdade é outra. As empresas terceirizadas, são geralmente, os financiadores de campanhas e pagadores de propina, e isso faz bem aos gestores públicos desonestos.
O certo seria o poder público realizar todas as atividades permanentes de natureza pública através dos seus servidores. Até bem pouco tempo, valia a limitação constitucional que permite terceirizar somente serviços e limpeza e segurança. Agora vale tudo, terceirizam, médicos, enfermeiros, professores, carpidores, motoristas, tudo o que querem, terceirizam e desmerecem os servidores, que ficam como segunda opção. Se os servidores soubessem a força que têm, seriam os detentores do leme da máquina e conseguiriam elevar a sua alto-estima que anda mais baixa a cada dia. Os gestores vêm de qualquer cidade de fora, cortam horas extras, transferem servidores pra longe de casa, mudam cargos, deixam de aplicar os reajustes legais do salários, e os servidores aceitam tudo isso com se fosse normal. Não conseguem sequer ter um sindicato atuante. Não se houve dizer que houve algum movimento sindical e olha que os sindicatos recebem uma grana por ano e nem as contas são controladas pelos servidores. Depois querem ter valor. Não se deve pregar a baderna, mas não se pode admitir a omissão covarde que deixa nas mãos dos passageiros do poder o destino de inúmeras famílias de trabalhadores que são estáveis, concursados mas incapazes de se defenderem dessa desconfortável falta de respeito coletivo. Noutros setores os sindicatos querem saber de tudo e defendem seus associados com unhas e dentes. Servidor público ou serviçal público?
Há de se destacar aqueles que na pior das decadências ainda se oferecem para ajudar a destruir a própria classe em troca de algumas moedas das chamadas gratificações. Se ninguém aceitasse as tais migalhas e exigisse respeito a todos, quem sabe os invasores não conseguissem dominar setores importantes da administração. Os idiotas ensinam as funções e fazem com que os invasores se tornem importantes só assinando o que está feito.
Servidor que se submete a essa espécie de cooptação é fraco de personalidade e desonesto em relação à categoria de que faz parte.
Correto seria que o governante não se metesse na organização da categoria, e lidasse com a classe de forma organizada respeitando os direitos de todos e premiando a eficiência. Servidor não tem que ganhar mais porque é puxa-saco. Tem que ganhar mais porque produz mais e é valorizado por isso.  Se o servidor soubesse da sua força e agisse em coletividade, seria muito mais útil ao povo que paga o seu salário, e seria respeitado por esse bando de forasteiros que invade a sua praia. Eu gostaria de poder dizer àquele assessor do tribunal de contas que servidor é útil sim e que as terceirizações são um grande jogo de interesses.

Os servidores ainda têm que dormir ouvindo os malandros dizerem que eles são um cancro que atravancam a máquina pública. Teve um grande filósofo que disse: “juntos seremos mais fortes”. Estaria ele tirando um sarro da cara dos servidores?

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa noite Dr. João Lúcio
Sou funcionário publico e não sou nenhum cancro para os serviços públicos, temos muito funcionários que vestem a camisa e trabalham a finco para cumprir com sua jornada de trabalho, não somos valorizados pelos nossos trabalhos, pois vem pessoas de outras cidades e recebem o dobro do que os funcionários que já estão a mais de 20 anos nos cargos. Temos funcionários que fazem corpo mole, temos sim, mais isso é culpa da própria administração que fazem os mesmos ficarem assim, pois não há nenhum incentivo, mais infelizmente os funcionários que trabalham não tem valor, trabalhamos porque está dentro de nós o trabalho, mais se fosse pelas chefias que temos largaríamos tudo e ficaríamos como os funcionários que fazem corpo mole...fica aqui minha indignação sobre tudo isso...o que poderia ser feito para os funcionários é uma avaliação e aqueles que realmente produz tinha seu premio, mais até para o nosso chefe maior somos tachados de vagabundos...é lamentável ouvir isto...