terça-feira, 11 de março de 2014

POLÍTICA DE SAÚDE NÃO PODE SER POLÍTICA DE PARTIDO

 A saúde pública em Caraguatatuba está na UTI, alguns colaboradores antigos do prefeito já deixaram o barco antes que afunde de vez, e o prefeito Antônio Carlos da Silva, do PSDB, que já está no seu quarto mandato, está nadando contra a correnteza nessas marés  de ressaca em mar bravio. Se não conseguir retomar o domínio da situação, vai acabar se complicando definitivamente como mandatário. Orgulho e vaidade não são bons conselheiros, porque no ímpeto, as decisões são quase sempre contaminadas. Transferir o pronto atendimento médico para a nova UPA, foi uma decisão de extremo risco. O mais adequado seria criar novas unidades de atendimento sem desativar o pronto socorro do hospital, e depois de regularizados esses novos serviços, ai sim, quem sabe, a desativação do PA do hospital seria menos traumática. Com a sua personalidade excessivamente forte, o prefeito achou que poderia substituir um serviço tão complexo e antigo, mas ficou evidente com a matéria hoje publicada pela TV Vanguarda que ele deu com os burros n’água. A empresa recém contratada não tem antecedentes tão recomendáveis, já que tem problemas no estado do Paraná, com a justiça e ministério público.
A mortalidade hospitalar cresceu na cidade, e os números são oficiais, depois que a prefeitura assumiu o hospital. Seria de bom juízo que o prefeito Antônio Carlos lesse esta matéria, com toda a atenção, deixasse de lado o orgulho e se rendesse diante do fracasso que está resultando da sua tentativa de resolver a saúde em Caraguá. Não resolve e está piorando o que já era muito ruim.
Fala em desapropriar o hospital. Pra quê? 
Desapropriar uma coisa velha superada, cheia e problemas comuns às construções antigas, é mais um ato de risco, porque a prefeitura possui inúmeras áreas vazias na cidade, e o valor da desapropriação seria suficiente para construir e equipar mais um hospital, ai sim, novinho em folha em vez de expulsar da cidade, as irmãs. Elas estão ali há mais de 60 anos e de alguma forma foram importantes pra muitas famílias que tiveram a saúde de seus membros tratada de maneira eficaz. Havia falhas, é lógico, havia reclamações, mas era melhor do que não se ter nada melhor pra se pôr no lugar. A televisão mostrou que a calamidade pública decretada pelo prefeito é um equívoco porque o caos está sendo criado por ele mesmo, quando traz um monte de gente de outras cidades, que nunca viram de perto as dificuldades da cidade, para cargos de tão grande significado.
Até agora, mais de um ano depois da contratação do Grupo Bandeirante para gerir a nova UPA, grupo que já pulou fora do barco, tudo se mostra pior do que era, e o risco de novas mortes se mostra iminente.
Várias representações já foram encaminhadas ao ministério público, vão outras mais nesta semana, e o prefeito não consegue achar a saída da crise que ele mesmo vem criando.
O estado de calamidade pública que ele decretou e que lhe permitiu ocupar o hospital, já está de longe vencido na prática, e tem que ser revogado antes que ajustiça resolva entender que não se trata de calamidade porque não houve enchente, nem incêndio ou epidemia que justifiquem o decreto. As brigas internas entre secretários do seu governo são outra mostra de que há dificuldades muito maiores do que as que se apresentam. Orgulho pode ser praticado quando não afeta os interesses de tantas pessoas e interesses tão valiosos como as vidas humanas. 
A saúde em Caraguá merece um gestor que mesmo não sendo especialista em saúde seja antes de tudo sensível e olhe para o ser humano com amor e espirito de solidariedade. O Serra não era da saúde e foi um bom ministro da saúde. O Mercadante não era professor e foi um bom ministro da educação, e há muitos casos de gestores públicos de áreas diferentes que conseguem sucesso em outras áreas. A saúde em Caraguá precisa de um ser humano, capaz, solidário, humilde e inteligente, e acima de tudo que não tenha compromissos com grupelhos especuladores de negócios jurídicos ou econômicos quando o objeto é a saúde pública. Dinheiro não falta, mas falta capacidade para fazer com que os recursos produzam algo melhor para a sociedade. Licitações sérias, contratos bem administrados, controle correto de despesas, olho vivo na farmácia pública, agendamento sem proteções, médicos comprometidos com os resultados, e assim pode ser melhor para o povo ainda que os mandantes não se reelejam em futuras eleições. O compromisso tem que ser com a gestão, não com as eleições e nem com partidos políticos. O prefeito é o gerente de todos e não somente dos seus partidários. O ACS precisa abrir seu coração e proteger as pessoas que votaram e as que não votaram no seu partido. Se for o caso, chame alguém dos outros partidos que possa devolver confiança aos moradores de Caraguá, pelo menos nesse quesito "saúde". O que se vê, é simplesmente desumano.

João Lúcio Teixeira 

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