segunda-feira, 23 de junho de 2014

BRASILEIRO QUER SER MAIS

Parei em frente a uma televisão bem grandona na porta de uma loja no Center Vale Shopping em São José e logo fui abordado por um vendedor que ofereceu-me a venda daquela TV para eu ver melhor os jogos da copa. O vendedor cometeu um erro gravíssimo a abordagem quando me disse “compra essa maravilha par o senhor ver o Brasil perder a copa”. Olhei bem nos olhos dele e respondi com a minha alma de brasileiro fanático e convicto: “ amanhã o Brasil vai ganhar de quatro, depois de cinco, depois de seis e na partida final meu país vai ganhar de oito a zero”. Ele arregalou os olhos e ficou estático, ao ver um senhor idoso como eu, assim tão otimista diante de um desanimado jovem de pouco mais de trinta. Ele, parafraseando a um monte de gente mal resolvida disse que não acredita no Brasil, e que torce pra que ele perca a copa, como se estivesse vingando algo. Falei que torcer contra o Brasil é o mesmo que desejar o mal da própria mãe, porque a pátria é como se fosse a nossa mãe, e desejar o mal à própria mãe é comportamento no mínimo indigno.
Ai veio aquele discurso, sobre a riqueza do filho do Lula, e até uma nova que é a riqueza da filha da Dilma. Perguntei de onde ele tirou essas informações e resposta foi vazia. Assim: “não sei”, mas é verdade.
Aos poucos, deixei o diálogo correr e ele me disse que sua revolta vem do fato de ter um filho autista e que a prefeitura de sua cidade, Caçapava, teria se negado a construir um centro de tratamento para autistas, ainda que haja lei obrigando. Não conheço a lei por ele referida, mas entendi a sua insatisfação com o Brasil.
Deixei o local depois de termos conseguido um diálogo manso e pacífico, eu na minha paciência e ele na sua indignação ai já controlada.

Eis a questão que tem levado inúmeros brasileiros a se sentirem indignados com seu patriotismo. O brasileiro já aprendeu a ter esperanças de vida melhor, e que não basta mais o simples poder de comprar uma geladeira nova ou uma televisão moderna. O brasileiro quer ter mais, quer ser mais, e quer poder mais. Os governos precisam entender que o Brasil precisa dar um salto de qualidade nos seus serviços públicos e na geração de novas oportunidades para que o brasileiro sinta-se um povo mais mais do que tão menos. 

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