Ocorreu nesta semana um evento que
envolvia alguns funcionários da saúde, e o prefeito Antônio Carlos da Silva do
PSDB de Caraguatatuba, fez um discurso em que disse que o Hospital Stela Maris
será devolvido às irmãs que são as suas reais proprietárias, e que o fato
ocorrerá oficialmente em 30 de junho de 2014, no dia do meu aniversário, e eu
quero agradecer ao senhor prefeito pelo presente, já que aquela instituição,
que sofreu intervenção dele, o prefeito há cerca de um ano, tem que estar nas
mãos de seus verdadeiros donos.
No discurso ele disse que o município já
realizou as operações que tinha de realizar e que não há mais nada a fazer ali
agora. Essa informação é contraditória com os acontecimentos já ocorridos
durante este um ano de ocupação do nosocômio. Dentre outros fatos a serem
considerados como contraditórios está o desejo do prefeito em desapropriar o
hospital já que publicou um decreto de declaração de utilidade pública do
patrimônio das freiras, para fins de desapropriação. Isso induz à ideia de que
o prefeito tinha a intenção, até recentemente, de tornar o hospital um próprio
público do município. À época nós criticamos a intenção por entender que a
avaliação feita pelo governo estadual alguns meses antes, era de cerca de 60
milhões de reais, e isso seria um absurdo para um município que precisaria
investir muito mais em modernização do velho prédio e das instalações.
Nós fizemos a crítica, não com a intenção de torcer a favor ou contra a
prefeitura, mas com a intenção de mostrar que se o hospital ficar nas mãos dos
seus donos e continuar prestando os serviços que sempre prestou, ainda que
restem reclamações, o município pode criar novas instalações, modernas e bem
direcionadas para supris o serviço nas partes em que sejam ineficientes e com
isso investir bem menos em busca de resultado muito mais eficazes. Caraguá não
pode ter só um hospital e o município pode participar de forma racional e
tecnicamente bem avaliada.
Queremos neste momento render os nossos
cumprimentos ao prefeito pela sua digna atitude de reconhecer que o melhor
caminho é entregar o hospital de volta, ainda que isso fira a sua vaidade de
gestor público, já que a intervenção foi resultado de desentendimentos pessoais
entre o prefeito e as irmãs que dirigiam a entidade, o correto é colocar um
basta nessa pendenga e restabelecer a ordem no sistema de atendimento que mesmo
assim ainda será precário. O Antônio Carlos está mostrando um lado que não é de
conhecimento público, o da humildade de reconhecer que intervir no sistema de
saúde foi um grande erro.
Vai devolver o pronto socorro que não
poderia mesmo funcionar improvisadamente no prédio em que está hoje, e vai
devolver, também, o pronto atendimento das consultas, cerca de 500 por dia, o
que deverá ter como consequência a desativação da nova UPA que está se tornando
um enorme gargalo no sistema de atendimento à saúde em Caraguatatuba. Nossas
críticas são para o bem, e o bem, neste caso, mostra que o correto é deixar o hospital atender da forma que era antes da intervenção, ativar uma
UPA no Porto novo que já está em construção ao lado do complexo de educação lá
erigido (obra atualmente paralizada), ativar rapidamente
aquele sistema de atendimento para desafogar o hospital e criar uma Sala de
Estabilização com médicos 24 horas no Bairro do Massaguaçu como estava previsto
no plano inicial da Conferência Municipal de Saúde. O prefeito resolveu atropelar
o planejamento com sua intervenção emocional no sistema, e agora tem a grande
chance de se redimir. Voltar atrás não é vergonha, se o interesse que deve ser
levado a sério é o da coletividade. Se dei os pêsames pela intervenção, e o fracasso
da tentativa, dou os parabéns pela correção do rumo. Até o prefeito vai dormir
melhor a partir de 1º de julho.
João Lúcio Teixeira - Cidadão
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