quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O ELEITOR CAIÇARA NUMA LEITURA BEM SIMPLES

Quem vivencia a política em Caraguatatuba, pode perceber que o eleitor caiçara tem experimentado um excelente nível de evolução na qualidade do seu comportamento diante dos candidatos. Em 2004 era comum a cobrança, sem escrúpulos, de dinheiro pelo voto, e isso fazia da eleição municipal um banco de negócios em que as contas de água e luz eram instrumento de troca. Os chamados cabos eleitorais da periferia tinham grande importância nas negociações de compra e venda de votos, e famílias inteiras com vários eleitores chegavam a fechar o pacote e vender os votos como se fossem bananas ou ovos. Em 2008, essa prática ainda era muito acentuada, e alguns candidatos se elegeram por conta dos pacotes de dinheiro que entregavam aos seus agentes compradores profissionais de votos. Os malandros eleitorais.
São dois os fatores que merecem atenção neste ponto, e que precisam ser observados com cuidado. A pobreza cristalizada na periferia resultante da falta de empregos e de postos de trabalho, fazem do cidadão, presa fácil para os malfeitores da política que deles se aproveitam para conseguirem ocupar os cargos. Outro ponto, é a situação degradante da falta de cidadania inerente às pessoas que não encontram oportunidade de evoluírem enquanto cidadãos. O Litoral tem o hábito de tratar a vida como se ela fosse uma festa permanente. As pessoas não são doutrinadas para o trabalho e crescem achando que poderão viver das oportunidades que o turismo oferece. O cidadão caiçara de modo geral, não tem recebido do poder público o tratamento que o induza ao ideal da posse responsável de sua própria vida. Não lhe ensinam a viver do próprio trabalho, não lhe criam oportunidade de trabalho permanente com carteira assinada, e os “bicos” viram regra. A chegada das eleições significa uma chance de fazer um “bico” e ganhar algum dinheiro, fazendo de um ato de exercício de cidadania um negócio qualquer, como a venda de peixes, ou de ferro velho.
Eu, que participei ativamente de três eleições, no litoral, posso afirmar, com certeza, que esta que vai acontecer em outubro de 2014, já não é mais igual às outras. O eleitor já mostra sinais evidentes de evolução, e parece estar cansado de vender o voto e depois sofrer todas as formas de humilhações decorrentes da sua falta de responsabilidade cidadã.
Nós, da ONG Olho Vivo, hoje mais discreta, temos alguma parte nessa vitória parcial da cidadania caiçara, mas outros movimentos populares também têm suas virtudes. O movimento social de rua deflagrado em junho de 2013, mostrou que o Caiçara pode reagir e se defender dos predadores do poder.
O Caiçara parece ter enxergado que pessoas que tinham pouco ou que não tinham nada, estão ricas ou muito ricas com os abusos praticados na ocupação de cargos públicos, enquanto o povo que vendeu o voto segue sem médicos, sem remédios, sem segurança pública, sem escola digna e sem ter com quem reclamar. Isso mesmo, eles os piratas do poder, depois das eleições escondem-se por trás das paredes do palácio, onde negociam a venda das praias, das margens dos rios, das matas, e ninguém mais os vê até que surjam novas eleições quatro anos depois.
Aí eles utilizam alguns vadios locais que sabem comprar votos e organizar eleições fraudulentas, e vão novamente colocar placas em casas, adesivos em carros, e até um carimbo de idiota na testa do Caiçara, para conseguirem os votos e continuarem enriquecendo à custa da nossa burrice coletiva.  Quando o eleitor vai reclamar ele responde: Já te paguei e não devo nada.
Ai, eles chamam a todos nós de idiotas e nós não podemos responder porque não conseguimos sequer falar com eles.
Felizmente, eu que entrei nesta eleição só para verificar de perto se vale a pena defender a moralidade na política, estou vendo que terei mais votos do que teria se a eleição fosse em 2004. Já percebi que o Caiçara, bem como o brasileiro de modo geral têm evoluído e já querem valorizar o voto e com ele promover o futuro de seus filhos e netos.
Tem candidato, daqueles que acham que se elegem com dinheiro, que vai ter grandes decepções com o eleitor do litoral, e certamente vai haver muito mais responsabilidade no momento de se votar. Claro que ainda não se pode festejar porque falta muito a caminhar, mas eu já me dou por vencedor e quero registrar a participação de um outro candidato a deputado, o Chiquinho Conceição que vem pregando o voto responsável e merece ser lembrado aqui.
O eleitor do litoral pode realizar em 5 de outubro um grande evento democrático e mostrar que já não quer mais ser taxado de idiota cívico.

João Lúcio Teixeira- 90.190 – Deputado Estadual- PROS

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