sábado, 8 de novembro de 2014

O BRASIL NÃO ESTÁ DIVIDIDO

A ideia de dividir o Brasil entre nordestinos e sulistas, foi uma inovação hipo-filosófica surgida depois da eleição de presidente da república de 2014 em que a Dilma recebeu 52% dos votos válidos e o Aécio pouco menos de 50%, o que fez da eleição uma disputa equilibrada que valoriza o modelo de governo adotado pela república brasileira. A regra é a da escolha do governante pela maioria dos votos válidos depositados na urna eletrônica. Os defensores da ideia de que a diferença de pouco mais de 3% dos votos de um candidato para o outro, não legitima o vencedor, é absurda porque a regra diz que vence quem obtiver 50% mais um dos votos válidos. O sistema permite que um candidato vença por pequena ou por grande diferença, não sendo considerado importante o tamanho da diferença. Ouvi um comentarista dizer em uma emissora de rádio que o Brasil estava dividido ao meio e que não era correto obrigar os eleitores mais esclarecidos, dizia ele, do centro-oeste e do sudeste a se submeterem a um governo eleito pela “ignorância” dos outros brasileiros que podem ter sido movidos pela “esmola” da cesta básica. Essa é uma maneira perigosa de se entender os fundamentos do regime democrático que prega a escolha pelo voto direto, livre e secreto, sem, contudo prever o tamanho da diferença de votos obtidos por um ou por outro candidato. O Brasil tem um sistema eleitoral que pode ser considerado o mais perfeito do mundo civilizado e os resultados das eleições surgem rapidamente dos processos tecnológicos que independem da mão humana, e ainda assim há quem entenda que se trata de um paisinho de quinta ou uma república das bananas. O Brasil tem um sistema bancário que pode ser criticado pelos lucros excessivos das entidades bancárias, mas é firme e seguro, tem um sistema de saúde, o SUS que nenhum país com mais de cem milhões de habitantes tem, tem sido considerado o país que mais combate à miséria e a pobreza, e ainda assim existem os papagaios de pirata que comentam sobre o Brasil, não como brasileiros mas como estrangeiros que gostariam de ser e não conseguem. Alguns brasileiros “de quinta” defendem a volta da ditadura militar, que tanto mal causou ao povo brasileiro, procuram defeitos na nossa organização sócio-política e botam defeito em tudo, inclusive na eleição livre e democrática que elegeu Dilma para governar o país por mais quatro anos. Não gostar do PT ou da Dilma, ou do Lula, é um direito de qualquer brasileiro, mas isso não autoriza a nenhum cidadão, principalmente se for um falso entendido das coisas do povo, a desqualificar os resultados do pleito. Há quem fale em controle da imprensa o que não é um bom assunto, mas há necessidade de que a opinião publicada por um órgão de imprensa tenha que ser balizada por conhecimentos e responsabilidades. Não é correto ver-se alguém que não estudou além do curso fundamental dar palpites sobre a constituição do estado brasileiro com ares de professor universitário num discurso sem nexo e sem responsabilidade, fazendo uso de microfones importantes para desqualificar a toda uma estrutura de organização do estado brasileiro, em troca de “favores” ou por conveniências de empregos e negócios que favoreçam aos seus parentes e amigos. As emissoras de rádio ou de televisão, são serviços públicos do Estado, que não podem ser objeto de uso infiel contra os interesses do estado que autoriza a operação do serviço e espera o mínimo de responsabilidade nas transmissões. As eleições foram realizadas, venceu a maioria e a minoria tem que se submeter aos resultados independentemente de serem os eleitores que elegeram o governante, do sul, do norte ou do nordeste. Afinal, somos todos brasileiros e não podemos distinguir o valor do voto pela região geográfica do eleitor. Reconhecer a legitimidade do vencedor é fundamental para a garantia das instituições democráticas. Fora disso, seria uma espécie de ditadura da minoria que se acha mais sábia e competente do que a maioria, e a realidade democrática reside na média da inteligência coletiva da maioria dos eleitores. Na democracia, o povo é a razão.

João Lúcio Teixeira

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