terça-feira, 14 de abril de 2015

UMA REFLEXÃO SOBRE ORÇAMENTO PARTICIPATIVO

Os recursos arrecadados pelas prefeituras, podem advir de diversas fontes como impostos, taxas, contribuições, doações e transferências de outros órgãos públicos. Essas verbas formam o que se chama de erário público, ou recursos de que dispõe o governo para administrar a cidade.
Do total arrecadado, uma parte significativa é destinada à folha de pagamento dos servidores, outra é destinada ao custeio da máquina como materiais de consumo, combustíveis, realização de grandes obras necessárias, compra e manutenção de equipamentos devendo o restante ser destinado aos investimentos que visem a melhoria do atendimento às necessidades dos cidadãos. 
A parte destinada aos investimentos visa ao atendimento das principais necessidades do povo, como ampliações de escolas, pequenas pontes, pavimentações, iluminação pública, construções ou ampliações de equipamentos e prédios, aprimoramento dos serviços que melhorem a vida das populações.
Quem decide o que deve ser feito é o prefeito que detém o chamado poder discricionário que lhe permite escolher onde vai aplicar os recursos destinados ao investimento. É do prefeito a prerrogativa de estabelecer as prioridades segundo autorização das leis vigentes.
Há uma experiência implantada pelo Partido dos Trabalhadores na década de 80 que foi pioneira no Brasil na prática de ouvir a população para que ela estabeleça essas prioridades tendo em vista que os representantes populares convivem de perto com as queixas dos moradores e assim têm muito mais possibilidade de decidir o que deve ser feito e a ordem das prioridades.
Em 1994 eu tive a oportunidade de participar de uma reunião do Orçamento Participativo no município de São José dos Campos, na qualidade de secretário jurídico, e presenciar bem de perto os presidentes de sociedade amigos de bairro indicando as necessidades de suas comunidades, e decidindo o que fazer primeiro. Novas salas de aula, ponte que ligavam comunidades, pavimentação de ruas, iluminação, ampliação de cozinha em escolas, compra de freezer para merenda, campos de futebol, urbanização de áreas de lazer, coberturas de pontos de ônibus, e muito mais. Depois que tudo isso era orçado e colocado na ordem de prioridades, voltava para uma nova reunião para decidir os cortes se excedidos os limites do orçamento, e em seguida era tudo encaminhado para o setor de planejamento para cumprimento. O prefeito, neste caso, só fazia cumprir a vontade do povo e administrar a execução dos serviços.
Essa é a forma mais interessante de se fazer política pública, de forma democrática e eficaz, porque o povo sabe melhor quais as suas necessidades e não havia reclamações se a ordem estabelecida pelo povo tivesse sido respeitada.
O prefeito ideal seria alguém que se dispusesse realizar os investimentos públicos segundo a vontade do próprio povo que o elegeu.
Se houvesse orçamento participativo em Caraguatatuba, certamente não haveria mármore nos cinco quilômetros de mureta da praia e nem se teria construído uma praça de eventos para festas de verão.

 João Lúcio Teixeira

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