Depois de 50 anos de inimizade
institucional, Cuba e Estados Unidos se cumprimentam nas pessoas de Obama e
Raul Castro, fato histórico que põe fim a uma tensão muito mais de ideias do
que de forças. São duas formas distintas de teoria de estado, sendo uma voltada
para o socialismo e outra para o capitalismo. Ontem mesmo, viu-se na TV e não
lembro em qual canal, um documentário bem recente sobre a situação do povo de
Cuba, e suas expectativas em torno dessa nova realidade, que irá permitir uma
relação mais amistosa entre cubanos e norte-americanos, e a conclusão que se
pode tirar do conteúdo do programa, é que os cubanos têm um grau de escolaridade
muito acima da média da América Latina, o que faz deles um povo mais preparado
para ingressar no mundo do trabalho e da produção, bem como mostra que não há violência no seio
da população, as famílias são bem organizadas, há as famílias simples vivendo
com o mínimo de conforto como geladeira, televisão e acomodação básica. As
crianças estão todas na escola e com nível de aprendizado bastante alto. Os cubanos
ouvidos pela reportagem, têm todos a convicção de que é preciso melhorar a vida
do povo, mas deve ser mantido o socialismo. Taxistas, estudantes, cidadãos
comuns, senhoras jovens e idosas, todos unânimes em dizer que não gostariam de
ver em Cuba o que se vê no Brasil, como favelas, drogas, pobreza e conflitos
entre classes sociais. Em Cuba para se comprar qualquer remédio é necessária a
receita médica, só que o médico é de graça e atende rapidamente, para definir
se o cidadão precisa ou não de remédio, já que os medicamentos são poucos e de
uso controlado. Isso seria bom no Brasil se o acesso ao médico fosse possível e
gratuito.
A conclusão que se pode extrair
dessa situação é a mesma que o Blogdojoaolucio vem defendendo há algum tempo,
de que o conforto e bem estar que o capitalismo permite é o sonho de consumo de
todas as pessoas, já que as famílias gostariam de viver em casa com piscina,
carros confortáveis, alimentação farta, festas e viagens, mas o regime seria
perfeito se todas as pessoas vivessem assim, e não somente alguns grupos sendo
favorecidos e outros sacrificados vivendo em estado de miséria.
O capitalismo do Tio Sam, permite
que pessoas enriqueçam mesmo que outras vivam na pobreza, sem saneamento
básico, sem água canalizada, sem emprego e sem esperança. A pobreza brasileira
é diferente da pobreza americana, mas ambas são pobrezas se confrontadas as
situações de pobres e ricos da mesma nação.
Cuba nivelou as condições gerais
de seu povo, dividindo as riquezas entre todos de forma que não haja
concentração de resultados nas mãos de poucos, que podem ser mais competentes ou
podem ser mais corruptos, na arte de conseguir a riqueza.
Cuba mostra que o seu povo pode
ser considerado evoluído nos quesitos cidadania, acesso ao conhecimento, e consciência
coletiva. Isso eles não querem perder com o advento da abertura do país à
modernidade.
O Brasil, não precisa passar pelo
regime duro de Cuba, para chegar onde Cuba está chegando agora, e nem precisa
ser tão libertino como o capitalismo ortodoxo, para conseguir melhorar o nível de
vida do seu povo, bastando que aproveite os benefícios das duas experiências.
Realizar o aprimoramento do ser
humano brasileiro permitindo-lhe o acesso ao conhecimento e à cultura cidadã, e
socializar os recursos públicos mantendo sob controle as diferenças sociais
entre ricos e pobres, para que ninguém seja tão rico e nem tão pobre, seria a
sublimação da governabilidade social com liberdade e democracia.
Cuba aprimorou o ser humano, e
agora o ser humano aprimorado vai construir a nação econômica que mais lhe
convier, com o olhar nos interesses das coletividades e não somente na sua
individualidade. Afinal o que importa é um estado eficiente que atenda bem a
todos em igualdade de condições.
Daqui a dois anos haverá eleições
diretas para presidente da república cubana e os Castros não poderão ser candidatos,
fato que vai inaugurar a nova era cubana sem o carimbo “comunista”.
Assim, dá pra ver que o Brasil
não precisa nem de um comunismo ortodoxo e nem do capitalismo concentrador de
riquezas, para ser a maior nação do mundo. Nós podemos ser o grande exemplo de como
se constrói uma nação evoluída, com povo evoluído e sem grandes diferenças
sociais, com pobres não tão pobres e ricos não tão ricos.
Essa é a situação que Cuba deverá
experimentar nos próximos anos, com um povo de boa escolaridade que inserido no
mercado de trabalho poderá viver com o conforto do capitalismo sem perder de
vista o seu socialismo que visa a igualdade social. São hoje todos pobres e
poderão ser amanhã todos ricos se a riqueza for distribuída de maneira igualitária
e prevalecer a consciência coletiva.
Teoricamente o caminho para o
nosso sucesso está em investir fortemente no ser humano para que ele possa
construir o seu próprio futuro sem precisar de tutela, valorizar o professor, o
ensino e o aprendizado, a profissionalização juvenil e o trabalho como fonte de
vida honesta.
As prefeituras são a unidade mais
adequada para realizar esse progresso social já que está próxima do cidadão e
conhece as suas particularidades. Os recursos públicos não podem ser investidos
somente em obras de cimento, mas em profissão trabalho e qualificação cidadã. A
escola é o caminho, e não há necessidade de haver escolas de mármore ou de
granito, nem merenda de luxo, mas de professores felizes e valorizados, alunos
conscientes e famílias bem organizadas.
Se isso ocorrer no Brasil, tanto os
comunistas como os capitalistas vão nos invejar porque talvez tenhamos
descoberto o “capitunismo”.
João Lúcio Teixeira- Advogado
Nenhum comentário:
Postar um comentário