terça-feira, 5 de maio de 2015

EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS UM GRANDE PROBLEMA ECONÔMICO E SOCIAL

Os meus leitores sabem que sou advogado e economista, que sempre gostei de estudar. Cursei pós graduação em direito do trabalho, cujo programa incluía o estudo aprofundado dos fundamentos teóricos do salário, de cujo entendimento predominante sobre a matéria dava conta de que o salário era intangível, ou seja impenhorável e isento de descontos na fonte, a não ser em casos muito especiais. Em 2003 foi publicada uma lei que tem criado enormes dificuldades aos assalariados e pensionistas, já que que permite o tal empréstimo consignado que feriu profundamente a segurança do salário, que a partir de então foi tornado vulnerável para permitir descontos em folha de parcelas de dinheiro tomado em forma de empréstimo. O cidadão toma dinheiro emprestado nos bancos autorizados e as parcelas passam a ser descontadas em sua folha de pagamento e não precisa de estar com o nome limpo porque o pagamento é garantido pelo desconto automático no seu salário. Essa forma de facilitação acaba prejudicando mais ainda aquelas pessoas que eram habituadas ao uso desmedido de cartões de crédito e cheque especial. São os tais devedores contumazes que gastam mais do que ganham e vivem com o nome sujo e sem crédito para seguir consumindo no comércio. De um lado a medida fomenta o consumismo e contribui para que a economia tenha mais consumidores ativos, mas do outro lado abre uma janela perigosa que onera os rendimentos do trabalhador.
Os aposentados também podem usar o mesmo sistema e muito deles são vítimas de filhos e netos que fazem uso do empréstimo consignado do idoso para compra de veículos, telefones celulares caros, computadores e muitos outros objetos que não são de imediata necessidade.
Há casos, e não poucos, de famílias que fazem uso do dinheiro para compras de bens absolutamente desnecessários, onerando o salário que deixa de ser suficiente para suprir as necessidades da família.
O tema tem que ser objeto de novas discussões porque em muitos casos não ajuda, mas atrapalha a possibilidade de controle da economia doméstica.
Os vereadores de qualquer cidade podem reduzir as possibilidades de desconto nas folhas de pagamento dos servidores públicos, por exemplo, aprovando leis que exijam nomes limpos   para que os servidores consigam se defender dos seus dependentes que desejam efetuar compras desnecessárias, como as de celulares caríssimos, apenas para entrarem nas redes sociais sem nada de produtivo ou de interessante.
Os debates sobre a matéria podem levar os senhores vereadores e deputados a enxergarem o mal que o empréstimo consignado tem causado à saúde financeira de inúmeros chefes de família e avós desprotegidos.
Só quem ganha com isso são os bancos que recebem os juros sempre exorbitantes e não correm o risco de não receber de volta o dinheiro emprestado. Favorecer os bancos que são conhecidos como grandes agiotas oficiais é deixar o galinheiro por conta das raposas.

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