Um cidadão ex-empresário,
aparentemente menos influente do que já fora nos velhos tempos, em um ambiente esportivo,
resolveu fazer uma brincadeira, que nem tanto brincadeira parecia ser, e depois
de fazer graves acusações à presidente Dilma que, segundo a sua ótica é a
responsável por toda a desgraça da classe média brasileira. Chamou-a de todos
os pejorativos possíveis, a classificou depreciativamente, nos mais rasteiros
limites e, não satisfeito, exarou a frase mais infeliz: “Pior é que não aparece
ninguém que tenha votado no PT. Eles fezeram a merda e agora se escondem. Cadê
os eleitores do PT?”
Havia entre os presentes alguém
que assumiu ter votado no PT e na Dilma, e recebeu uma saraivada de ofensas
pelo seu voto, segundo o ofensor, voto de má qualidade e irresponsável, disse
ele”.
O rapaz do voto petista ponderou
que como o governo do Lula fora considerado um bom governo, ele entendia que
continuar com o mesmo partido era aparentemente conveniente naquela
oportunidade.
O ex-empresário, agora cidadão
comum, disse que na qualidade de economista tinha autoridade para dizer que
todo o voto no PT foi burrice.
Alguém que se mantivera silente durante
o debate, condoeu-se com a situação, interveio, afirmou ter também votado no
PT, e ouviu mais ofensas advindas do destempero do cidadão indignado talvez, com
a sua nova condição de pessoa comum depois de grandes ostentações como
empresário, cuja empresa quebrou antes de o Lula ser eleito pela primeira vez.
O indignado ofensor, disse não
acreditar na afirmação do segundo interlocutor, e não acreditava que ele
pudesse ter votado no Lula ou na Dilma.
Em resposta ouviu uma frase que o
incomodou profundamente: “O voto livre, secreto e direto, é a maior conquista
de uma nação democrática, e o meu voto eu o declarei por entender que as
ofensas que você vinha fazendo contra o colega são descabidas e impróprias em
um ambiente de amigos e desportistas”.
O ex-empresário hoje cidadão
comum, irritou-se e repetiu a frase: ”Como economista eu posso dizer que vocês
não sabem a besteira que fizeram votando no PT”.
A Resposta foi incisiva: “É bom
que você saiba, que qualquer um pode criticar o governo, e dele falar o que
quiser, porque esse direito a constituição nos garante. O que você não pode, é
querer patrulhar o voto livre, direto e secreto de cada cidadão, porque a isso
se dá o nome de patrulhamento ideológico o que já foi abolido juntamente com a
ditadura. A pessoa escolhe o governante que ela quiser e a minoria derrotada na
urna tem que que se curvar diante da realidade, que se faz com a opinião da
maioria que é a metade mais um dos votos válidos”. Se você se acha autoridade por
ter se formado em economia e pelo que sei nunca ter exercido a profissão em sua
plenitude, eu posso lhe dizer que também sou economista igual a você e isso não
me dá autoridade para chamar de idiotas os cidadãos que votaram diferente de
mim”.
O ambiente ficou tenso, todos
fizeram um lúgubre silêncio alguns se preparavam para se retirar, mas a vontade
de ver o desfecho dificultava a saída, até que os três se abraçaram, e ficou
claro que o mal estar foi aparentemente superado e deixou no ar uma bela lição de
democracia.
As pessoas podem manifestar o seu
descontentamento com o governo, mas não devem culpar o cidadão titular do
direito sagrado do voto livre, como responsável de possíveis erros do governante
legitimamente eleito. No caso específico do voto, se a maioria escolher um
governante, cabe à minoria acatar o resultado, e juntos corrigirem os supostos
equívocos na eleição seguinte.
Esse parece o preço que o PT vai
ter que pagar pela insatisfação a cada dia mais visível do povo em relação ao
governo da Dilma, que ainda tem tempo para recuperar o prestígio, mas se não
reverter rapidamente o desgaste, vai ficar muito difícil eleger um sucessor.
Resta ao brasileiro consciente
aprender com a repetição do voto livre que é a forma mais legítima de se
escolher governos, a eleger sempre aqueles que irão promover o melhor futuro
para a nação, sejam eles de que partido forem. O acerto no voto fica mais fácil
no caso de vereadores e prefeitos porque são pessoas que estão perto do eleitor
e podem ser melhor avaliadas. O ano de 2016 está chegando e o exercício de
cidadania estará pertinho da nossa casa.
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