No cotidiano do cidadão brasileiro as pessoas esbarram constantemente
com alguma forma de insatisfação pessoal que deixa o plano da individualidade e
passa para o plano coletivo, como se todos fossem culpados da insatisfação
pessoal de cada indivíduo. Parece que a impossibilidade de alguém atingir objetivos
pessoais decorre de algum governo, de alguma corrupção ou de algum órgão que
deveria fazer o indivíduo feliz e não o fez.
O fato é que foi gerado no seio da pessoa brasileira a ideia
de que é possível se ter tudo e de preferência rapidamente, mesmo que os seus recursos
financeiros não lhe permitam alcançar certas conquistas. A necessidade que antigamente
era apenas uma casa, uma bicicleta e um emprego que pagasse as necessidades
básicas, foi modificada com o passar dos tempos e a chegada da tecnologia de
comunicação às mãos de quase todos os brasileiros. A mesma pessoa que em outras
épocas se conformava com um emprego em um banco comum, hoje quer muito mais do
que o salário de bancário lhe possa oferecer. Trabalham marido e mulher e nada
é suficiente porque o celular, o carro, a televisão a geladeira enfim quase
tudo ficou superado por novas tecnologias e precisa ser trocado. Antigamente
uma bicicleta durava vinte anos ou mais, e atualmente ela nem chega a fazer
aniversário ou porque foi destruída pelo mau uso ou porque foi roubada numa
dessas esquinas da cidade.
Há nos debates diários uma tendência de culpar os governantes
e a corrupção pelo insucesso do indivíduo que não conseguiu trocar o carro ou o
celular que lhe permite acessar as novidades e se sentir na vanguarda do mundo “globalizado”.
O mundo tem produzido mais e mais equipamentos e acessórios,
em grande parte inúteis ou supérfluos, mas que agradam e confortam o desejo
exacerbado de consumo. Uma pessoa que não trabalha e nem percebe rendimentos,
consegue andar pelas ruas com um celular de mais de dois mil reais nas mãos
transmitindo fotos e mensagens sem qualquer utilidade ou rindo das “porcarias”
que postam nas redes. É o mundo das banalidades.
A insatisfação do povo vem sendo motivada muito mais pela impossibilidade
de conseguir um novo celular do que pela crise econômica que vai reduzir o PIB
brasileiro em 1,5%, ou pela propaganda negativa que vem atrapalhando a vida do
país. Na medida em que se diz que a crise está matando o país, as nossas
dificuldades, mesmo que sem importância vital vão se cristalizando e agravando
psicologicamente o emocional do povo em relação à nação. Afinal, a perda de
1,5% de algo, não pode ser considerada crise fatal. Se retirarmos uma laranja
em uma cesta com cem unidades, talvez nem haja diferença de peso na balança. Entretanto
como no nosso sistema político, os políticos vivem de criticar os defeitos dos
outros ao invés de mostrarem as suas possíveis virtudes, fica o Aécio xingando
o Lula ou o PSDB mostrando defeitos no PT e vice versa, o povo na outra ponta
sendo influenciado por críticas e contra críticas agravadas por uma parte da
imprensa marrom que vive da desgraça alheia. Quem viu a Dilma na TV em evento
internacional ontem, com diversos países, percebeu que a preocupação do mundo é
a China que tantos endeusavam porque crescia 10% ao ano, está entrando em
parafuso. A China está preocupando o mundo com a sua possível crise interna que
pode abalar em grande parte as economias do mundo. O Brasil, a gente sabia que
não está nesse mesmo grupo de risco porque possui uma economia estável, já passou
por estágios que a os outros BRICs irão passar, já possui sindicatos, direitos
trabalhistas e uma estrutura bancária sólida. Entretanto, os debates políticos
são de uma irresponsabilidade tão grande que levam o povo a acreditar que o
Brasil está indo rumo à quebra generalizada. O fato é que a raiva do Aécio em
relação à Dilma e ao PT, ou do Eduardo Cunha ou do Renan, podem significar
apenas uma briga de interesses de grupos. Ontem o homem da TV falou que o Renan,
presidente do Senado Federal está muito bravo porque está sendo investigado
pela polícia federal e a Dilma não faz nada pra ajudá-lo. Sabem o que ele fez?
Usou verba pública para pagar pensão de uma filha fora do casamento. O Eduardo
Cunha presidente da Câmara Federal a mesma coisa, está p... da vida porque até
seu gabinete foi vasculhado por ordem judicial pela política federal. É a
bandidagem oficial que está muito mais em crise do que o Brasil.
Essa intolerância desonesta de todos os lados, está prejudicando
a vida do país, que sem os pessimismos dos políticos, poderia sofrer menos e se
recuperar mais rapidamente. Quem conseguir raciocinar nesse tumulto, vai enxergar
que o mais importante é o Brasil que certamente se recuperará e vai superar
esta, e qualquer outra crise a despeito dessa politicalha nojenta que mais atrapalha
do que ajuda.
O melhor que podemos fazer é não torcer nem pra um grupo e nem
pra o outro, mas para o Brasil, e tentar aprender a votar melhor nas eleições
de prefeitos e vereadores que estão vindo por ai. Se nós não conseguimos eleger
prefeitos sérios e nem vereadores descentes, como é que vamos entender Brasília
que está tão longe de nós?
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