segunda-feira, 28 de setembro de 2015

CRESCIMENTO PODE NÃO SIGNIFICAR DESENVOLVIMENTO

CRESCIMENTO PODE NÃO SIGNIFICAR DESENVOLVIMENTO

A cidade de Caraguatatuba tem experimentado um crescimento populacional nos últimos tempos, o que a transforma em uma região de grande interesse econômico, ou melhor dizendo, comercial. São lojas de grandes redes, shopping, pequenos comércios varejistas e assim vai formando um volumoso centro de negócios. Com o crescimento do número de habitantes, ocorre um aumento significativo do número de veículos, pedestres e ciclistas, o que tem gerado um sistema complexo de tráfego na região central da cidade, já que a administração pública tem deixado a desejar na estruturação do tráfego, que mais multa do que facilita a vida das pessoas, tanto dentro como fora dos veículos. Os conflitos entre pedestres e ciclistas e veículos são uma constante com discussões e até agressões por conta dos riscos de colisão e atropelamentos, o que poderia ser resolvido se o sistema de trânsito da cidade fosse entregue a engenheiro de trânsito ao invés de policiais da reserva que ficariam melhor no comando da guarda municipal se houvesse guarda na cidade. Trânsito não é problema de polícia, mas de técnica de engenharia. Quem dirige em São José dos Campos e depois vai fazer o mesmo em Caraguatatuba, dadas as devidas proporções, nota a diferença das duas realidades. Em Caraguá o pedestre que deseja atravessar uma rua ou avenida de grande fluxo de veículos, não conta com sinaleiros de trânsito, salvo raras exceções e acaba dependendo da boa vontade do motorista a todo o instante. O ciclista anda no meio do trânsito com telefone celular nas mãos, bicicletas sem freio, sem sinalização luminosa, e muito mais. O pedestre conta com a boa vontade do motorista e o motorista não conta com a boa vontade dos pedestres que, via de regra, se negam a aguardar a passagem de alguns veículos que estejam perfilados na via pública. Disseram que o pedestre tem preferência e ele agora acha que essa faculdade é tão absoluta que em algumas esquinas os veículos às vezes em grande número não conseguem andar.  Claro que o direito é do pedestre, mas se não há regulamentação técnica do controle de comportamentos, certamente haverá conflito, principalmente nas esquinas de grande movimento como a da agência do Bradesco na avenida Anchieta com a rua São Benedito, que exige um sinaleiro urgentemente. Neste quesito, Caraguatatuba não tem se sensibilizado diante da necessidade de controle dos fluxos por sinaleiros luminosos.
Outro ponto que mostra atraso no crescimento da cidade é a quantidade de ruídos que é produzido por caixas e carros de som, com volumes muito altos a incomodarem os ouvidos dos transeuntes e das pessoas que trabalham ou moram no centro da cidade e são submetidas diariamente a um nível muito desconfortável de ruídos. Caraguá está se tornando uma cidade extremamente barulhenta que necessita de uma política de controle desses emissores de ruídos especialmente dos equipamentos instalados nas portas de lojas e em veículos. A Marta Suplicy quando prefeita de São Paulo, patrocinou a tal lei do “Psiu” que visava a correção desse fator de desconforto que prejudica a saúde auditiva das pessoas.
O crescimento da cidade não pode ser confundido com “desenvolvimento” porque desenvolver é aumentar de tamanho de forma organizada e crescer de qualquer jeito, pode significar um aumento de volume do corpo físico causado por alguma espécie de inflamação doentia.
Um exemplo de que o controle eficiente desses fatores pode ser benéfico é a situação da Avenida Rio Branco na entrada da cidade, que permitia velocidade descontrolada aos veículos e que depois de muita reclamação a população que vive na imediações do Bairro Jaraguazinho, que por várias vezes fechou a rodovia com manifestações populares, onde foram instalados equipamentos eletrônicos e sinalização e solo, com o fim de estabelecer o controle da velocidade no local e os acidentes não mais ocorreram.
Caraguatatuba, tem crescido e por isso, necessita de políticas públicas mais atentas ao emprego sistemático de novas tecnologias, tanto no controle do trânsito como no índice de produção de ruídos, para assim evitar que o crescimento desordenado se torne lá na frente, fato complicador.  Registre-se que há estabelecimentos comerciais sem a devida proteção acústica, produzindo ruídos excessivos na cidade e espantando turistas, sem que a fiscalização municipal faça o seu papel e impeça os abusos. Há bares com verdadeiras avalanches sonoras durante a noite que é legalmente reservada ao sono e descanso noturno das pessoas. 
A preocupação é que vem chegando a temporada de verão, a cidade vai receber muitos turistas, e o trânsito será mais complicado, assim como o índice de ruídos tende a aumentar com as promoções do comércio ávido de novas clientelas. Cidade turística não pode ser sinônimo de bagunça e permissividade. O turista merece ser tratado com respeito e conforto sob pena de não voltar à cidade, e a cada ano Caraguatatuba tem perdido muito na quantidade de visitantes de outras épocas. Será que a culpa pela redução do fluxo de turistas, desta vez será atribuída à tal crise econômica do Brasil?
João Lúcio Teixeira



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