CRESCIMENTO PODE NÃO SIGNIFICAR DESENVOLVIMENTO
A cidade de Caraguatatuba tem
experimentado um crescimento populacional nos últimos tempos, o que a
transforma em uma região de grande interesse econômico, ou melhor dizendo,
comercial. São lojas de grandes redes, shopping, pequenos comércios varejistas
e assim vai formando um volumoso centro de negócios. Com o crescimento do
número de habitantes, ocorre um aumento significativo do número de veículos,
pedestres e ciclistas, o que tem gerado um sistema complexo de tráfego na
região central da cidade, já que a administração pública tem deixado a desejar
na estruturação do tráfego, que mais multa do que facilita a vida das pessoas,
tanto dentro como fora dos veículos. Os conflitos entre pedestres e ciclistas e
veículos são uma constante com discussões e até agressões por conta dos riscos
de colisão e atropelamentos, o que poderia ser resolvido se o sistema de trânsito da cidade fosse entregue a engenheiro de trânsito ao invés de policiais da reserva que ficariam melhor no comando da guarda municipal se houvesse guarda na cidade. Trânsito não é problema de polícia, mas de técnica de engenharia. Quem dirige em São José dos Campos e depois vai
fazer o mesmo em Caraguatatuba, dadas as devidas proporções, nota a diferença
das duas realidades. Em Caraguá o pedestre que deseja atravessar uma rua ou
avenida de grande fluxo de veículos, não conta com sinaleiros de trânsito,
salvo raras exceções e acaba dependendo da boa vontade do motorista a todo o
instante. O ciclista anda no meio do trânsito com telefone celular nas mãos, bicicletas sem freio, sem sinalização luminosa, e muito mais. O pedestre conta com a boa vontade do motorista e o motorista não
conta com a boa vontade dos pedestres que, via de regra, se negam a aguardar a
passagem de alguns veículos que estejam perfilados na via pública. Disseram que
o pedestre tem preferência e ele agora acha que essa faculdade é tão absoluta
que em algumas esquinas os veículos às vezes em grande número não conseguem
andar. Claro que o direito é do
pedestre, mas se não há regulamentação técnica do controle de comportamentos,
certamente haverá conflito, principalmente nas esquinas de grande movimento
como a da agência do Bradesco na avenida Anchieta com a rua São Benedito, que exige um sinaleiro urgentemente. Neste
quesito, Caraguatatuba não tem se sensibilizado diante da necessidade de
controle dos fluxos por sinaleiros luminosos.
Outro ponto que mostra atraso no
crescimento da cidade é a quantidade de ruídos que é produzido por caixas e
carros de som, com volumes muito altos a incomodarem os ouvidos dos transeuntes
e das pessoas que trabalham ou moram no centro da cidade e são submetidas diariamente
a um nível muito desconfortável de ruídos. Caraguá está se tornando uma cidade
extremamente barulhenta que necessita de uma política de controle desses
emissores de ruídos especialmente dos equipamentos instalados nas portas de
lojas e em veículos. A Marta Suplicy quando prefeita de São Paulo, patrocinou a
tal lei do “Psiu” que visava a correção desse fator de desconforto que
prejudica a saúde auditiva das pessoas.
O crescimento da cidade não pode
ser confundido com “desenvolvimento” porque desenvolver é aumentar de tamanho
de forma organizada e crescer de qualquer jeito, pode significar um aumento de
volume do corpo físico causado por alguma espécie de inflamação doentia.
Um exemplo de que o controle
eficiente desses fatores pode ser benéfico é a situação da Avenida Rio Branco
na entrada da cidade, que permitia velocidade descontrolada aos veículos e que
depois de muita reclamação a população que vive na imediações do Bairro
Jaraguazinho, que por várias vezes fechou a rodovia com manifestações
populares, onde foram instalados equipamentos eletrônicos e sinalização e solo,
com o fim de estabelecer o controle da velocidade no local e os acidentes não
mais ocorreram.
Caraguatatuba, tem crescido e por
isso, necessita de políticas públicas mais atentas ao emprego sistemático de
novas tecnologias, tanto no controle do trânsito como no índice de produção de
ruídos, para assim evitar que o crescimento desordenado se torne lá na frente,
fato complicador. Registre-se que há estabelecimentos comerciais sem a devida proteção acústica, produzindo ruídos excessivos na cidade e espantando turistas, sem que a fiscalização municipal faça o seu papel e impeça os abusos. Há bares com verdadeiras avalanches sonoras durante a noite que é legalmente reservada ao sono e descanso noturno das pessoas.
A preocupação é que vem chegando
a temporada de verão, a cidade vai receber muitos turistas, e o trânsito será
mais complicado, assim como o índice de ruídos tende a aumentar com as
promoções do comércio ávido de novas clientelas. Cidade turística não pode ser
sinônimo de bagunça e permissividade. O turista merece ser tratado com
respeito e conforto sob pena de não voltar à cidade, e a cada ano Caraguatatuba tem
perdido muito na quantidade de visitantes de outras épocas. Será que a culpa pela
redução do fluxo de turistas, desta vez será atribuída à tal crise econômica do
Brasil?
João Lúcio Teixeira
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