O estado
brasileiro segue o seu destino sem bússola e sem velocímetro, numa viagem que
poderia ser mais tranquila se as diversas vertentes que influem no poder se
entendessem e buscassem juntas a utópica união de forças rumo ao
desenvolvimento. O governo Fernando Henrique foi um período que valorizou em
parte as intenções sociais, com a tal social democracia, e avançou alguns
pontos na rota de justiça social, ainda que timidamente. Lula aprofundou a
aliança entre poder e trabalhador, deixando o empresariado como coadjuvante,
papel secundário que nunca agradou aos capitalistas convictos acostumados aos
polpudos financiamentos dos seus negócios nem sempre lícitos, vide o exemplo
das empreiteiras cujos dirigentes estão presos e a culpa é do governante e não
do empresário, segundo a opinião dos derrubadores de governo. O Brasil
tornou-se um estado muito grande, com impostos de primeiro mundo e serviços
públicos equiparados aos da África, ou seja, de terceiro mundo. A corrupção tem
sido o grande problema da estrutura política brasileira. Corrói qualquer orçamento e empobrece a
qualidade dos serviços públicos especialmente o de saúde e educação, além de
prejudicar tanto em qualidade como em quantidade as obras públicas e a
infraestrutura, cujos custos são altos e os resultados são de má qualidade,
vide a ciclovia do Rio de Janeiro, último exemplo da afobação e falta de
controle das obras públicas.
Notícias
chegam de Brasília e de São Paulo, dando conta de que o vice-presidente Michel
Temer em seus preparativos para composição de eventual governo em substituição
à Dilma, cuja cassação é controversa, está deixando bastante felizes os
representantes, do empresariado, da agricultura, da indústria, e os economistas
que têm saído satisfeitos das visitas ao eventual futuro presidente do Brasil.
Nesta
semana foi o representante da FIESP - Federação das Indústrias de São Paulo,
que em entrevista depois de visitar o Temer, diz ter obtido dele a promessa de
que não vai aumentar tributos, vai estabelecer idade mínima para a
aposentadoria, e vai enquadrar o orçamento público à realidade financeira do
estado brasileiro.
Isso quer
dizer que está chegando ao fim a aliança entre governo e trabalhadores, que
poderá ser substituída pela nova velha aliança entre empresários e governos. As
manifestações indicam que poderá haver redução nos programas sociais de combate
à pobreza, como bolsa família, minha casa minha vida e outros, e deverá haver
maior incentivo aos investimentos de capitais, para recuperar a chamada
credibilidade do investidor. Essa é a vontade da maioria das forças que estão
bancando a queda do governo popular do Partido dos Trabalhadores.
No
ambiente político, nada é tão claro como parece, e os partidos que estão se
unindo ao PMDB para derrubar o governo poderão se juntar ao mesmo PT ali na
frente para substituir o possível futuro governo do PMDB.
No fundo
a queda de braço está instituída entre o capital e o trabalho, desta vez, com o
poder popular sendo destituído de forma dramática.
Há
possibilidade de que os movimentos populares de rua, voltem a ser promovidos
pelas organizações sindicais, e que o conflito de interesses passe por momentos
tormentosos se os interesses dos trabalhadores forem atingidos pelo novo
programa de governo da chamada burguesia economicamente incorreta, que só
visualiza o resultado econômico sem ter olhos para o social.
João Lúcio Teixeira
João Lúcio Teixeira
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