A comunicação social nos tempos
modernos, pode estar surpreendendo a humanidade, já que o mundo pode conhecer
algum fato em poucos segundos, sem que haja possibilidade de censura. A
internet veio para inaugurar a era da liberdade absoluta do que se pode dizer
ao mundo. Qualquer cidadão que tenha um aparelho de telefone celular pode falar
ao mundo a qualquer momento e difundir um fato em questão de segundos. O Brasil
está nesse universo e possui cerca de 200 milhões de aparelhos celulares com possibilidade
de conectar à rede universal. A informação percorre as ondas eletromagnéticas
que fazem parte do universo e que não é controlada por nenhum governo,
atravessa oceanos rapidamente e difunde as ideias. Não havendo possibilidade de
censura, cada indivíduo tem que saber que os excessos podem ser punidos porque
mesmo que se queira retirar do ar, o que foi dito, não será possível apagar os
dados que chegaram aos inúmeros telefones e computadores do mundo. Com base
nisso, a operação “lava jato” é um exemplo de aumento da capacidade de punição através
de provas colhidas na rede de comunicação social.
Esse sistema pode fazer bem e
pode causar mal dependendo da forma com que é utilizado, assim como qualquer
tecnologia nova que pode salvar ou ceifar vidas dependendo da forma com que
seja utilizada.
Se os jornais, revistas, rádios e
televisões, não são mais os únicos difusores de informações, todos os cidadãos
viraram jornalistas, radialistas ou mais, mesmo sem conhecerem o código de ética
da comunicação. Aliás a constituição federal de 1988 foi quem antecipou essa
possibilidade quando diz em um dos incisos do artigo que fala sobre direitos e
garantias individuais, que serão livres e independem de autorização e licença,
as atividades de comunicação, artísticas e culturais, conteúdo que acabou com a
Ordem dos Músicos, e ainda que muito combatida, a regra acabou com a
exclusividade do diploma de jornalismo para se ingressar na profissão. Hoje
quem tiver alguma formação superior em qualquer área, pode se dirigir a um
posto do ministério do trabalho e requerer a sua inscrição como profissional
jornalista. Isso irrita à comunidade de profissionais formados em jornalismo,
mas não tem como impedir a possibilidade, se não for modificada a constituição.
Muitos médicos, advogados, engenheiros,
pedagogos, e outros, exercem regularmente a profissão de jornalista devidamente
autorizados.
Na prática, há abusos para mais e
para menos, e os abusos acabam controlados por outra forma de restrição que vem
dos direitos e garantias individuais dos demais indivíduos, como no caso de
crime contra a honra (calúnia, difamação e injuria) que se ofendida a honra de alguém
por alguma publicação ofensiva, pode ser iniciado um processo crime que poderá
terminar em condenação do ofensor à prisão, e por isso o cuidado em relação ao
que se escreve é fundamental para serem evitados os dissabores de estar em um
banco de réu, frente a algum juiz o que extremamente desagradável.
Noutra face da observação, há na
legislação civil o instituto da indenização por danos morais que pode advir de
um processo civil a obrigação de indenizar o desconforto causado a alguém por
ofensas escritas em rede social. Têm sido muito comuns as ações cíveis e
criminais e a justiça tem punido com severidade os comportamentos mais exacerbados.
Tudo o que surge no mundo com
poder de influir no comportamento humano, leva algum tempo para ser absorvido e
utilizado com comedimento até que seja definitivamente absorvido.
O que mais desejam algumas
pessoas quando no auge da raiva, é xingar a algum desafeto que lhe tenha
causado aborrecimento, ou quem sabe uma traição no casamento, uma dívida não
paga, mas existem temas que são de interesse privado e não público. Tornar
pública uma situação privada somente para fins de vingança, é ato que pode
render sentença condenatória civil e criminal.
A rede é, talvez, a maior
conquista da humanidade nos últimos tempos, nos permite ver e falar
gratuitamente com alguém que esteja do outro lado do mundo, nos permite saber
em tempo real com ou sem imagem sobre algo que acontece longe de nós, e nos
permite divulgar fatos à vontade. Só que é conveniente lembrar que existe algum
juiz em algum gabinete que se for provocado por alguém que se sinta ofendido
com alguma publicação, lá na frente poderá haver responsabilização. Lembre-se
do caso de um jovem que foi torturado e morto pela polícia militar do Rio de
Janeiro, e que por azar dos policiais o telefone celular de um deles gravou os
sons da execução. Os agentes policiais não contavam com essa possibilidade e
agora certamente terão dificuldades para negarem a verdade. O que foi para a
rede não pode ser apagado, tal como o projetil depois de deflagrado o tiro. Não
há possibilidade de volta.
A rede pode ser o Grande
instrumento de difusão de conhecimento, e tem sido, mas tem trazido muita
informação maldosa, distorcida que precisa ser cuidadosamente observada. Há
quem tenha censo de limite e de responsabilidade, mas há também quem inventa ou
altera fatos e os publicam enganando os leitores. Há brincadeiras que ofendem, há de tudo nessa
forma de mídia, diferente da televisão que não publica antes de confirmar a
veracidade e autenticidade do conteúdo.
Assim, quem não quiser se aborrecer
com os resultados do que escreve ou do que compartilha, compartilhar também
traz responsabilidades, deve usar o senso crítico do jornalista para se
prevenir dos dissabores.
João Lúcio Teixeira
MTB- 83284
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