segunda-feira, 2 de maio de 2016

O QUE DE FATO ACONTECEU COM O GOVERNO PETISTA

Os trabalhadores levaram séculos para chegarem ao poder central da república brasileira, ainda que a história conte que o Getúlio Vargas poderia ter sido considerado um governo com vocação popular, mas na verdade, ele era um burguês fazendeiro gaúcho que explorava bem a ideia de governante popular. Popular àquela época não significava se tratasse ele de representante da classe pobre. Protegia os pobres para obter votos e isso ele fez muito bem. Tinha algumas crises de brasileirismo e não dá pra dizer que tivesse sido um governante burguês na essência e nem socialista na prática. Era um populista travestido de pai dos pobres. O Lula subiu ao pódio com o estigma de governante oriundo das classes operárias e governou com explicita atitude de quem se preocupava com a redução da miséria e da pobreza, o que de fato acabou constatado ao final de seus oito anos de presidência da república, e que lhe permitiu eleger a sucessora Dilma Rousseff, que ainda se reelegeu ao final do primeiro mandato de quatro anos. O cenário político mostrava que havia possibilidade de o Lula voltar a ser eleito ao final do governo Dilma e assim, poderia o PT seguir na presidência. Isso não agradava à tradicional ideia burguesa de governança voltada para os interesses dos investimentos de capital, dos lucros dos negócios, credibilidade no sistema econômico e outras vocações que têm por finalidade proteger o capital que sempre serviu aos financiamentos empresariais muito mais do que aos interesses dos trabalhadores diretamente. Assim, é o BNDES que sendo um banco nacional do desenvolvimento econômico e social, só financia a economia e nunca o social. A alegação é de que assim estaria proporcionando geração e empregos depois que as empresas financiadas pelo dinheiro público estejam funcionando. Ora, financiar os investidores sempre não é exatamente finalidade social porque nem sempre os empreendimentos resultam em sucesso e nem sempre o sucesso vira empregos justos com salários justos e responsabilidade social. Muitos investimentos não sobrevivem e dão prejuízo ao fundo público que compõe os recursos do BNDES, e outros empreendimentos não resultam empregos e salários socialmente justos. Mas a burguesia “econômica” acostumada a se beneficiar dos recursos públicos advindos das benesses permitidas pelos políticos eleitos com ajuda dos próprios empresários, viraram obsessão e quando o governo deixa de atender os interesses do capital e passa a financiar o combate à fome, a permitir vagas aos pobres em universidades antes ocupadas somente por ricos, o governo é combatido e se possível derrubado em nome da salvação da burguesia em grande parte mal resolvida que só sobrevive se com o auxílio direto do dinheiro público. Estão querendo reduzir as dívidas dos estados, querem renegociar as dívidas da agricultura, querem perdão em dívidas não pagas ao governo federal ou a bancos oficiais, e querem até perdoar clubes de futebol que não recolheram INSS de seus funcionários e jogadores.
Se não conseguem, derrubam o governo e colocam no lugar um outro que fale a linguagem do capitalista que nunca sai do buraco e precisa sempre de mais investimentos públicos em seus negócios. A Dilma não fez o jogo, e está sendo derrubada por um conjunto de forças que não tem origem nas classes trabalhadoras.   Dizem que derrubar a Dilma não é golpe, mas falar em eleições diretas imediatamente é golpe. Vai entender esses ricos mal resolvidos que não conseguem viver sem dinheiro público nos seus negócios.
João Lúcio Teixeira - Jornalista

MTB- 83.284

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