quinta-feira, 8 de setembro de 2016

CUIDADO COM O SANTO DO PAU OCO


Em uma das igrejas católicas de Ouro Preto, daquerlas repletas de acervos religiosos que, na verdade, são nada mais do que registros da história do Brasil, um dos guias nos mostrou os anjos que ornavam a parte superior das paredes, um de cada jeito, outros portando instrumento musical, pergaminho, e eu perguntei ingenuamente o porquê dessas diferenças entre uns e outros anjos. A reposta foi surpreendente e veio esclarecer que os anjos se assemelham aos ministros dos governos de hoje, se organizam em nove castas, sendo uma a que cuida da limpeza do céu, outra da segurança, das comunicações e assim o céu fica organizado. Eram Serafins, Querubins, Gabriéis e outros de que não me lembro. Foi uma boa aula de história religiosa.
Mais adiante havia um santo com aspecto muito humilde, em imagem de meio corpo, da cintura para cima, cuja utilidade o guia logo fez questão de ressaltar.
- Vocês estão vendo este santo com carinha de santo?

Continuou

- É o mais espertalhão e todos e prestou grandes serviços à corte portuguesa ou aos corruptos de lá, viajando constantemente do Brasil para Portugal e ia sempre como o grande protetor da embarcação, para proteger os tripulantes e passageiros. Tinha fama de protetor dos viajantes, mas na realidade era outra a sua função.
O guia nos encaminhou para a parte de trás da imagem e abriu uma portinha que havia nas costas dela e nos explicou que aquele espaço vazio do interior da imagem era utilizado para esconder o ouro que era contrabandeado do Brasil para Portugal sem que pagassem os impostos cobrados pela realeza e sem o conhecimento oficial da remessa.
O “santo do pau oco” sempre foi uma expressão usada no Brasil ou pelo menos em Minas Gerais e Rio de Janeiro, como apelido daquelas crianças que faziam a arte e escondiam a mão. Os dissimulados que quebram a jarra e dizem não fui eu, eu não vi quem foi e nem sabia que tinha quebrado.
Hoje acordei com vontade de relembrar a lenda para que não caia no esquecimento e mantenha viva a narrativa na hora de votar. Não vote mais em “santo do pau oco” se não o seu ouro vai pro brejo e eles vão dizer que não têm conta bancária fora do Brasil e vão até jurar que são pobres.  

João Lúcio Teixeira - Jornalista

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