DO ESTRELATO AO OSTRACISMO
Há cerca de seis meses o Brasil vivia a euforia do “impeachment”
da Sra. Dilma Rousseff presidente da república. O rito era comandado pelo
presidente da câmara dos deputados o Sr. Eduardo Cunha que posava de autoridade
máxima e de arauto da moralidade política no país. Os órgãos de imprensa estampavam
fotos e mais fotos do Cunha que, como um pavão de plumagem enorme se posicionava
para fotos e poses.
A Dilma caiu de forma impiedosa e cruel mesmo sem nenhuma
acusação de desonestidade contra ela, e foi atirada numa vala comum, talvez por
não ter tido a habilidade suficiente para negociar as negociatas do poder.
Agora, o Cunha que se imaginava possível presidente da
república se o cargo ficasse vago, não é mais presidente da câmara por ter sido
cassado, primeiro pela justiça e depois pelos próprios deputados que antes aplaudiam
a sua coragem de enfrentar a Dilma e o PT. E nem é mais deputado, mas sim um
simples presidiário acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
Foi para ostracismo de tal forma que muita gente nem lembra
mais do seu nome ou da sua figura antipática na mídia.
São 5.570 municípios no Brasil e portanto, a partir de
janeiro de 2017 serão 5.570 novos prefeitos que irão governar as cidades brasileiras,
com uma caneta nova, bonita, e quem sabe de ouro doada por algum empresário do
lixo ou da construção civil e quem sabe do transporte coletivo, e eles estarão decidindo
o futuro do povo que os elegeu.
A grande maioria vai negociar descaradamente o poder, vai
renovar contratos de empresas de ônibus, vai fraudar concorrência de obras, e
vai renovar contratos de lixo, mesmo sabendo que podem sair algemados do gabinete,
e sabendo que os vereadores que irão pressionar essas negociações estarão
loucos para que o prefeito seja preso e cassado para que a cadeira de prefeito
fique vaga.
Tudo isso é sabido, mas os prefeitos vão fazer uso indevido
do poder, porque ainda impera, a nível de municípios, a ideia de impunidade.
Espera-se que com as prisões de senadores, deputados,
ministros e outros figurões, essa safadeza diminua e os prefeitos ao invés de
negociarem com aval de vereadores os interesses públicos passem a cuidar melhor
do desempenho de cargos tão importantes e mostrem que ainda pode haver
esperança. Dos novos eleitos vamos ver quais os que vão conseguir ser honestos.
João Lúcio Teixeira
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