UMA REFLEXÃO SOBRE A VIDA EM
SOCIEDADE
No início da civilização o homem
ocupava cavernas, a espécie se reproduzia de forma desordenada, mas dava início
à ideia de formação de núcleos familiares, mesmo de maneira arcaica numa
economia de subsistência. Nesse modelo o homem produzia somente para consumo do
seu grupo familiar. O pai era a autoridade máxima que exercia o controle social
do grupo com regras próprias e mão pesada. Com o tempo a evolução se construía tendo
como fundamento a necessidade de relacionamento com outras famílias já que
havia tabus como o de não se casarem irmão com irmã, ou filha com o pai. A
sexualidade restava reprimida, mas sempre latente dentro de cada indivíduo, e a
principal realidade da natureza humana não se concretizava.
A cultura desenvolveu em uma
espécie de espírito de dominação em que as famílias mais fortes e com maior número
de componentes dominavam as menos poderosas, tomavam os seus pertences e as
escravizavam. Era o predomínio do poder da força bruta contra a desproteção absoluta
dos menos fortes, até que mais tarde os núcleos descobriram que sem proteção
coletiva seria impossível subsistir, e criaram a figura do estado que se constituía em torno de alguma liderança segundo os costumes de cada agrupamento, tendo
como exemplo mais evidente o cacique nas populações indígenas. Com o passar dos
tempos, chegou-se aos modelos autuais com governantes escolhidos de forma
democrática através do voto popular. Acontece que o homem ainda se vê muito
longe do estado ideal já que todas as democracias flertam com as ditaduras e as
ditaduras se dizem democráticas. Um governante quer se perpetuar por razões das
mais diversas, como idealismo, capitalismo, escravagismo, vaidade, todos a
descaracterizarem a realidade sonhada por todos menos pelos que governam. Venezuela
e Brasil são dois exemplos atuais do quanto o poder anda viciado e mal
resolvido. Lá a ditadura socialista se impõe na força bruta matando e prendendo
pessoas pelo simples fato de pensarem diferente, mesmo que a maioria da
população manifeste o desejo de mudar o modelo político, a minoria detentora do
poder não permite o exercício do voto livre do povo, por entender que o povo
vai errar. A minoria dominante usa do poder capitalista
que se instalou no Brasil de forma no mínimo duvidosa, já que o Temer era vice não titular, e faz uso do mesmo argumento
para defender a economia, que se constitui na maior preocupação do pensamento
capitalista puro. Para eles a economia tem que ir bem, não importando quem será
prejudicado desde que os donos do dinheiro sigam nos seus lucros nem sempre distribuídos
de forma socialmente justa. Para se ter certeza é só ver que ninguém impede os lucros absurdos dos bancos. Lá na Venezuela o socialismo bruto sufoca a democracia e não permite liberdade de escolha ao povo, e aqui o
capitalismo bruto sufoca a democracia impedindo que o ideal popular prevaleça.
O presidente da república cometeu um crime, mas a câmara dos deputados não quer
permitir que ele seja processado pela justiça mesmo que uma pesquisa mostre que 81% do povo quer que o presidente seja processado. O presidente da república
distribui verbas públicas aos deputados em forma de emenda parlamentar na busca
de conseguir que a maioria dos deputados impeçam que seja ele processado por
crime comum que envolve uma mala de dinheiro endereçada ao presidente da
república, e um deputado correndo na rua para fugir dos holofotes e esconder a
mala. Se o Maduro se impõe pela força bruta na defesa do desejo de se perpetuar
no seu projeto de poder, o Temer faz o mesmo apoiado por um grupo majoritário de
deputados que em sua maioria estão também envolvidos em denúncias de corrupção
e poderão ser processados na sequência. Não dá pra dizer se é pior estar na
Venezuela numa ditadura socialista estúpida, ou no Brasil numa quase ditadura
controlada pela corrupção. Há quem diga que lá há democracia e voto livre, e há
aqui quem diga que o Temer foi votado como vice e está corretamente investido
no poder de presidente da república. Qual seria a maior mentira?
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