Sempre se soube que nos últimos anos as prefeituras de todo
o Brasil estavam sendo alvo de desvios financeiros que em alguns casos chegam a
valores que prejudicam as possibilidades de atendimento eficaz aos serviços
públicos a que o povo teria direito, como saúde, educação e manutenção dos equipamentos
pertencentes ao poder público. Os prefeitos são sempre pessoas espertas que
gastam grandes somas nas campanhas e que por isso precisam usar de métodos
desonestos para devolver aos financiadores de campanhas os altos valores dispendidos
nas suas campanhas. Os preços pagos por obras e serviços são geralmente superfaturados
para que os excedentes em dinheiro sejam distribuídos entres os negociadores do
poder. Um exemplo flagrante é a obra do Maracanã no Rio de Janeiro que deveria
custar cerca de 800 milhões, mas custou mais de 1 bilhão e trezentos. Agora
aparecem vários operadores públicos presos, inclusive o ex-governador Sérgio
Cabral por conta de investigações policiais e do ministério público. Nesta
semana aparece na mídia o ex-prefeito de Caraguatatuba, Antônio Carlos da
Silva, do PSDB, juntamente com a ex-secretária de educação Roselli Morilla, sua
parceira de longa data, sob a acusação de haverem comprado um programa
educacional, sem licitação, portanto, de forma irregular, segundo o Ministério
Público que faz a acusação. Eu sempre
falei nas rádios em que fiz jornalismo, que ser prefeito nos últimos anos era
atividade de alto risco, mas muitas pessoas não acreditavam e preferiam crer na
impunidade. O grande problema é o tal governo de coalisão, em que os prefeitos
dizem necessitar do apoio dos vereadores para conseguir governar. Isso quer
dizer que a câmara municipal que existe para fiscalizar o prefeito e os demais
servidores da prefeitura, se vendem em troca de cargos e às vezes de dinheiro,
para não exercerem o seu poder de órgão investigativo. O poder legislativo, dos
vereadores inexiste por conta da corrupção e as finanças públicas viram objeto
de barganha o que poderia render a todos os vereadores da base de apoio do
governo possível acusação de crime de peculato por protegerem o prefeito quando
deveriam fiscaliza-lo. No caso do prefeito de Caraguá a câmara de vereadores
poderia ter verificado o fato tido como ilegal antes da justiça. Quem pesquisar
a situação dos ex-prefeitos das cidades da nossa região vai ver que não sobrou
quase ninguém dentre os que foram prefeitos e presidentes de câmaras
municipais. Estão todos com direitos políticos suspensos, e respondendo a
processo crime, civil ou eleitoral. O dinheiro desviado nessas negociações pode
perfazer grandes somas, mas hoje existe a possibilidade de que tenham que
devolver tudo e ainda serem presos. Quando vão presos entram em depressão
porque quem acostuma com os hotéis de cinco estrelas e aviões de primeira
classe, tem dificuldade de se acomodar em cubículos coletivos de seis metros
quadrados e ocupado por mais de uma pessoa. A cadeia que antes era somente para
pobres e pretos é hoje uma realidade na vida da burguesia faminta por dinheiro
sujo. Só no Litoral Norte e Vale do Paraíba, são mais de quinze ex-prefeitos
que poderão parar na cadeia. Eu já sabia disso há muito tempo, e só eles é que
achavam que seus amigos de cargos mais altos poderiam salvá-los em qualquer dificuldade,
mas os grandões também estão sendo presos. Eu que sempre acreditei no Brasil,
estou feliz em ver que o país tem jeito.
O pior é que ainda há prefeitos, presidentes de câmaras e até
vereadores que continuam achando que podem roubar à vontade. Aguardem.
João Lúcio Teixeira
Jornalista
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