O QUE IMPORTA NÃO É O QUE EXISTE
O ser humano é dotado de dois
fatores fundamentais na sua constituição, quais sejam: o corpo físico e a
mente, ou alma como queiram, compondo-se assim a parte imaterial e a
parte material que perfazem um conjunto de fatores que permitem ao homem
sentir prazer, ser feliz, pensar, planejar o futuro de forma tranquila,
ou de outro lado, sofrer, chorar, e até se matar diante de situações
idênticas.
Segundo as experiências vividas em divãs, cada ser humano
tem a sua conformação particular, tanto no que diz respeito à sua
fisiologia, que se expressa na impressão digital a mostrar que os corpos
não são iguais, assim como os dedos das mãos e as marcas que eles podem
produzir nos documentos pessoais que são sempre diferentes.
Falando-se em corpo físico, somos todos diferentes ao contrário do que
pensava o legislador constitucional que afirmava que somos todos iguais.
Não somos.
nxergar o mundo ou, quem sabe, a forma de entender a
vida em sociedade, é a mente, que alguns chamam de espírito, de alma, de
aura, que mostram que cada ser humano entende um mesmo fato de modo
diferente segundo a sua experiência vivida e armazenada no seu
inconsciente. Isso é o que se denomina de significado psicológico ou
representação mental de um certo acontecimento, figura ou fato. Para uns
uma cadeira pode significar um trono confortável que acomoda o rei,
pode significar a cadeira de balanço da avó a tricotar, mas pode
significar também uma cadeira elétrica, dependendo de quem observa. A
cadeira não importa, mas o que importa é o que uma pessoa sente diante
do termo cadeira escrito ou falado. Tudo é uma questão de interpretação
automática da mente que leva em conta os seus arquivos e registros que
foram sendo depositados no inconsciente ao longo da vida. Quem viveu em
ambiente de paz terá uma forma de olhar ou ouvir a palavra cadeira e
quem viveu em ambiente de guerra ou de violência, terá outra reação ao
ouvir ou ver o termo cadeira ou a figura da cadeira. Assim é com a roda
que pode significar uma roda que atropelou alguém ou uma roda gigante do
parque de diversões.
Cada pessoa, na sua individualidade, sentirá prazer ou sofrimento diante de um mesmo fato ou figura.
O porque as pessoas são tão diferentes incluindo os irmãos gerados e
criados em um mesmo ambiente, é a grande pergunta que se ouve quando das
comparações, e a resposta é simples: Um irmão mais velho não tinha
irmãos mais novos durante uma época importante da sua vida, e certamente
recebeu informações que não incluíam a figura do irmão que não existia.
Assim, foi formado dentro de um ambiente completamente diferente de
quando outros irmãos haviam a disputar, o brinquedo, o colo, o lugar na
mesa e assim por diante. Desse modo, fica evidente que as informações
decorrentes das observações do mundo são diferentes mesmo entre irmãos.
O ser humano é uma grande caixa que armazena conhecimentos a todo
momento, seja diante de coisas boas ou de coisas ruins, e a tendência é
reproduzir, no seu comportamento adulto, atitudes decorrentes do que
viveu, porque ninguém revive o que nunca conheceu, e nem reproduz algo
que nunca conheceu de algum modo.
Por isso o titulo deste escrito
que quer salientar a ideia de que o que importa não é o que existe, mas
sim o que uma pessoa sente diante do que vê ou ouve. Quem sofreu na
guerra não conviverá bem com estampidos de fogos de artifício, quem
sofreu abuso sexual pode detestar o sexo, quem viu a mãe ser agredida
pelo pai, certamente vai viver só, e assim, a menos que seja submetido a
tratamento capaz de modificar a estrutura mental, e subverter os
significados nocivos que as ideias trazem, os seres humanos que sofrem
com as suas lembranças estarão fadados ao eterno sofrimento.
Aquele
que vivenciou situações de amor, de paz, de carinho, de calma e de
compreensão terá formado uma mente tranquila e poderá conseguir uma vida
de equilíbrio porque o que importa é o que ele sente diante das coisas e
não as coisas em si.
João Lúcio Teixeira
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