quinta-feira, 10 de março de 2011

Índice de Desenvolvimento Humano. - Ricardo Gaspar

O IDH é o resultado obtido pela divisão de L + E + R por 3.
Ou seja: IDH = (L + E + R) : 3

Onde L é o índice de longevidade, E é o índice de educação e R, renda.

Não precisa ser mestre em matemática para saber que quanto maior o numerador

(L + E + R), sendo o denominador fixo, maior será o valor do IDH.

E quanto maior o IDH, melhor será a qualidade de vida do ser humano. Então, para melhorarmos as condições de um povo, de um país, precisamos melhorar esses índices.

A Longevidade está ligada a Saúde.

A Educação ligada a Alfabetização e Escolarização.

A Renda ligada a Geração de Emprego.

Como nossas condições estão longe de serem ideais, vamos imaginar como governar uma cidade. E, como o tempo não para, vamos começar já:

Planejamento e Gestão são fundamentais.

O ponto de partida é o orçamento municipal e vamos admitir que a maneira de gastá-lo já foi definida e aprovada pelo Legislativo.

Para o futuro, implantar o orçamento participativo é importante e necessário: além de maior transparência, haverá uma união dos munícipes que se sentirão mais valorizados e responsáveis. Haverá sinergia.

Um diagnóstico dos problemas e definir as prioridades são ações que podem ser feitas pelas entidades de classe, organizações e associações, incluindo as do terceiro setor, instituições de ensino, religiosas e de serviços públicos. Tenho certeza que vários bairros, talvez cidades inteiras, já tenham esses levantamentos prontos. E bem completos, com alto grau de acertos.

Sabem por que essa etapa é simples de ser feita? Porque nossos problemas são tantos, tão graves e tão repetitivos que qualquer levantamento incluirá 80% deles. Falta ação.

As várias secretarias do poder executivo devem trabalhar sempre em conjunto para termos um governo mais eficiente. Sem perder o foco no IDH, vamos aos exemplos para melhorar a eficiência:

A Saúde e, em especial, a Saúde Preventiva está associada ao Esporte, Educação, Assistência Social, Comunicação.

A Educação está associada à Cultura, ao Meio Ambiente, Urbanização, Transito, Limpeza, Manutenção dos prédios e vias de circulação, Esporte, Comunicação.

A Renda está associada ao Turismo, a Obras, Cultura, Educação, Esporte, Assistência Social.

As secretarias devem obedecer as normas Jurídicas e observar os recursos da Fazenda. Tudo sendo possível, porque houve Planejamento e haverá Gestão.

Mostrando um modelo eficaz de governo teremos mais força para cobrar e exigir das esferas estaduais e federais o investimento em Segurança, Saneamento Básico, Habitação, Saúde e Educação.

Adotar projetos vitoriosos é um dever e, como o modelo já existe, sua implantação é mais fácil. Para exemplificar, vale destacar a Pastoral da Criança. Projeto simples, inteligente, baixo custo e para o qual a prática da solidariedade é fundamental. Sua criadora, a Dra. Zilda Arns, dizia sempre que, quanto maior o apoio e incentivo do prefeito, o desenvolvimento do projeto é melhor e os resultados obtidos são maiores. Estamos falando dos cuidados com a mãe e o recém nascido, visando prevenir doenças e diminuir a mortalidade infantil. E isto está acima de qualquer partido político ou ideologia religiosa.

A maior homenagem à memória da Dra. Zilda será mostrar que seu projeto permanece e continua crescendo.

A inclusão social deve ser prioridade. Tudo que foi citado anteriormente visa esta inclusão. E concordo com aqueles que acreditam que, para uma inclusão mais rápida, o investimento no talento é o mais adequado. Como precisamos dessa rapidez, é prioritário investir mais na Cultura e Esporte. Muito mais.

Para vencer como artista ou esportista, além do talento, é preciso dedicação, disciplina, estudo, aperfeiçoamento constante. Se houver investimento nestas áreas, estejam certos que seremos surpreendidos com a qualidade e os resultados.

Investir nos equipamentos e construção de locais adequados, nos professores, monitores. Incentivos com bolsas e outros custeios para formação e aperfeiçoamento. Contratação dos artistas locais nos eventos oficiais, promoção de festivais e competições com premiação.

Basta acreditar nos nossos talentos e na sua evolução. E isso vale tanto para os dirigentes quanto para a população, pois alguns espetáculos sem qualidade, repetitivos, apelativos, muitas vezes recebem mais audiência, mesmo com ingressos caros.

Com alternativas sadias, a Cultura e o Esporte conseguem conquistar, principalmente, os jovens. Os menos assistidos, mas talentosos, se tornam visíveis por mérito próprio.

E independentes.

Privilegiar os idosos e os portadores de necessidades especiais é obrigação de qualquer cidade. Observem que, atendê-los, representa um aumento de qualidade. E o atendimento mais rápido, além da Saúde, é através de eventos; atrações turísticas e urbanização adequada.

E o foco permanece na Longevidade, na Educação e na Renda...

Agora, uma abordagem mais delicada: os privilégios das nossas classes políticas. Ou melhor: o excesso de privilégios. Seja qual for o nível do poder: executivo, legislativo ou judiciário, o excesso é evidente e não meritório.

Ressalva importante: acredito na democracia como melhor forma de governo.

Mas, diante dos fatos e após anos de prática corporativista, a classe política se tornou a mais desacreditada. E a tendência não é boa.

Os desmandos, cinismo, escárnio e impunidade aumentam continuamente.

É uma ditadura que, espertamente, tentam legalizar, disfarçar.

Exemplo ilustrativo: câmara de vereadores. Apesar de acontecer o mesmo nas assembléias e congresso, cito os vereadores porque estão mais próximos dos munícipes.

O orçamento destinado ao legislativo é, em várias cidades, superior a soma dos orçamentos da Cultura, Esporte e Turismo.

Qual a justificativa? Quero ser imparcial, mas não encontrei a resposta. Ao contrário, analisando custo e benefício, relação de trabalhos apresentados e número de assessores, não vejo justificativa.

É comum a relação assessor/vereador ser superior a dez por um. Há necessidade disso? Em cidades de países mais adiantados e com IDH maior, esta relação é bem inferior à nossa. Inclusive o ganho do vereador ou seu equivalente, proporcional ao número de habitantes, também é menor.

Tanto assessor para tão pouca produtividade é sinal de incompetência.

O assistencialismo praticado não é função do vereador. Ele tem a obrigação de defender a cidadania como um todo. E somente os que agissem assim deveriam ser reeleitos.

E o foco continua na melhora do IDH.

O tipo de governo mais confiável é aquele cada vez mais dependente da atuação do cidadão, exigindo seus direitos e cumprindo suas responsabilidades.

Privilegiar o ser humano.

Logicamente, muito já está sendo feito. Mas, ainda é insuficiente e reformas estruturais são essenciais. Bem como uma postura mais atuante de cada um de nós.

Roberto Shinyashiki em seu livro “A coragem de confiar”, mostra que a solução está em confiar no tripé Deus, nos outros e em si próprio. Este tripé precisa estar equilibrado e a confiança ser consciente, pois, se for exagerada, teremos, respectivamente, o fanatismo ou a perda da personalidade ou seremos prepotentes, arrogantes.

E Mário Sérgio Cortella: “O poder que se serve em vez de servir, não serve”.

Sensatez, desprendimento e descobrir que lutar pelo bem comum é ótimo para si mesmo. Faz você evoluir.

E o nosso IDH evoluirá também.

Ricardo Gaspar

03/05/2010.

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