quinta-feira, 17 de março de 2011

SOBRE O PLANO DIRETOR DE CARAGUÁ

De: Alexandre Di Giaimo [mailto:alexandre@acdigiaimo.arq.br]


Enviada em: quarta-feira, 16 de março de 2011 20:43

Para: Pedro (pedro@vanguarda.tv)

Assunto: IAB-LN - correto







Boa noite Pedro, desculpe meu texto anterior errado, agora correto.

Catástrofe de concreto armado.

Nossa LEI -200/92 vigente que rege nosso MODELO PREDIAL RESIDENCIAL determina que o gabarito máximo é de 9 pavimentos tipo + térreo sobre pilotis, com recuos mínimos de 5,0 m e não 2 e 3,0m conforme informado, cujos valores referem-se a prédios destinados a Hotéis, Pousadas e Flats, regido por lei especifica de incentivo ao Turismo.

Plano Diretor Proposto.

A proposta está descrita nas manchas coloridas nos mapas sempre como 9P, 12P, 15P, etc, se olharmos no texto veremos que a lei permite mais quatro andares que não foram informados nas manchas o que nos dá números diferentes nas manchas.
São dois sobre solos + térreo + 50% do ultimo andar para a cobertura o que não faz parte da Taxa de Aproveitamento (TA), ou seja, estes três andares (2 sobre solos e térreo não são computados) estão de presente para o empreendedor, todas as manchas deverão ser somadas 4 andares = 12 andares será 12+4=16, 16 andares será 16+4= 20 e assim sucessivamente, foi a forma que encontraram de não mostrarem a verdade a população, pois veem 9 andares e não os 13 andares na verdade.
Quando nos mostram os prédios em uma das pranchas EXISTENTE E PROPOSTA, mostram recuos errados e sobre solos errados, e colocam prédios ao lado de prédios o que também é um equivoco, pois não foi criado áreas estritamente prediais e nem áreas estritamente residenciais, ou seja, teremos prédios espalhados por toda a cidade ao lado das residências o que causará um enorme impacto com a vizinhança, pois os sobre solos estarão encostados nas divisas (sem recuos) formando paredões de 7 metros de altura nas divisas dos terrenos prejudicando assim a saúde dos que já moram e tem seus direitos adquiridos, prejudicando a saúde de nossos filhos e netos, deixando este impacto por cem anos na cidade.
As residências foram prejudicadas com seus recuos aumentados de 1,5 metros para 2,5 metros enquanto os prédios muito mais agressivos, seus recuos são inexistentes nos sobre solos.
A orla não foi preservada em toda sua extensão formará um verdadeiro paredão deixando o restante da cidade às “sombras deste interesse de alguns”, formará ilhas de calor na parte interna da cidade e se deixarem que próximo a serra do mar possa os 29 andares proposto formará também uma barreira quando os ventos mudarem de direção.
Vamos falar um pouco sobre os índices pluviométricos da nossa região; estamos em um dos maiores índices pluviométricos do Brasil, assistimos ao nosso redor as catástrofes ocorrendo, a cidade de Morretes, Rio de Janeiro na serra, Florianópolis, cidades inteiras sendo destruídas pelas chuvas. Este Plano Diretor não prevê um estudo macro da drenagem do município, sem ele será impossível ter ações de prevenção para este futuro próximo, nossa cidade hoje com duas horas de chuvas inunda e todos os rios transbordam as ruas e os terrenos já ocupados não tem taxas de infiltração suficiente e não suportam estas aguas, pois o lençol freático é extremamente alto e solo satura com pouca água de chuva.
Não foi usado nenhum estudo de previsão de crescimento para o Município, simplesmente nos propõe um adensamento populacional 10 vezes o existente, ou seja, hoje temos 100.000 habitantes, estão projetando uma cidade para 1.000.000 de habitantes em função de quais dados? Falam que é em função do Gás da Petrobras, vou informa-los que a base será operada por 250 funcionários nada mais, os operários praticamente acabaram a obra, para falarmos melhor sobre isto, hoje em uma quadra temos oito moradias com seus 16 veículos. Amanhã com o plano teremos, nesta mesma quadra 144 veículo, como ficará o sistema viário que apesar de interessante, para que ele se instale, é necessário “milhões” de desapropriações ao longo das ruas e avenidas existentes, o caos será instalado no Município pois se aprovam o plano o uso do solo será possível de ocupar mas o sistema viário não estará pronto!, fora o saneamento básico, abastecimento de água e energia elétrica, pois serão investimentos do Estado e de empresas privadas ou mista.
Participação popular, este assunto nos deixou perplexos, pois o Estatuto das Cidades é muito claro quando diz que este Planejamento tem que ser participativo e totalmente aberto, ele foi construído pelo poder público que contratou um escritório de São Paulo e por um grupo da associação dos engenheiros, arquitetos e agrônomos de Caraguatatuba, não consultaram os pescadores os caiçaras, os veranistas as associações de bairros as entidades de classes organizadas, nada nem ninguém, não divulgaram as reuniões nem nos jornais locais, rádios ou tvs, fizeram o planejamento de uma cidade como a nossa às portas fechadas e por representações apenas do concreto armado, logico o resultado foi este que esta ai para todos apreciarem, as maiores taxas de ocupação e coeficientes de aproveitamento.
eus caros Cidadãos, se esta proposta for aprovada na forma em que se encontra, será realmente a “nova catástrofe de 1967 com seus ajustes para 2011”.

Saudações,

Instituto de arquitetos do Brasil – IAB LN
Alexandre Di Giaimo - Presidente
Fone: 12 38831007 - Cel. 12 97616976 Vivo
Skype: Vitagua2

Um comentário:

fulvialdo disse...

Estou tentando reeditar os comentários que mandei anteriormente e que não acredito tenham chegado ao destinatário.
Meu nome é Fulvia Di Giaimo Gentile e tenho 73 anos de idade.
Sou brasileira e trabalhei para o governo italiano por 40 anos e tenho que dizer que por todos os países e cidades metropolitanas pelos quais passei durante o meu trabalho NUNCA encontrei uma cidade com um Plano Diretor como o que estão querendo aprovar para a nossa belissima cidade de Caraguatatuba. Espero vivamente que o mesmo não seja aprovado para não ter que ver esta cidade, onde moro e onde passei a minha infancia e juventude destruida pela massa de concreto armado que a circundará. Em Roma, onde vivi grande periodo do meu trabalho, existe um Plano para a belissima cidade de Roma que NÃO permite a construção de prédios com mais de 4andares. Temos que pensar tambem no grande desequilibrio arquitetonico que esse Plano provocará. VAMOS LUTAR PARA QUE TAL COISA TÃO PREJUDICIAL A NÓS NÃO SUCEDA.
Fulvia Di Giaimo