Não o conheço, mas sou seu fã porque o senhor tem a possibilidade de falar o que a gente gostaria de dizer e não tem como. Muita gente vive sufocada com a garganta congestionada e só pode mesmo é se indignar. A gente presta concurso para educar, estuda pra isso, sonha com a carreira de educador, presta juramento no dia da colação de grau e na hora de trabalhar, nos impõem regras absurdas que nem nós, os professores, nem os alunos suportamos.
O conteúdo programático é hermeticamente fechado não permitindo nenhuma possibilidade de adequação aos casos reais. As comunidades pobres e desprovidas de quaisquer confortos e às vezes até famintas, são tratadas do mesmo modo e com a mesma atenção dos burguesinhos bem resolvidos o que faz injusta a ministração do conhecimento. Os professores que de alguma forma desejam adequar o seu trabalho à sua realidade acabam advertidos por conta da brutalidade do sistema.
A sala de aula em algumas escolas, contam com lousa desgastada pelo uso onde o preto não é tão preto e a visibilidade do aluno é prejudicada.
O aluno recebe em casa, informações coloridas o tempo todo através a televisão e na escola continua recebendo informações em preto e branco do mesmo jeito que seus avós.
O professor fez referência às dificuldades que encontra para controlar a disciplina dos alunos mais difíceis que sempre existem, e mesmo que consiga sucesso nessas tarefas, ainda tem que acomodar toda a sala para incluir alguns alunos excepcionais que, segundo ele, nunca deveriam estar nas salas de aula regulares.
Os alunos excepcionais acabam criando para o professor dificuldades extras que desviam o centro das atenções. Não se trata preconceito, disse ele, mas de realidade. Não dá pra manter em sala regular criança com grau acentuado de dificuldade para que o professor resolva o problema social da disciplina dos ditos normais, e ainda tenha que se esforçar para ensinar o mesmo conteúdo aos alunos especiais. Acha ele que o melhor para os excepcionais seria mantê-los em locais adequados como a APAE que está sendo desativada por conta da falsa idéia de que eles possam acompanhar o ensino regular. Falam que os investimentos na APAE foram reduzidos e a ideia do sistema é desmontar instituição tão antiga e sempre considerada eficaz e aumentar a "malfadada" inclusão social que acaba com a APAE e leva o problema para a sala de aula comum como se isso fosse mais humano. Disse que isso é a pura demagogia porque o professor que consegue disciplinar a classe não pode conseguir fazer sozinho o milagre da multiplicação, porque ele é um só.
O sistema de ensino está promovendo o surgimento de uma geração de professores oprimidos, sem criatividade e acima de tudo submetidos a chefias pouco maleáveis e de pouco preparo, dotadas de insensibilidade absoluta. Os debates não são permitidos porque as ordens vêm de cima de maneira obtusa e castradora. O professor passou a se tratado como excepcional, comandado por regras arcaicas e ditatoriais.
Além disso, a orientação é no sentido de que quem aprendeu aprendeu e quem não aprendeu aprendesse porque o professor não pode ultrapassar o tempo planejado para aplicação do conteúdo. Se os alunos tiverem dificuldades em determinado momento e a culpa do aprendizado insuficiente será sempre do professor. O trem tem que andar, e o problema fica sem solução.
A desmotivação acaba resultando em inúmeros professores fora da sala de aula sob alegação de doença, às vezes verdadeiras e noutras vezes apenas psicológicas, outro número significativo de professores em regime de readaptação porque não conseguem permanecer na sala de aula e são mantidos em serviços administrativos. Isso é a realidade do ensino cujo resultado final é um aprendizado absolutamente fraco que não prepara o cidadão para o mundo real. Quem não sabe ler e nem fazer as quatro operações matemáticas sem uso de calculadora, não pode ser considerado alfabetizado. O Brasil está repleto de jovens que não lêem, se lêem não interpretam o texto e a educação ainda caba sendo premiada.
Por aqui, em Caraguatatuba, a única propaganda que fazem da educação é a tal da carne de avestruz na merenda dos alunos. Isso é importante, mas o ensino com eficiência seria o principal objetivo de tantos gastos com um ensino que não ensina.
O fato vai de encontro ao que dita a constituição brasileira que fala que o serviço público deve ser contínuo e de boa qualidade. A ineficiência do sistema de ensino afronta até a constituição.
Enquanto isso os professores que ganham salário insatisfatório, menor que os das outras cidades vizinhas, que trabalham em preto e branco, com lousas desgastadas e garganta cansada, vão levando essa farsa que é o ensino no Estado de São Paulo, o maior da Federação e um dos mais descuidados com o ensino.
Retratamos a fala de um professor que não pode falar se não vai parar no Poço das Antas, lugar gostoso, mas distante demais da civilização urbana.Trabalhar por lá e morar na cidade seria como correr uma OLIMPÌADA por dia de trabalho. Só o grande irmão é que não vê isso.
4 comentários:
É triste ver como uma profissão TÃO importante do ponto de vista social e de construção de cidadania chegou a esse ponto de desvalorização e humilhação. Só não entendi sua colocação: "sob alegação de doença, às vezes verdadeiras e noutras vezes APENAS psicológicas". Esses problemas psicológicos é que são os mais graves em nossa profissão.
Tem razão
Doenças psicológicas também são doenças, mas eu quis diferenciar as dores nos ombros, ou nas cordas vocais, da depressão. Justifico-me.
Doenças psicológicas, depressão, ansiedade são doenças mentais e muito sérias, se não tratadas. Seja qual for a doença, o que "pega' é o nome, doença mental. Logo nos vem a idéia de loucura ou qualquer absurdo do tipo. Pior, é o doente sofrendo com a doença em si, além do preconceito de ser chamado de maluco ou vagabundo.
Um quadro depressivo grave leva a outras doenças, tais como hipertensão, gastrites, comprometimento do sistema imunológico e muitas outras.
Já se tem um estudo que indica que, por volta de 2030, a depressão será a doença que mais afastará as pessoas do trabalho.
Portanto, vamos dar mais atenção a esse problema crescente e tentar de alguma maneira rever nossos conceitos em relação ao mesmo, começando a não ter medo de usar a denominação correta.
Depressão não é tristeza e não passa se te convidarem para sair e tomar "umas". Procure um médico.
Num país onde os políticos tem os salários mais altos se comparado com o resto do mundo, esperar o que da Educação? Eles querem formar "cidadãos" sem opinião, sem capacidade de perceber as mazelas que sustentam esses políticos no poder e o quanto isso é maléfico para nosso País. Pra que informar se podem manipular?
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