sexta-feira, 16 de março de 2012

A SAÚDE EM CARAGUÁ É CRITICADA NO RÁDIO

Hoje, pela manhã, eu ouvi o programa do Forlin, Jornal Regional da Rádio Caraguá FM. O programa levou ao ar, durante 45 minutos, a indignação do radialista com relação ao péssimo atendimento que dedicaram ao seu neto na unidade de saúde recém inaugurada pelo prefeito da cidade, ao lado da delegacia de polícia. Os atendentes do novo prédio são os mesmos do antigo e, claro que a mudança de prédio não iria resolver os velhos problemas daquele velho posto central de tantas reclamações. Os funcionários da recepção disseram que não iam atender o neto do Forlin, porque ele mora no Bairro do Indaiá e Posto de Saúde correto pra ele é o do Tinga e não o do centro da cidade. Forlin soltava fogo pelas ventas ao narrar o fato. Chamava os atendentes de "burros", "incompetentes" e alguns adjetivos mais fortes. A Letie, outra apresentadora do Jornal, foi no embalo acabou também dizendo que quando o Posto de Saúde era na Avenida Anchieta, antes de mudar pro novo local, ela estava com crise de hipertensão, tentou ser atendida no posto e não conseguiu.
O vice-prefeito entrou no ar pelo telefone, mas o Forlin estava tão bravo que nem o deixou  falar. Resultado: não disse nem explicou coisa alguma. O Salim Burhian, atual assessor de comunicações, entrou no ar e também não conseguiu falar porque o Forlin desabafava tempo todo. Do pouco que o Salim conseguiu falar, ficou evidente que desde 1999 quando ao Antônio Carlos era o prefeito até hoje, as pesquisas mostram que o problema da saúde é o pessoal que atende nos balcões e, segundo explicou, isso não mudou em 13 anos. Continuam atendendo mal.
Para todos eles, os radialistas, o vice-prefeito e assessor de comunicação o prefeito não tem culpa e o secretário de saúde também não têm culpa. A culpa é dos funcionários, que são "burros" e "incompetentes", ou estão de má vontade.
Quase uma hora de desabafo porque a vítima era neto do radialista que tem se comportado como parceiro do sistema de governo municipal, dito por ele mesmo no ar "estou sempre ao lado do poder". Imaginem o que diriam as pessoas comuns que não têm microfone à suas disposição e nem são parceiras do poder?
Os "amigos" estão indignados o que dirão os que não são famosos e não têm amigos no poder?
O funcionário da saúde deve ter recebido a ordem para não permitir o atendimento de pessoas de um bairro no posto do outro bairro, mas esqueceram de falar pra ele que quando for parente de gente famosa pode, ou que quando for gente indicada pelo secretário, vereador ou similares, também pode.
Ninguém foi capaz, naquele debate, de ferir o ponto certo da questão; misturaram urgência com emergência e não foi mostrada a dificuldade que têm as pessoas para conseguirem um atendimento médico de urgência. A única porta aberta para urgência é o Pronto Socorro da Santa Casa que vem tendo dificuldades de relacionamento com o atual prefeito e isso é público, porque resultou dentre outros fatos, numa passeata que envolveu até o bispo e toda a comunidade religiosa católica com quase mil pessoas que em gesto simbólico abraçaram o Hospital Stela Maris (Santa Casa). A Letie disse que estava com pressão alta, e precisava de atendimento emergencial, só que os postos de saúde não fazem isso. Só atendem consulta agendada e, por isso, ela não conseguiu atendimento. O Forlin disse que foi a duas clinicas particulares, quando teve o primeiro infarto, não conseguiu atendimento e foi parar no pronto socorro da Santa Casa que lhe salvou a vida. 
A pregação que tem sido feita nos movimentos pela saúde que o Sindicato dos Aposentados e a ONG Olho Vivo vêm fazendo, é exatamente isso; é fazer com que os postos de saúde sejam transformados em pronto atendimento médico. 
Assim, tem que ficar evidente que o sacrifício de dois ou três funcionários seria injusto diante da incompetência da falta de planejamento e da falta de eficiência na estrutura da saúde.
Ficou evidente que o sistema está muito ruim e, no novo prédio, segundo disse bem claro o Forlin, que tem se comportado como parceiro do prefeito, é que construção de prédio novo não é suficiente se não houver sistema de trabalho capaz de aproveitar a capacidade de servidores motivados e bem treinados.
É possível que os funcionários que cumpriram ordem de não atender pessoas de bairros no posto do centro, sejam sacrificados para se dar satisfação aos insatisfeitos.
Cadê a UPA do Porto Novo que o governo federal já autorizou e financiou? Cadê a UPA do Massaguaçu que estamos pedindo há mais de um ano? Cadê os médicos da rede para atenderem em regime de Pronto atendimento? Se for para reclamar, seria bom colocar no ar todas as reclamações do povo e não somente algumas, porque em matéria de serviço público todos são iguais e merecem ser atendidos com eficiência e continuidade.
O Forlin acabou prestando um bom serviço ao povo mostrando que nem o seu neto, o neto de um parceirão do prefeito, que tanto elogia o sistema de governo municipal, consegue ser bem atendido na saúde de Caraguá que é um caos, e já faz tempo que gente daqui está procurando atendimento em outras cidades com medo de passar pelo que passou o radialista.
Tem gente que acha que o Blog fala demais, mas, quem nesta cidade não gostaria de fazer o que fazemos há tempos e o Forlin fez hoje?
Nós pagamos impostos e temos visto que nosso dinheiro de impostos tem ido para as obras de construção e prédios que não funcionam e pavimentação de ruas, em um festival de desumanidade em que as pessoas não merecem contemplação. Aqui não se melhora a saúde, não se melhora a escola pública, não se profissionaliza e nem se geram postos de trabalho. Aqui se constrói muito.
Detalhe: o prefeito falou no rádio que vai tirar o Pronto Socorro da Santa Casa e vai levar para o prédio novo que segundo o Forlin, não funciona.
O prefeito falou em um vídeo que está no Facebook que está investindo centenas de milhões em obras neste governo. Obra, obra, obra e onde ficam as pessoas?
Não é crítica, mas constatação de uma triste realidade a da materialização da gestão pública que só se preocupa com placas de inauguração de prédios. Uma gestão humanizada se baseia nas necessidades do povo para estabelecer as suas diretrizes. O bom gestor público governa antes de tudo, vidas humanas.

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