terça-feira, 24 de julho de 2012

JUÍZES SÃO TAMBÉM CIDADÃOS


A história conta que depois dos governos militares, com o advento da eleição direta, os cidadãos de bem continuaram com medo de se envolverem em atividades políticas. Era o medo da tortura, do banimento do território nacional,  o desconfortável exílio, e até das prisões arbitrárias.  Naquele momento, os destemidos, os curiosos inconsequentes e até alguns bandidos, pularam na frente e ocuparam inúmeros cargos políticos através do voto, um voto de qualidade duvidosa pela falta de prática causada pelo descalabro das eleições indiretas ou nomeações arbitrárias de governantes. O ambiente ficou contaminado pela corrupção que se manifesta das mais variadas formas, incluindo as notas frias, contratos fraudulentos e superfaturados, desvios de recursos que seriam mais bem aplicados na educação que não ensina, ou na saúde que não cura.
O país é um corpo doente, com tumores enormes impossíveis de serem combatidos sem o uso de antibióticos de grande potencial. As pequenas doenças o organismo combate naturalmente como faz com as gripes, mas os tumores como os provocados pela corrupção necessitam de remédios fortes. Para esse corpo chamado Brasil, o médico ideal é o juiz que com a sua caneta sagrada tem o poder de aplicar os antibióticos capazes de impedir a proliferação do mal.


Na justiça criminal, os juízes têm sido eficientes e severos ao condenar alguém que furta uma bicicleta ou até uma barra de chocolate. Porque não usar o mesmo rigor com os políticos que praticaram atos de improbidade no exercício do poder público?


Se estão na cadeia pessoas que praticaram pequenos delitos porque manter na política quem tenha praticado delitos sejam eles de menor ou maior potencial ofensivo?


As regras constitucionais protegem teoricamente o erário e o interesse público exigindo moralidade, legalidade, impessoalidade, e lealdade às instituições, mas a sensação de impunidade tem sido a causa de tantos desmandos.
A lei de ficha limpa é o melhor antibiótico a ser utilizado neste momento da história desse país, sem querer parafrasear, e se o político tem contas rejeitadas ou condenações por colegiado, a justiça, assim como os médicos, pode usar critérios mais severos de aplicação da lei.

Se há antecedentes, não pode haver condescendência,  porque a doença da corrupção está mais abrangente do que o vírus HIV ou da antiga tuberculose.
Seria muito bom que os juízes resolvessem fazer uso do mesmo rigor com que punem os ladrões sem casacas para punir os ladrões de casaca.


O remédio existe, os juízes podem aplicar ou não e a dose fica a critério não do juiz, mas do cidadão que se acha investido da toga.

O fato é que o povo vota errado porque o sistema é torto e não permite até hoje, depois de mais de 20 anos de retorno à democracia que pessoas de boa índole ocupem o poder, ressalvados alguns casos isolados.
Nossos juízes são a nossa maior esperança neste momento da história do Brasil.

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