As cidades praianas, em regra
geral, vivem em função das divisas econômicas trazidas pelos turistas que
ocasionalmente as visitam. É a chamada economia sazonal cujo resultado prático é
incerto e funciona oscilando entre a abundância e a escassez.
A história conta que as pessoas
que vivem nessas regiões são, via de regra, adaptadas a esse processo econômico
e aos desconfortos que ele produz, mas, mantêm, no inverno, a esperança de que
com a chegada do verão tudo se resolverá.
Essa acomodação geral, que
contamina tanto os habitantes como os administradores públicos, acaba sendo negativa no que diz respeito ao
processo de produção de bens e serviços capaz de gerar postos de trabalho e de
distribuição justa de rendas.
Quando o turista chega por aqui,
ele acaba sendo alvo de assédios que às vezes o assustam por conta da má qualidade
dos serviços e da recepção que lhes são oferecidos. Há carência de mão de obra
para serviços elementares como o de garçom, eletricista, pintores, pedreiros, mecânicos,
jardineiro.
A cidade de São Sebastião, sem
qualquer referência de cunho político,
teve uma iniciativa que deveria ser predominante nos sistemas de governos
municipais da região. Lá a Guarda Municipal criou e administra a instituição
denominada de “Guarda Mirim” que funciona na região sul da cidade, em um prédio
antigo de escola desativada.
A primeira turma foi admitida em
julho de 2011 e era composta de 96 jovens adolescentes, sendo grande parte
deles, meninos do chamado grupo de risco social, por virem de famílias desestruturadas,
alguns com histórico de uso de drogas e
vadiagem e outros com dificuldades para frequetarem escolas regulares, por
comportamento inadequado.
Desses 96 meninos de 15 a 17
anos, quarenta desistiram do curso de um ano, por questões das mais variadas
como, por exemplo, não aceitar o corte de cabelos no formato militar, ou por
não gostar da disciplina, ponto forte do ambiente.
Os outros 56 se formaram, alguns
com muita insistência e paciência da parte dos monitores da instituição que
entendem as dificuldades de alguns alunos e fazem todo o esforço possível para
mantê-los no curso.
Os certificados foram entregues
no mês de julho último e todos eles estão no caminho do mundo maravilhoso do
trabalho honesto.
Recebemos a informação extra
oficial de um dos monitores da instituição o Pedro que é servidor do corpo da
guarda municipal de São Sebastião e professor nos cursos da Guarda Mirim, que
mesmo ainda no seu segundo ano de existência já mostra a necessidade de
ampliação e poderá ter que ser transformada em uma fundação, dada a sua
importância social para a cidade que assim vai oferecendo aos jovens a
possibilidade de conhecerem o lado de cá da vida, ou seja o lado do trabalho
honesto.
Neste segundo ano, o processo de
seleção dos alunos foi objeto de aperfeiçoamento, para que a oportunidade seja
dada realmente aos meninos que realmente necessitam e cujas famílias não terão
possibilidades de encaminhá-los de forma eficaz. Houve seleção de cunho socioeconômico
e ao que parece mais justa.
As cidades do litoral precisam
fazer operações dessa espécie, mas em grande escala para que os jovens tenham a
possibilidade de ter contato com o mundo da produção e com a possibilidade de
viverem de um salário digno.
A qualificação dos jovens vai
oferecer ao turista, um atendimento mais satisfatório, já que eles têm aqui as
suas casas e apartamentos, e necessitam de serviços e nem sempre encontram.
O principal índice de
desenvolvimento humano é o que gera profissão e trabalho, ficando claro que o
povo que tem profissão e trabalho terá mais chances de organizarem as suas
famílias e assim produzirem novos cidadãos a cada dia mais adaptados ao senso
coletivo do progresso social.
São Sebastião merece nossas homenagens
no dia de hoje, reservando-nos sempre o direito de criticar negativamente
quando se fizer necessário, porque com esta iniciativa a cidade poderá ter se
livrado de vários problemas que alguns daqueles meninos poderiam causar se não
tivessem conhecido a Guarda Mirim.
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