sexta-feira, 17 de maio de 2013

AS CONTRADIÇÕES DO UNIVERSO DA POLÍTICA

Houve uma época em que o Brasil vivia uma espécie de bigamia política com povo amando o ideal operário de chegar ao poder, mas tinha que continuar casado com o poder institucional do capitalista que negociava financiamentos, segundo eles, para realizar o bem estar da população.  Era como uma pessoa adúltera que dormia com um poder e sonhava com outro.  A dualidade de pensamentos é que alimentava os sonhos. O PT – Partido dos Trabalhadores, surgiu em meio àquela nebulosidade de movimentos de esquerda dos quais se destacavam a Convergência Socialista e o MR8, como siglas mais conhecidas.  Os “militantes” conseguiam ocupar espaços importantes no seio das organizações de trabalhadores e chegaram a dirigir como de fato ainda dirigem os sindicatos mais importantes do país. Lula presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que se transformou numa espécie de trincheira da luta operária, e juntamente com outros dirigentes que se uniram através das centrais sindicais das quais se podem destacar a CUT- Central Única dos Trabalhadores e CGT- Central Geral dos Trabalhadores, que deram origem a novas siglas como a Força Sindical e outras. Os militantes desses movimentos defendiam a ampliação dos direitos dos trabalhadores, promoviam movimentos grevistas e assim arregimentavam novos participantes o que fazia crescer o movimento.
Um dos movimentos mais fortemente organizados  sempre foi o dos portuários que conseguiu, inclusive, que os trabalhadores avulsos das operações de carga e descarga de navios fossem contratados através dos Sindicatos estabelecendo uma fortaleza que tinha o poder de empregar e desempregar pessoas. Quando a “direita” governava a esquerda se agitava e pregava a manutenção da situação dos portos que chamavam de “conquista dos trabalhadores”.
O trabalhador chegou ao poder, o Lula foi verdadeiramente um bom presidente por ter libertado o Brasil dos domínios do FMI, por ter reduzido a força dos esfomeados  mandatários de direita que sempre enriqueceram ainda mais por conta do poder. A Dilma tem sido boa presidente da república e poderá ser reeleita que será bom para a nação brasileira. Não é disso que eu quero falar. O destaque fica por conta das contradições que o poder consegue estabelecer. Quando o PT era de esquerda, ou oposição ao governo que ele chamava de direita, defendia os portuários e excomungava a ideia de privatização.  Agora, quem faz esse papel de defensor dos trabalhadores portuários é o PSDB, antiga direita neo-liberal, que não concorda com a abertura dos portos e nem com a privatização que o PT quer realizar. Papéis invertidos.
É possível concluir que o antigo ditado popular estava certo: “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Ou uma frase de autor desconhecido que diz: “ditadura é você mandar em mim e democracia é eu mandar em você”.
A emenda constitucional de reforma dos portos é uma versão petista da privatização peessedebista de outras épocas e cada um fará dessa mesma situação a leitura que melhor lhe convier.
A melhor lição que se pode extrair desse exercício de imaginação é que nenhum partido irá descobrir um novo Brasil, e aquele que chegar ao poder terá que governar o país que já existe, com seus inúmeros defeitos e as suas poucas virtudes. Ao povo só resta prosseguir tentando encontrar  governos que tenham como orientação de gestão a simples realização do bem estar geral, sem preocupações com as cores das bandeiras partidárias ou crenças religiosas. O embate partidário pode criar factoides se a preocupação de quem exerce mandatos políticos se direcionar somente aos partidos e não exclusivamente ao povo como um todo.  Afinal, não haverá país sem povo para ocupar o seu território e defender a sua independência. 
Li no livro "O Contrato Social" que a unanimidade seria o ideal de governo em que o povo todo estivesse feliz com o governo que escolhera. Segundo ele, seria a sublimação do ideal democrático. Brigas interessam a quem?
João Lúcio Teixeira- drjoaolucio@bol.com.br

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