Houve uma época em que o Brasil
vivia uma espécie de bigamia política com povo amando o ideal operário de
chegar ao poder, mas tinha que continuar casado com o poder institucional do
capitalista que negociava financiamentos, segundo eles, para realizar o bem
estar da população. Era como uma pessoa
adúltera que dormia com um poder e sonhava com outro. A dualidade de pensamentos é que alimentava os
sonhos. O PT – Partido dos Trabalhadores, surgiu em meio àquela nebulosidade de
movimentos de esquerda dos quais se destacavam a Convergência Socialista e o
MR8, como siglas mais conhecidas. Os “militantes”
conseguiam ocupar espaços importantes no seio das organizações de trabalhadores
e chegaram a dirigir como de fato ainda dirigem os sindicatos mais importantes
do país. Lula presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que se transformou
numa espécie de trincheira da luta operária, e juntamente com outros dirigentes
que se uniram através das centrais sindicais das quais se podem destacar a CUT-
Central Única dos Trabalhadores e CGT- Central Geral dos Trabalhadores, que
deram origem a novas siglas como a Força Sindical e outras. Os militantes desses
movimentos defendiam a ampliação dos direitos dos trabalhadores, promoviam
movimentos grevistas e assim arregimentavam novos participantes o que fazia
crescer o movimento.
Um dos movimentos mais fortemente
organizados sempre foi o dos portuários
que conseguiu, inclusive, que os trabalhadores avulsos das operações de carga e
descarga de navios fossem contratados através dos Sindicatos estabelecendo uma
fortaleza que tinha o poder de empregar e desempregar pessoas. Quando a “direita”
governava a esquerda se agitava e pregava a manutenção da situação dos portos
que chamavam de “conquista dos trabalhadores”.

O trabalhador chegou ao poder, o
Lula foi verdadeiramente um bom presidente por ter libertado o Brasil dos
domínios do FMI, por ter reduzido a força dos esfomeados mandatários de direita que sempre
enriqueceram ainda mais por conta do poder. A Dilma tem sido boa presidente da
república e poderá ser reeleita que será bom para a nação brasileira. Não é
disso que eu quero falar. O destaque fica por conta das contradições que o
poder consegue estabelecer. Quando o PT era de esquerda, ou oposição ao governo
que ele chamava de direita, defendia os portuários e excomungava a ideia de
privatização. Agora, quem faz esse papel
de defensor dos trabalhadores portuários é o PSDB, antiga direita neo-liberal, que não concorda com a
abertura dos portos e nem com a privatização que o PT quer realizar. Papéis invertidos.
É possível concluir que o antigo
ditado popular estava certo: “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Ou uma
frase de autor desconhecido que diz: “ditadura é você mandar em mim e
democracia é eu mandar em você”.
A emenda constitucional de
reforma dos portos é uma versão petista da privatização peessedebista de outras
épocas e cada um fará dessa mesma situação a leitura que melhor lhe convier.
A melhor lição que se pode
extrair desse exercício de imaginação é que nenhum partido irá descobrir um
novo Brasil, e aquele que chegar ao poder terá que governar o país que já
existe, com seus inúmeros defeitos e as suas poucas virtudes. Ao povo só resta prosseguir
tentando encontrar governos que tenham
como orientação de gestão a simples realização do bem estar geral, sem
preocupações com as cores das bandeiras partidárias ou crenças religiosas. O embate partidário pode criar factoides
se a preocupação de quem exerce mandatos políticos se direcionar somente aos
partidos e não exclusivamente ao povo como um todo. Afinal, não haverá país sem povo para ocupar o
seu território e defender a sua independência.
Li no livro "O Contrato Social" que a unanimidade seria o ideal de governo em que o povo todo estivesse feliz com o governo que escolhera. Segundo ele, seria a sublimação do ideal democrático. Brigas interessam a quem?
João Lúcio Teixeira- drjoaolucio@bol.com.br
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