A Comissão da Verdade criada pelo
governo federal brasileiro para apurar os fatos ocorridos durante a ditadura
militar dos anos de chumbo teve ontem uma audiência da maior importância quando
um dos torturadores militares o coronel da reserva, de nome Carlos Alberto Brilhante
Ustra, foi ouvido para explicar-se sobre a época (1970-1974) em que comandou o
DOI/COD em São Paulo (ONDE ASSASSINARAM O HERZOG), órgão responsável por prisões ilegais, torturas e mortes
de inúmeros cidadãos brasileiros que “pensavam diferente” e que por isso eram
chamados de “terroristas”. É sabido que durante a “guerra fria” entre o Império
Russo e o Império Norteamericano, época em que um tinha medo da evolução do outro
sistema político. Essas nações
financiavam movimentos políticos em outros países, com a intenção de evitar que
o adversário crescesse. A Rússia financiava Cuba e os Americanos financiavam o
Brasil e outros países da região, para impedir que o pensamento político
chamado de comunista, se instalasse por aqui.
Os militares são pagos com
dinheiro do povo para garantir a ordem pública e o bom funcionamento das
instituições de governo. Para isso, eles
recebem armamentos e treinamentos, que deveriam ser utilizados na defesa física
de seu povo, mas nunca a serviço do imperialismo estrangeiro. No Brasil, Chile,
Argentina, Uruguai, Paraguai e em outros estados da América do Sul, os
Americanos financiaram com seus dólares, a nossa desgraça politico-social
quando bancaram o patrulhamento ideológico do nosso povo que tinha e tem o direito
de escolher o regime político que deseja implantar. Os militares resolveram
impedir o povo desses estados de pensarem livremente no que lhes pudesse ser
mais adequado. Se o povo de determinado estado resolve na sua maioria e através
do voto ou do plebiscito, ou do referendo que são ferramentas postas à
disposição do povo para as grandes decisões sobre o seu destino, os militares
terão que cumprir as determinações democráticas do povo e nunca enfrentar o povo usando as armas do
próprio povo contra ele, e achar que devem determinar o regime de governo que
eles, os militares acharem mais conveniente. Essa não é a função dos militares.
Ontem o tal do Torturador
Brilhante, que à época vestia farda de coronel brasileiro, mas a serviço do
interesse americano, foi claro ao dizer que agiu para proteger o Brasil do
perigo do comunismo. É como se a
empregada doméstica resolvesse decidir o que a família vai comprar para comer.
É como se a raposa resolvesse cuidar do galinheiro. Ele o torturador brilhante
disse que não torturou ninguém, mas ficou irritado quando mostraram documentos dando
conta de mais de 20 mortes de presos políticos no DOI/COD sob a sua
responsabilidade. Disse que eles morreram em combate. Que combate é esse em que
um prende o outro, desarma e tortura até a morte?
Deixando de lado a ideia de
vingança, mas os outros países da América do Sul colocaram esses monstros na
cadeia. Um bom lugar pra esse povo seria o presídio de segurança máxima nas
mesmas condições dos criminosos hediondos. Não se pode aceitar violência de
nenhum dos dois lados, nem dos ativistas políticos e nem das autoridades. As
prisões, se houver, terão que ser realizadas de acordo com a Constituição, sem
nenhuma forma de violência.
Isso vale pra hoje. Polícia e
força militar não são pagos para bater ou torturar as pessoas. Quem estiver
errado deve ser preso respeitosamente e conduzido intacto à autoridade
adequada. Levar pessoas para lugares escondidos para arrancar confissões com
uso de violência é crime de tortura hoje previsto na legislação brasileira. A
ninguém é dado o direito de bater ou praticar violência nem física nem
psicológica.
A Comissão da Verdade não vai
mandar os terroristas de direita, torturadores, para a cadeia, mas pode
causar-lhes o desconforto de terem de se explicar publicamente sobre a maldade
que fizeram contra o povo que esperava deles a proteção. Fizeram como o pai que
ao invés de proteger os filhos, os submetem a situações de sofrimento.
O tal torturador Brilhante,
mostrou a face arrogante dos militares que achavam que tinham o direito de se atribuírem
superioridade a qualquer custo. Deu vontade de cuspir ao assistir a entrevista
na televisão. Quem viveu aquela época e não estava ao lado deles deve ter
sentido nojo.
Ele encerrou a sua fala
classificando a Dilma de Terrorista, justo ele, o Torturador de brasileiros.
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