domingo, 11 de agosto de 2013

DIFÍCIL É TRABALHAR EM GRUPO

Um belo dia em que amigos de diversas origens discutiam política no plano do idealismo, notava-se a presença de pedreiro, operário da indústria, professor universitário (o falecido Hélio Augusto de Souza) sociólogo respeitado, funcionários do INPE, advogados e médicos, alguém falou de uma frase que ainda fica na minha memória.  Ele disse: "Quer acabar com a carreira de um comunista, dê a ele um bom salário". Comunista aqui é só uma expressão que pode significar também idealista.
Isso calou no meu sentimento de idealista,  que como os demais, sonhava em ver um Brasil coletivamente melhor. Um país onde as pessoas sofressem menos, fossem mais bem educadas, conseguissem chegar rapidamente a um médico ou hospital, tivessem um transporte coletivo utilizado por todos, inclusive pelos ricos, e sentissem prazer em viver coletivamente.
Agora depois de muitos anos, eu pude entender o que significava aquela frase. Pude ver que as pessoas ainda continuam com enormes dificuldades de trabalhar em grupo. Cada um quer ser a estrela, cada um deseja fazer sucesso. Os grupos nem chegam a nascer e já morrem sufocados pelos próprios membros que, ao invés de juntarem as forças para construir um futuro melhor, acabam dilacerando a unidade grupal que, enfraquecida, caminha rumo a decomposição. 
Por mais que se tentem formar grupos as individualidades ou o despreparo acabam por destruir a ideia de conjunto. 
As pessoas, de modo geral, frequentam as organizações quase sempre com a intenção de obter alguma vantagem pessoal, que pode ser um emprego, um contrato financeiro, um cargo de confiança, ou até propinas em troca de prejudicar o conjunto de que faz parte. Há os que entram apenas para conseguir informações e fornecê-las aos adversários.
Do outro lado, as organizações corruptas são muito mais eficientes e mostram o quanto conseguem desviar dinheiro em grandes volumes, e com o resultado dos atos nefastos conseguem financiar futuras eleições e assim fazem da política um meio de vida farto e muito bem organizado.
As associações com finalidade de combater a corrupção têm muito mais prerrogativas do que se pode imaginar, podendo, inclusive, substituir o ministério público nas proposituras de "ação civil pública" que pode requerer perda de mandato, suspensão de direitos políticos, perda de cargo público, e ressarcimento dos prejuízos causados ao erário público.
As pessoas não sabem disso, e acabam usando a imprensa como órgão fiscalizador, como se isso pudesse dar resultado na imprensa das cidades do interior em que os órgãos de imprensa vivem das verbas públicas e de favores dos políticos.
Os grupos que conseguirem se organizar ainda que em número pouco expressivo, mas com propósito de observar atos públicos e acionar na justiça os autores de danos ao interesse público, podem significar muito na marcha contra a corrupção.
O caminho é muito simples, bastando que seja registrada uma associação cujo custo do registro não chega a duzentos reais e a partir daí dar início a um trabalho sério que poderá substituir ou complementar a difícil tarefa dos Promotores Públicos. 
Para que isso seja possível, o mais importante é que cada membro do grupo tenha noção do compromisso de defender a unidade, respeitar os demais membros e se comportar como instrumento da união indestrutível do conjunto. O importante, não é o papel que cada um possa realizar, mas o que o conjunto por inteiro irá conseguir independentemente de quem seja o herói.
Duro para o idealista é saber que algum "comunista" poderá estar no grupo com intenções que não sejam em favor da coletividade, ou à busca de algum "dinheiro".

                            João Lúcio Teixeira

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