segunda-feira, 7 de outubro de 2013

FAMÍLIA É BOM, SE FOR CARETA

Um pai, encontrado casualmente abraçou-me fortemente e ao receber meus sentimentos desabafou, com lágrimas nos olhos, sobre a morte seu filho vitima de vários disparos de arma de fogo, em situação  que chama a atenção das autoridades.
Para o pai, o filho nunca morre primeiro, porque a lógica diz que os velhos vão na frente.  Às vezes, a lógica se confunde e prega algumas peças como essa, o que leva os pais a lamentarem a dor da perda como se a perda fosse injusta.
Surgem as indagações: "Onde foi que eu errei ?"; Onde foi que eu perdi o controle?", e outras perguntas cujas respostas nunca são encontradas.
Os pais de filhos adultos jovens, vivem, na atual etapa da história do Brasil a grande incerteza sobre como se "livrar" (no bom sentido, claro) dos filhos que nunca crescem o suficiente para assumirem o leme de suas próprias vidas, do forma segura e tranquila.
Os jovens parecem necessitar de muito mais do que o necessário para viverem a vida que seria simples se não fossem os complicadores, sociais, tecnológicos e psicológicos que surgem a todo instante.
É o novo celular mais avançado, o novo computador com mais potência, o carro de tecnologia importada, a televisão que comprada no ano passado já está obsoleta.
O pai não consegue fazer mais do que pagar a faculdade, ajudar na obtenção de um trabalho que nem sempre é suficiente para satisfazer a tantos projetos e conquistas, muitas vezes desnecessários.
O mundo se banalizou e a vida humana perdeu o sentido, nesse universo das disputas por nada, ou na corrida para se chegar  a lugar nenhum.
O pior na relação pais e filhos, é que o Renato Russo tinha razão quando escreveu a canção "pais e filhos", é que os pais são sempre caretas na hora de orientar os filhos, mas estão sempre na moda na hora de bancar a conta da banalidade.
Aquele pai decepcionado, não é nada mais do que um pai dos anos 2000 que não serve para indicar os caminhos, mas serve para bancar pagar a conta e sofrer os efeitos dos maus resultados e da decepção.
Geralmente os filhos morrem e deixam como herança a dor e os netos que os avós irão criar e lá na frente, quem sabe, sentirem-se novamente ultrapassados e sem forças para conduzi-los a um destino digno. Ainda bem que em tudo isso há exceções. Que Deus nos proteja e nos ensine como construir um futuro melhor para os nossos sucessores e de como livrá-los do mal, amém.
Eu vi o sofrimento e resolvi registrar no Blog como contribuição ao futuro.
Família é bom, mas tem que ser família "careta".
drjoãolucio@bol.com.br

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